Luanda - Face à onda de especulações veiculadas por alguns órgãos de comunicação social sobre a minha desvinculação do Partido UNITA, eu, João Baptista Tchindandi, também conhecido por “Black Power”, tenente-general reformado, ex-governador da província do Kuando Kubango, no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), e ex-membro do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, venho através deste acto, que considero de grande importância, informar e partilhar com o povo angolano em geral, familiares e amigos, tanto no interior do país como na diáspora, três pontos fundamentais que se seguem:

Fonte: Club-k.net

1- PAUSA NO TEMPO, REFLEXÃO E TOMADA DE DECISÃO

Depois de 38 anos de militância na UNITA onde ingressei em 1974, tendo desempenhando funções político/militares de destaque que são do conhecimento geral, achei por bem fazer uma pausa no tempo para uma reflexão profunda sobre a situação interna do Partido acima referido, cuja desintegração está a vista de todos os cidadãos honestos e esclarecidos. Assim aos 13 de Maio do ano em curso, dirigi uma carta ao Presidente do Partido senhor Isaías Ngola Samakuva na qual expressei determinantemente a cessação da minha militância no partido, porque não me revejo na forma como este está sendo conduzido e mais do que isso, pelos maus tratos de que os quadros são alvos sobretudo quando ganham protagonismo na sociedade pelo seu próprio mérito. Cheguei a conclusão que o pior inimigo da UNITA é a própria UNITA. Explico-me:

a) Na preparação das primeira eleições em Angola (1992) o figurino ou projecto da constituição do Governo da UNITA e as constantes intrigas intestinais motivaram a saída de quadros históricos deste Partido cuja repercussão fez-se sentir no pleito eleitoral.

b) Nas eleições de (2008) repetiu-se o mesmo cenário com os alegados 16 deputados malditos.

c) A UNITA tornou-se numa sigla em volta da qual um grupo de oportunistas não aceita o diálogo, viola o principio de alternância de Presidência, não faz prestação de contas sobre as quotas dos militantes enfim não tem noção de governação.

e) Usando da humildade e frontalidade que me caracterizam afirmo, sem receio de errar, que a minha saída da UNITA será minimizada por aqueles que pensam que a UNITA pode continuar com a sua marcha turbulenta e quem quiser sair que saia. Exorto que a minha saída da UNITA seja pacífica, pois sei que não sou indispensável, mas também não sou tão insignificante como alguns gostariam que fosse.

Menongue que alegadamente foi ponto de partida para Luanda pode transformar-se em ponto de viragem, pois não se pode permitir a exploração da ignorância humana alimentando esperanças vãs no seio da população de que o Dr. Savimbi está vivo e que os subsídios que os desmobilizados recebem vêem dos Estados Unidos de América para apoio aos militantes da UNITA. Os mutilados de guerra, as viúvas, os órfãos e populações arrastadas para Kuando Kubango, no êxodo de 1976, são assistidos pelo governo através do programa de reassentamento populacional em curso e sem descriminação partidária.

 

2-O MAIS IMPORTANTE É RESOLVER OS PROBLEMAS DO POVO (disse o primeiro Presidente de Angola independente, Dr. António Agostinho Neto).

Entendi em 2003, e mantenho esta convicção, que a constituição do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) foi feita na hora certa para os angolanos e teve um impacto positivo na melhoria das condições de vida das populações, na consolidação de paz, no relançamento da reconstrução nacional rumo ao crescimento e desenvolvimento do país de que os angolanos honestos se orgulham, sem descriminação Partidária.

Na qualidade de governador provincial participei activamente na execução do Programa de Melhoria e Aumento da Oferta dos Serviços Sociais Básicos às Populações, dimanado do programa do partido no poder, MPLA. Está em curso o programa do combate à  fome e à pobreza, cujos resultados estão se reflectindo-se positiva e paulatinamente no seio das populações citadinas e rurais. Este programa e outros, também são de inspiração do partido no poder. Quero com isso dizer que revejo-me no projecto de sociedade do MPLA, porque apesar do muito que ainda há por se fazer para dificuldades que a população angolana enfrenta no seu dia a dia, o MPLA não se desviou do principio de que (o mais importante é resolver os problemas do povo). Na UNITA de hoje o projecto de Muangai não passa de uma miragem ou seja um preceito demagógico.

 

3- MEU CONTRIBUTO NA CONSOLIDAÇÃO DA PAZ E DEMOCRACIA EM ANGOLA

Mantenho a firme convicção de que os partidos políticos são instrumentos através dos quais os quadros, as elites das comunidades, os cidadãos mais lúcidos, devem servir a camada mais desfavorecida da sociedade. Assim o Tchindandi aproveita esta oportunidade para declarar solenemente que esteja onde estiver, faça o que fizer, estará sempre disponível para servir o povo angolano. Em democracia o cidadão é livre de mudar de partido em busca de oportunidades de ser últil à sociedade e ser valorizado para melhor servir o seu povo. Dizia um sábio (QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR,  NÃO SERVE PARA VIVER).

Tenho dito e muito obrigado

Luanda, aos 25 de Julho de 2012

João Baptista Tchindandi