Lubango - Uma manifestação de ex-militares angolanos no Lubango, centro sul de Angola, foi dispersada à bastonada esta sexta-feira, 03, de manhã, pela Polícia de Intervenção Rápida (PIR), que efetuou 15 detenções. A iniciativa da manifestação partiu do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra de Angla (FIDEGA), presidido pelo coronel na reforma Nunes Manuel.

Fonte: Lusa

Todos os detidos já foram libertados

Contactado telefonicamente a partir de Luanda, Nunes Manuel disse que a manifestação visava protestar contra o "incumprimento por parte do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) do envio de uma comissão em Julho para avaliar a situação dos 16 mil desmobilizados que  continuam por receber os seus subsídios desde 1992, há mais de 20 anos".

A manifestação chegou a estar marcada para 28 de Junho, mas foi adiada, face às garantias recebidas pela FIDEGA da parte da hierarquia militar sobre  o envio de uma comissão para analisar as reivindicações dos ex-militares.

Na ocasião, a FIDEGA concordou em suspender a manifestação, sobre a qual deu informação prévia ao Governo Provincial da Huila (GPH) e Comando Provincial  da Polícia Nacional, e como não recebeu qualquer indicação em contrário, à face da lei angolana, o evento estava automaticamente autorizado.

"Hoje de manhã, quando nos começámos a concentrar no Largo João de Almeida, encontrámos muita polícia e à medida que os ex-militares iam chegando, elementos vestidos à civil agarravam nos que se pretendiam manifestar e obrigavam-nos a entrar nos carros da polícia", disse Nunes Manuel. Entre os detidos encontra-se o jornalista Sebastião da Silva, da Rádio  Despertar. O presidente da FIDEGA disse ainda que os detidos deverão ser  libertados nas próximas horas.

Os acontecimentos no Lubango ocorrem 24 horas depois do coordenador da Comissão de Ex-Militares Angolanos (COEMA) ter dado um prazo até 15 de Agosto para o Presidente José Eduardo dos Santos dar um sinal de acolhimento da proposta da COEMA de constituição de uma comissão conjunta bilateral  para debater a questão dos pagamentos em falta aos ex-combatentes. Se José Eduardo dos Santos não responder, a COEMA garantiu que a partir  de 15 de Agosto sairá para a rua em manifestações de protesto.


Porta-voz da polícia nega  detenções

O porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla, superintendente-chefe Paiva Tomás, desmentiu que tenham sido feitas detenções na manifestação de manhã  no Lubango. "Até à hora a que saí do Comando, pelas 9:30, não foi feita nenhuma detenção e nem se pode falar numa manifestação", disse aquele oficial da polícia. O superintendente-chefe Tomás Paiva acrescentou que a manifestação "não  estava autorizada" e que eram as únicas informações que tinha disponíveis.

Segundo o presidente do FIDEGA, a intenção de realizar a manifestação foi feita em tempo útil para o Comando Provincial da Polícia e GPH, não tendo sido recebida nenhuma indicação de não autorização do protesto. Ainda segundo Nunes Manuel, pelo menos nove pessoas foram detidas logo  no início da concentração, no Largo João de Almeida, e os restantes manifestantes foram dispersados por efetivos da Polícia de Intervenção Rápida, que contaram  com o apoio de elementos trajando à civil, que o presidente da FIDEGA presume pertencerem à corporação

TODOS OS DETIDOS FORAM LIBERTADOS

Pelo menos todos os detidos na manifestação já foram libertados, disse Nunes Manuel. "As 15 pessoas que foram detidas durante a manhã foram soltas cerca das 17:30 e recebemos a informação de que a Comissão do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (EMGFAA) já chegou ao Lubango", disse o coronel na reforma.

A chegada da comissão era a principal exigência do FIDEGA, que pretende ver reconhecidos os atrasos no pagamento de subsídios, na maior parte dos casos em falta desde 1992.