Luanda – O discurso com que se apresenta ao público fazendo defesa de “ilegalidades” como o “caso Suzana Inglês” e outras irregularidades do regime faz com que o vejam como o presidente de uma coligação da oposição “simpatizante” do MPLA.
Fonte: Club-k.net
O opositor que mais é recebido na sede do MPLA
No período das primeiras eleições de 1992, em Angola, Anastácio Finda fazia parte de uma coligação CUFA – Coligação Unida para Frente de Angola. O CUFA era uma força política, que por não reunir as assinaturas necessárias, para participar nas primeiras eleições, converteu-se em iniciativa pro- presidencial de apoio a candidatura de José Eduardo dos Santos.
Em 1994, o CUFA, foi transformado em Conselho Político da Oposição (CPO). A sua liderança seria assumida por Anastácio Finda. Na altura vivia-se um momento conturbado em que ainda existia uma rebelião armada que fazia oposição ao regime de Eduardo dos Santos. Ao mesmo tempo sectores da segurança de Estado ajudaram a fundar ou refazer pequenos partidos políticos e coligações para mostrar ao mundo que o regime respeitava a democracia e que como prova as pessoas eram livres de formar partidos políticos no país.
Não obstante ter estado na política, Anastácio Finda era um quadro oriundo do aparelho da segurança de Estado que se destacava no sector da educação do município do Rangel. Dava aulas nas escolas Imperial Santana e Ngola Mbandi no mesmo bairro. Ocupou cargos de direção (director), que eram reservados para figuras da alta confiança do regime.
A época, já era um técnico superior que detinha uma licenciatura de Lingüística na Vertente da Educação pela Universidade Agostinho Neto. A poucos anos atrás entendeu que deveria fazer “algo mais” e se matriculou no curso de direito da mesma Universidade estando agora a freqüentar o quarto ano.
A docência cuja vocação tem continua a ser a profissão que mais dá-lhe gosto. Faz tempo que deixou o ensino primário para estar agora nas vestes de professor de língua portuguesa no Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL). Leciona turmas do curso de comunicação Social, Contabilidade, Gestão Empresarial. É descrito como “um bom professor” e de “trato fácil”, porém, os alunos reconhecem que tem uma vocação desencontrada para a política.
Antes de iniciar a campanha eleitoral apareceu na sala de aulas e aproveitou o momento para apelar a sua simpatia dos alunos. Ficou embaraçado quando um dos estudantes questionou-lhe as razões que levavam-lhe adoptar, um discurso que punha em causa a crença no seu partido e na sua própria pessoa. Os seus alunos, sugeriram -lhe que deveria ter uma postura “firme” semelhante a de outros candidatos como Isaías Samakuva da UNITA e Abel Chivukuvku da CASA-CE ou até mesmo do actual presidente Eduardo dos Santos. Respondeu que ainda estava longe de destas duas prestigiadas personalidades.
Diz publicamente que não esta interessado na Presidência da República e que o seu objectivo é entrar para o parlamento. A segurança que faz passar de que tem lugar garantido na Assembléia Nacional levam-no a suspeitar de que terá feito pacto com o regime razão pela qual fez uma recente conferencia a dizer que confiava na CNE e que não iria por fiscais nas Assembléia de voto para fiscalizar o acto de votação.
Vai partir para o pleito de 31 de Agosto como o candidato mais próximo ao regime. Tal reparo não é alheio ao facto de hoje ser o líder de partido da oposição “do regime” que é mais recebido na sede central do MPLA, no largo Antonio Jacinto.