Espanha – Muito antes, eu vinha acompanhando a reivindicação do Movimento de Lundas, que defendem uma parte do Império Lunda constituído em Protectorado Português que na África foram raras as exceções em que a diplomacia prevaleceu, a exemplo do que ocorreu com o Militar e pesquisador Português Henrique Augusto Dias de Carvalho, que durante o período de 1884 a 1888 celebrou acordos com o Muatiânvua Xá Madiamba e demais chefes para que aceitassem a soberania de Portugal sobre seus respectivos territórios.

Fonte: Club-k.net

Henrique Augusto Dias Carvalho, em 1891, participou da Conferência de Demarcação de Fronteiras de Lunda, entre Portugal e o Estado Independente do Congo. Em 1895, ao ser criado o Distrito de Lunda, Dias foi nomeado seu Primeiro Governador. É este território que o movimento do protectorado defende para a instauração de Autonomia Administrativa, económica e jurídica dentro de um debate negocial que ainda não aconteceu porque o regime é que não deve ter solução a vista.

Esta capacidade do século passado e recente, o regime de Luanda que a poucas horas vai tomar posse como resultado das eleições de 31 de Agosto de 2012 e no poder desde de 1975, parece estar a leste dos acontecimentos. Na minha opinião, esta deverá ser uma ocasião de o Presidente José Eduardo dos Santos tentar consolidar a sua hegemonia sobre o povo Lunda Tchokwe se souber negociar e mostrar que ele é clarividente, conforme disse a sua filha Isabel dos Santos há dias.

Os ventos actuais estão a mostrar que o mundo esta a mudar todos os dias, aqui mesmo na Espanha, as coisas não estão lá muito bem, veja o caso da CATALUNHIA e de BILBAO, a questão do KOSOVO, do SUDÃO SUL e ainda o referendo que vai acontecer no REINO UNIDO com a Escócia em 2014, são exemplo de que pedra não estará sobre pedra.

A não-violência do Movimento de Lundas é mais forte que já conheci, eles tem 4.ª Floresta mais densa do Mundo e uma fronteira aberta com a Zâmbia e a RDC,onde poderiam fazer uma guerrilha armada contra o regime, mas escolheram convivência junto dos Angolanos, que eles próprios dizem ser seus sobrinhos, para além de um punhado de ACTIVISTASPOLITICOSseus ilegalmente presos acusados de crimes contra a segurança do Estado.

É notável que os “TURCOS” deste Movimento reivindicativo são todos jovens entre os 35 á 46 anos de idade, quer dizer, que não são aventureiros, são homens e mulheres académicos de Lundas que sabem o que estão a fazer,  sobre os quais se pode contar, homens e mulheres que encarnam e resistem perante todos os obstáculos e dificuldades, deve ser um orgulho de Lundas, sem esquecermos que a Revolução Angola forá feita pela Juventude também.

Isto comprova o envolvimento que eles estão a imprimir nesse movimento, aqui na Espanha por exemplo, os nossos amigos Arabés questiona-nos acerca do Questão Lunda Tchokwe e ficamos sem saber dar uma resposta. Parece que o assunto pouco a pouco esta a tomar forma e sentido próprio para aquilo que o Governo de Luanda considera mero grupinho, ela já passou as nossas fronteiras.

Outra prova rejuvenescente é a entrada em cena de personalidades conhecidas da Sociedade Angolana e do Mundo inteiro neste processo, casos dos prestigiados Advogados  Drº David Mendes e do Drº Marcolino Moco, ex-primeiro ministro, SG do MPLA e SG da 1.ª categória da fundação da CPLP e os Advogados da ITN Solicitors do Reino Unido.

Nenhum outro movimento reivindicativo que conheço em pleno exercício, mostrou este lado clarividente, e, é sinal de que, se por aqui as coisas não andarem, eles podem subir outros degraus com muita razão. Já partiram com um dossier de documentos comprovativos dos anos 1885 – 1894, que Portugal, Bélgica, Alemanha, Reino Unido, França e o Vaticano não podem desmentir.

Em busca da razão eles produzem semanalmente informações que são produzidos em 5 sites seus, em Português e Inglês, interagem nas redes sociais, como faceboock, twitter e outras. Mais que a defesa do direito legitimo, estão os direitos humanos no dia a dia das suas acções reivindicativa, dai terem envolvido organizações internacionais como Amnistia Internacional, HRW, a Internacional Transparecy, o Alto Comissariado da ONU para os direitos Humanos e outras Nacionais.

Estive a pouco em Lisboa, dirigentes de partidos politicos portugueses, deputados e politicos dos anos 60 e 70, reconhece que a reivindicação de Lundas deveria ser escutada e negociada, antes que seja tarde. Estive numa fundação de uma personalidade Portuguesa, actualmente considerada o paí dos lusos, esta conversa era o prato do dia, eu próprio fiquei estupefacto pela abertura com que eles falavam o assunto de Lundas.

Os processos desta natureza levam tempo que for necessário, mas acabam sempre vencendo, Nelson Mandela 27 anos de prisão, venceu, Cuba 150 anos de ditaduras sucessivas, mas venceu, Angola mais de 500 anos de colonização, mas venceu, Sudão Sul 20 anos de guerra e 2.000.000 de mortos, mas venceu, são tantos exemplos que nos serve para reflectir aquilo que acontece ao redor do mundo que depois acaba chegando em nossa casa.

O SILÊNCIO DA IMPRENSA ESCRITA E SITES ANGOLANAS

Entre Janeiro ou Fevereiro de 2012, o blog do Movimento do Protectorado Reivindicativo de Lundas, publicou uma matéria que dizia que o regime angolano havia gizado um plano a todos os níveis; “Que havia pago jornalistas, rádios, sites, igrejas, autoridades tradicionais e que também a diplomacia havia sido mexida para não dar lugar a notícias deste movimento”, me parece verdade. Recebo sempre de Luanda, jornais online como Semanário Angolense, Novo Jornal, mas o Folha8, o Independente, o Agora do falecido AGUIAR DOS SANTOS que a terra lhe seja leve e outra publicação de angola, os meus primos enviam-me por correio, mas que nos últimos 9 meses não encontrei nenhuma notícia do Protectorado de Lunda.

Os sites mais conhecidos como Club-K, Angola24horas, Angodenúncias, Ponto-Final e Angonotícias este último devem ser do regime, paginaglobal, Zwelangola ou os portugueses DN, Publico, RTP, SIC, TV24 para citar alguns, até mesmo a Voz de Américanunca mais se dignou a noticiar a questão de Lundas.

Então a notícia veiculada naquela altura por este movimento era verdade, não era provocar factos políticos ou simples propaganda, se não for o contrário, embora toda a atenção esteja virada neste momento para a posse do novo governo e as reivindicações dos partidos da oposição UNITA, CASA-CE e do PRS. Nos jornais há sempre um quarto de espaço para uma notícia, sobretudo quando ela nos diz respeito a todos.

Jornalistas atentos escrevem páginas de ouro da sua vida, acompanhando o evoluir de questões desta natureza como o foram nos “MAQUIS” Siona Casimiro, Demba Diop, Ernesto Dimbu, Sam Luval, Diel e outros intelectuais do jornalismo angolano dos anos de luta de libertação, entrevistando os fazedores da história dos povos, os líderes das mudanças assumidas, como estes jovens do movimento de Lundas de que gostaria, embora não sendo jornalista um dia poder conhece-los pessoalmente.

Para terminar, ao Partido do coração, o MPLA, como é que fica a “questão da LUNDA”? – Ao resto dos angolanos e os do movimento reivindicativo de Lunda Tchokwe deixo para meditação, o livro sagrado do profeta Isaías capítulo 60:1-22.