Digníssimos deputados
- André Mendes de carvalho (Miau)
- Manuel Fernandes
- Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”
- Kundi Paihama
- António dos Santos França “Ndalu”

LUANDA – ANGOLA


C/C – General Cândido Pereira dos Santos Van- Dúnem - Ministro da Defesa
General Geraldo Sachipengo Nunda – CEMG  FAA

Assunto: Desmobilização dos Ex-Militares

Os melhores cumprimentos;

Excelências, escrevo como Ex-integrante das extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) que desde cedo ou aos 17 anos integrou exército, tendo recrutado no Centro de Instrução de KACONGO-LANDANA em Cabinda, e participou em diversas missões tais a captura, em 1985, do capitão sul-africano Recces Wynand du Toit que em companhia de outros mercenários pretendiam destruir Malongo e que foi trocado por 170 militares Ex-FAPLAS bem como outras que seria enfadonho ou tempo faltaria para as descrever.

Tudo isso para a defesa da pátria.

O meu nome é Agostinho Relógio. Apesar de ser desmobilizado no ano de 1992, na altura já com os meus 32 anos, a ordem só saiu em 2010 (nº 793 patente capitão), um período de espera de mais de 19 anos.

No mesmo ano 2010, fiz a imagem (processo que possibilita a obtenção de cédula para caixa social) e até ao preciso momento esta cédula não sai.
Neste ano de 2012 completo 21 anos de espera para ser encaminhado a caixa social.

Na fase de eleições o Governo tentou reaver os processos. Contudo, após eleições e vitória do Governo o processo foi cancelado. A nossa esperança voltou a desvanecer.

O que não conseguimos compreender é o facto de muitos dos nossos colegas oficiais que combatemos juntos e que foram desmobilizados no mesmo período e em processos similares, beneficiam-se de apoio do governo e estão enquadrados na caixa social.

Acrescido a isso, é o facto de pessoais da mesma ordem receberem cédulas e outras não. Não sabemos se há distinções na entrega das cédulas e se os que ainda não receberam, quando receberam e se haverá algum retroactivo a partir do ano em que foram desmobilizados.

Acho que após averiguação do processo e a sua autenticidade e, posteriormente, a publicação da ordem e da imagem todos deviam ter o mesmo tratamento, porque todos combateram para a mesma causa.

Também achamos que devido o tempo da vida que é curto em África e não só todos ex-guerrilheiros deviam merecer um tratamento especial, uma vez ser uma faixa etária de 40 a 70 anos.

Devido a essas e outras inquietações que afligem os Ex-Militares, principalmente nós que fomos confirmados que participamos no exército e que apresentamos documentação ou dados credíveis, temos ordens de passagem a reforma aprovados e fizemos realmente a imagem – que fossemos transferidos a caixa social sem distinção e que beneficiamos os nossos direitos como outros beneficiam.

Acredito V/Exas que muitos de vós foram militares e apesar dos cargos que ocupam devem se lembrar do sacrifício que é empreendido pelos militares quando o país está em guerra. Saberão recordar como enfrentamos os Sul-africanos e outros.

Assim, respeitosamente dirijo-me a V/Exas para que junto de outras instâncias intercedam a resolução dos nossos problemas.

Sem mais outro assunto, aceitem as minhas saudações.

Luanda 12 de Dezembro de 2012

O peticionário

AGOSTINHO RELÓGIO

“CAPITÃO”