Luanda – Álvaro Holden Roberto, pai do nacionalismo angolano e da Independência de Angola, filho de Garcia Disiwa Roberto e de Joana Ilena Lala Nekaka, cristãos da Igreja Baptista (Baptist Missionary Society), nasceu em 12 de Janeiro de 1923, na cidade de Mbanza Kongo, primeira capital de Angola, actual capital da província do Zaire; neto de escravos em Angola e São Tomé.

Fonte: Club-k.net

No nascimento de Álvaro Holden Roberto, Angola encontrava-se, administrativamente, dividida em  seis distritos nomeadamente: Luanda, Congo, Benguela, Lunda, Moçamedes, e Huíla. Alguns meses depois foi incluído o distrito do Quanza.

Com um ano de idade acompanhou os pais no exílio, ao Congo Belga para aonde se refugiaram milhares de angolanos, devido da opressão colonial portuguesa. Em Thysville, Kinsangani/Congo Belga, Holden Roberto fez os estudos primários e secundários, regressando para Angola em 1934. Continuou os seus estudos na “British Missionary Society” e depois em Leopolde Ville (…)

Em 1956, Holden Roberto se dedicou exclusivamente da política que se desenrolou paralelamente à luta de libertação de Angola e do Congo-Belga (RDC) do jugo colonial belgo-português. Militante activo da UPA desde a sua fundação em 1954, pelos nacionalistas angolanos Eduardo Pinnock, Francisco Borralho Lulendo, Barros Nekaka (tio de Holden), Lucas da Costa e Garcia Roberto.

Na altura, o futuro presidente da UPA-FNLA desenvolveu em Leopoldeville-Kinhsasa, uma actividade política intensa e perigosa, porque era estrangeiro, em estreita colaboração com os nacionalistas congoleses do MNC, ABAKO e outros partidos.

Foi nessa altura que no chamado «Círculo dos Evoluídos» de Stanley Ville que Holden Roberto conheceu Patrice Lumumba, a quem ligou laços de amizade e de trabalho comum na libertação dos povos angolano e congolês. Entendimento que os levou, em 1958, em ACCRA, a fazerem um solene juramento de que o primeiro que ascendesse à independência ajudaria o outro a libertar-se do jugo colonialista europeu.

Em 1958, com o fundo obtido por subscrição entre os militantes da UPA, Holden Roberto segue para Accra-Gana para participar na Iª Conferência Africana…, onde matriculou-se no Instituto Superior de Ciências Políticas e partindo depois para os Estados Unidos da América (EUA), tanto para advogar a causa dos angolanos nas Nações Unidas – Holden foi o primeiro angolano a falar de Angola nas ONU – e para completar os seus estudos superiores de política e economia.

Em 1960, em Accra-Ghana, Holden Roberto é eleito por aclamação presidente da UPA, trabalhando como conselheiro particular de Kwame Nkrumah e com George Padmore no Departamento de Negócios Africanos.

Na década de 60, Holden Roberto e a UPA desencadearam a luta de guerrilha para insistir na negociação com o governo Português, supondo-se não haver alternativa com o ditador Salazar.

Os argelinos Boumendiel, Dr. Frantz Fanon e Mustaphai, todos amigos de Holden, em 1960, na Iª Conferência dos Povos Africanos, foi aprovada a luta armada e seguem para Argel muitos militantes da UPA para treino militar.

Em 1961, o massacre de 04 de Janeiro na Baixa de Kassange (Malange), a UPA realizou a 1ª revolta de preparação do início da luta armada para a libertação de Angola, seguida pela segunda revolta em 04 de Fevereiro, em Luanda (…). A UPA nessa altura era o único movimento de libertação que existia, surgida dos ideais da UPNA (fundada em 7 de Julho de 1954, em Matadi-Congo-Belga actual RDC) e da UPA.

No território angolano, a UPA, teve a sua primeira célula no Lobito, província de Benguela, permitindo a fuga dos nacionalistas angolanos para o ex-Zaire. Foi a UPA-FNLA que em 15 de Março de 1961, deu início real e vitorioso da luta armada para a independência nacional de Angola, alcançada em 11 de Novembro de 1975, data inicialmente proposta por Holden,

Holden foi o primeiro líder a proclamar a independência de Angola, às zero horas do dia 11, na cidade portuária de Ambriz, província de Bengo, seguido por António Agostinho Neto (em Luanda) e Jonas Malheiro Savimbi (no Huambo).

FNLA foi o único movimento de libertação que nos Acordos de Alvor (em Portugal) decorrido à 15 de Janeiro de 1975, apresentou perante os portugueses e a comunidade internacional, prisioneiros de guerra como fundamento e justificação de ser na verdade, a força que lutou e derrotou verdadeiramente os portugueses através do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), braço armado da FNLA, facto que não aconteceu com o MPLA e a UNITA que também são co-signatários dos Acordos de Alvor, violados pelo MPLA por ganância de poder.

O irmão Holden Roberto dirigiu a FNLA com grande determinação e ânimo inquembrantável, considerado figura cimeira na luta de emancipação do continente africano. Falava brilhantemente português, francês, inglês, kikongo, kimbundu, umbundu e outras línguas angolanas. Foi tambem Comandante em Chefe do ELNA.

A democracia e a boa governação já eram linguagem falada pela FNLA ao longo da sua Luta. Em Angola, as primeiras eleições gerais, previstas nos termos dos Acordos de Alvor, violados pelo MPLA, teriam lugar em Outubro de 1975, um mês antes da proclamação da independência.

O Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), no qual o irmão Jonas Malheiro Savimbi foi ministro dos Negócios Estrangeiros, tinha um projecto de sociedade que é ainda esperança dos angolanos. Foi o primeiro governo que Angola teve, seguido o Governo de Transição, surgido nos termos dos Acordos de Alvor.

Ngola Kabangu um dos co-signatários dos acordos de Alvor, ao lado de Holden Roberto, arquitectos da independência de Angola, é o presidente legítimo da FNLA, eleito num congresso estatutário previamente preparado pelo irmão Holden Roberto, lutador incansável da causa dos angolanos.

Holden Roberto em várias ocasiões dizia: “o Zaire acolheu e albergou cerca de um milhão de refugiados angolanos, partilhou as suas escolas, os seus hospitais, com os seus irmãos e vizinhos angolanos, deu a FNLA bases para treinar o seu exército, o ELNA. Por isso, Menção Especial a República do Zaire/Congo-RDC porque sem este país a luta armada de libertação seria difícil, até mesmo impossível, tal como Frantz Fanon tinha predito”.

A UPA-FNLA foi também a primeira organização política angolana a ser reconhecida pela ONU e ter representação universal na pessoa do representante e primeiro angolano na ONU, o irmão Carlos Gonçalves Kambandu, militante incansável da UPA-FNLA, ainda vivo, e da mesma forma que a FNLA foi o primeiro movimento de libertação de Angola a ser reconhecida pela Organização da Unidade Africana, que a própria FNLA co-fundou em 25 de Maio de 1963, na pessoa de Holden Roberto. Feitos e qualidades históricas que nenhum outro partido político angolano nem líder tem.