Lisboa - O abrandamento da China, principal destino de exportação de Angola, riscos com a sucessão política do presidente José Eduardo dos Santos e a agitação social fomentada pelo aumento das desigualdades – são estas as principais ameaças identificadas pelo Banco Africano de Desenvolvimento para a economia angolana.

*Iris de Lucas
Fonte: Lusomonitor

O “Perfil do Sector Privado do País”, elaborado por uma consultora para o BAD, a que a Lusomonitor teve acesso, apresenta uma análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) para a economia angolana. Outras ameaças identificadas são choques nos preços petrolíferos, programas do Governo cooptados pelas elites locais com ligações privilegiadas, alterações continuadas no quadro regulatório que “podem criar incerteza nos negócios e ameaçar o investimento do sector privado” ou má gestão do influxo de receitas petrolíferas no sector bancário local.


O relatório foi elaborado pela consultora francesa Alexandra Marchand com Estefanía Jover e Anthony Lopes Pinto, consultores do escritório angolano da sociedade financeira pan-africana Imara Holdings.


As oportunidades incluem a melhoria das infra-estruturas, que vai aumentar a viabilidade económica dos sectores agrícola e mineiro, e ainda o investimento em tecnologias de informação e comunicação, que melhoram a produtividade laboral.


Outras oportunidades incluem a liberalização gradual dos sectores da economia, maior eficiência na colecta de receitas fiscais, novo regime cambial do sector petrolífero, surgimento de uma classe média com rendimento adicional, aumento do consumo doméstico, Zonas Económicas Especiais que promovem o desenvolvimento industrial e ainda o potencial dos serviços bancários de acesso a partir do telemóvel aumentarem o acesso da população à banca.


Considera pontos fortes o crescimento rápidos e sustentado do PIB e a riqueza petrolífera disponível para financiar o crescimento do sector não-petrolífero. Os pontos fracos identificados são a elevada dependência económica ao sector petrolífero e a escassez de mão-de-obra qualificada e a corrupção, excessiva burocracia e falta de transparência.


O governo aponta como objetivos no Orçamento de Estado de 2012 para a política macroeconómica o uso sustentável dos recursos naturais, a diversificação económica, o impulsionamento do emprego, o aumento da produtividade a garantia de acesso a educação de qualidade, o combate à doença e a reforma do sistema de segurança social.


Um aspecto importante na estratégia do governo são as Parcerias Público-Privadas (PPP) por permitirem “reduzir a pressão sobre os orçamentos públicos e permitir aos governos redireccionar mais recursos para a despesa social”, pode ler-se no relatório.