Luanda – “Existem contactos exploratórios entre elementos da Comissão do Protectorado das Lundas e membros do governo na Assembleia Nacional”, disse nesta sexta-feira, 26, o presidente daquela organização José Mateus Zecamutchima quando falava no programa radiofónico “Angola Fala Só”.

Fonte: VOA

José Zecamutchima explicou que os objectivos da sua organização são os de alcançar uma autonomia para o território das Lundas que historicamente firmaram um acordo de Protectorado com Portugal em 1885.

O dirigente daquela organização revelou a ocorrência dos contactos quando interrogado pelo ouvinte Alex Lunda da Lunda Norte. “De momento não é propício dar mais pormenores”, disse Zecamutchima que acrescentou que “a igreja está a fazer de medianeiro”.

O dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas criticou o  que disse ser a discriminação do governo central angolano para com as  províncias do interior particularmente as Lundas. “O governo de Angola já não pode justificar o desequilíbrio que existe  pela guerra”, disse  Zecamutchima  para quem as Lundas vivem “numa miséria absoluta”.

“Não há nada, não há hospitais, não há escolas, tudo é investido no litoral”, acrescentou fazendo notar que por exemplo nos invesitmentos para a Taça das Nações Africanas em futebol e para o próximo campeonato do mundo de futebol  o interior foi ignorado.

Abordando ainda a questão económica com o ouvinte Henriques António, o dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas disse que no orçamento o governo investe cerca de dois biliões de dólares em Luanda enquanto quatro províncias, incluindo as Lundas recebem 400 milhões. “Só o poder local, só o poder local económico e financeiro é que pode resolver esta questão”, disse

O activista respondeu a uma questão sobre a incapacidade dos governadores em gerirem as províncias afirmando que na realidade estes não têm nenhum poder. “Os governadores são nomeados e não têm a capacidade de gerir orçamentos”, disse.

Dialogando com o ouvinte Nelito Augusto da Lunda Sul, aquele activista disse neste momento “há um saque indiscriminado” das riquezas das Lundas, mas frisou que a população desta região “não deve esperar milagres”.

Zecamutchima mostrou-se pessimista quanto á possibilidade da situação melhorar. “A miséria vai continuar e quem tem que responder pela miséria é o presidente”, disse.

O ouvinte Ismael Martins do Kwanza Sul sugeriu que o melhor meio de se  alcançar os interesses que a organização procura é participar em eleições votando pela oposição. José Mateus Zecamutchima disse que isso não é  possível “enquanto houver uma monarquia em Angola”. “Angola é uma monarquia não declarada”, acrescentou.

José Zecamutchima referiu-se também á questão dos órgãos de informação estatais e da falta de informação sobre escândalos que abalam o pais afirmando que “em qualquer país civilizado os órgãos de informação estatais informam”. “É dever do governo e dos media estatais explicar o que se passa”, disse.

No inicio do programa José Zecamutchima referiu-se a divisões que recentemente abalaram o movimento e que levaram á destituição de Jota Filipe Malaquito. Zecamutchima rejeitou a alegação de que ele teria usurpado o cargo afirmando que  que a substituição tinha sido feita de forma “democrática e aberta”.

Essa substituição tinha sido o resultado de “algumas falhas” da anterior liderança, disse. O anterior líder da organização, Jota Filipe Malaquito intitula-se ainda como o verdadeiro presidente da Comissão do Pprotectorado das Lundas.