GABINETE DO SECRETÁRIO GERAL UNITA - ALVO PREFERENCIAL PARA A CORRUPÇÃO POLITICA

Caros Jornalistas Minhas Senhoras Meus Senhores

Antes de tudo, em nome do Colectivo do Secretariado Geral do Partido, queiram aceitar as nossas mais vivas saudações patrióticas e boas vindas a esta casa de nobres trabalhadores políticos.

Como sabeis, o mês de Agosto foi escolhido pela 5ª Reunião do Comité Permanente da UNITA como o mês de reflexão na base do Lema “ quo vadis, Angola nossa”? Segundo os psicólogos, a reflexão é o prolongamento do pensamento para preparar a adaptação. A razão de ser desta forma de agir, surge na base meramente patriótica que sempre caracterizou os dirigentes da UNITA à luz da sua filosofia original, no quadro dos princípios que defende desde o dia 13 de Março de 1966.

O patriotismo obriga-nos a um prolongado pensamento, face ao rumo que tomou o nosso País a fim de prepararmos a adaptação que se consubstancia na mudança de regime que possa trazer a verdadeira justiça social, dignidade e progresso.

Alguém poderá interrogar se a UNITA terá legitimidade moral para tal iniciativa? Temo-lo dito amiúde que o Estado de Direito tem sido persistentemente violado e a UNITA como parte do Povo e por isso, parte do Estado, tem legitimidade bastante que o obrigue a dar a sua quota parte na única intenção de defesa dos interesses do Povo. Aliás, foi nesta mesma lógica que aos 11 de Março do presente ano, apresentamos uma Queixa – Crime Contra o Cidadão José Eduardo dos Santos nas vestes de Presidente da República, ao Advogado do Estado, que é a PGR, por ter sido atingido o Estado de Direito. Os angolanos vão enfrentando um sofrimento sem fim e um futuro sem esperança pelo que a UNITA vê-se no direito de tomar a dianteira da coluna para estancar a crise. Aliás, o intelectual constitui a consciência da sociedade. Há um mar de razões para os angolanos terem esperança porque todas as ditaduras são vulneráveis e o poder dos ditadores pode ser desintegrado por um povo devidamente iluminado.

Caros Jornalistas Minhas Senhoras e Meus Senhores


Gostaria de fundamentar a lógica da iniciativa fazendo recurso, em gesto de metátora, a uma parábola Chinesa do século XIV de autoria de Liu JI: No estado feudal de Chu, um velho sobrevivia mantendo macacos ao seu serviço. O povo de Chu o chamava de 'ju gong" (mestre dos macacos) Todas as manhãs, o velho reunia os macacos em seu pátio, e dava ordem ao mais velho de liderar os outros até às montanhas para colher frutos de arbustos e árvores. A regra era que cada macaco tinha que dar um décimo de sua colheita ao velho. Aqueles que não conseguissem fazê-lo seriam chicoteados impiedosamente. Todos os macacos sofriam amargamente, mas não se atreviam a reclamar.

Um dia, um pequeno macaco perguntou aos outros macacos: "Foi o velho quem plantou todas as árvores de fruto e arbustos?" Os outros disseram: "Não, eles cresceram naturalmente." O pequeno macaco ainda perguntou: "Não podemos colher os frutos sem a permissão do velho?" Os outros responderam: "Sim, todos nós podemos," O pequeno macaco continuou: ''Então, por que devemos depender do velho; por que todos nós devemos servi-lo?"

Antes que o pequeno macaco pudesse terminar sua declaração, todos os macacos de repente se tornaram iluminados e despertos. Naquela mesma noite, vendo que o velho tinha adormecido, os macacos derrubaram todas as barricadas da paliçada em que estavam confinados e destruíram totalmente a paliçada. Eles também levaram os frutos que o velho tinha em estoque, trouxeram todos eles consigo para a floresta, e nunca mais retomaram. O velho finalmente morreu de inanição. Yu-li-zi diz, "Alguns homens no mundo governam seus povos por meio de truques e não através de princípios justos.

Eles não são exactamente como o mestre dos macacos? Eles não estão conscientes das suas confusões mentais. Assim que seus povos se tornam iluminados, seus truques não funcionam mais. A lição moral que tiramos desta fábula, leva-nos a perguntar se as receitas do petróleo, do diamante, do ferro do manganês, do silício, da dolomite, dos bens e serviços, das águas marítimas, das águas continentais e de outros recursos, têm um dono diferente do povo angolano? De certeza que não! Se assim é, por que razão os angolanos permitem humilhações vergonhosas? Socorro-me do pensamento de um político russo que teria dito: “os angolanos não vêm os benefícios oriundos do petróleo tal como ninguém consegue ver as suas orelhas”

Caros Companheiros

A UNITA hoje tornou-se tão importante que devido ao seu valor de uso é “alvo de negócios sujos” face à politica do regime que decapitou todos os valores culturais e morais amando simplesmente o dinheiro levando homens e mulheres desta Angola a venderem-se, Como de mercadorias se tratasse, forçando-os a perderem dignidade e transformá-los em instrumentos fúteis, exibindo-os na TPA, preparando-se, automaticamente, “politólogos” que eu chamo “poliestômagos” com discursos de que a UNITA está em crise de liderança ou crise estrutural, quando tais “poliestômagos” é que se encontram em crise mental, em crise de consciência e em crise intelectual! É uma vergonha hoje vermos intelectuais a venderem as suas consciências em troca de míseros Kwanzas que já lhes dizem respeito, o que consubstancia a profunda crise de valores morais e cívicos no nosso País.

O pior de tudo é que até cadáveres esquecidos e que quando vivos foram expulsos da UNITA, são hoje ressuscitados para se oporem à UNITA com discursos que permitam que caiam mais alguns milhares de kwanzas, dinheiro do Povo angolano.

Nunca é demais salientar que os quadros inúteis na UNITA, são aproveitados pelo Partido no poder, o que revela a sua verdadeira postura de organização não séria. Caros Companheiros Isto não se chama deserção. Chama-se corrupção política, entendendo-se como o uso das competências legisladas, fora da Assembleia Nacional, por certos funcionários do Partido/Estado para fins privados ilegítimos.

A corrupção política, por outras palavras, corresponde ao uso do poder público para proveito, promoção ou prestígio particular em benefício de um grupo, o que constitui violação da Lei ou de padrões de elevada conduta moral, o que é crime.

Conhecemos 3 métodos clássicos de mobilização: mobilização porta-a-porta ou boca a boca, mobilização em manchas e mobilização piramidal. A mobilização por aliciamento, por corrupção, é própria de um regime que também usa o método atípico em todos os sentidos, nas eleições, no poder do Estado, entre outros.
Neste particular, e matematicamente falando, a corrupção é um crime biunívoco pelo facto de os agentes que praticam a corrupção serem classificados em 2 tipos: - Os agentes de corrupção activa (os que oferecem ou dão dinheiro).

- Os agentes de corrupção passiva (os que pedem ou recebem dinheiro) São todos criminosos que num verdadeiro Estado de Direito, responderiam pelos seus actos.

Minhas Senhoras e Meus Senhores

A corrupção em Angola pode-se já considerar endémica porque os dinheiros públicos deixam de ser investidos em projectos ou infraestruturas realmente necessários susceptíveis de melhorar a qualidade de vida das populações, para serem direcionados à compra de consciências. Neste caso, o artigo 2º (Estado Democrático de Direito), da CRA, deixa de ter razão porque nos parece que Angola passou de Estado Democrático de Direito para Cleptocracia.

Caros Jornalistas

Em função do historial da corrupção política que tem sido intensa em épocas de campanha, dados em nossa posse ditam que mais um grupo de homens desvairados da crise económica e social provocada pelas más políticas vigentes, irá ser apresentado com discursos direccionados à vitimização da UNITA. Uns falam em 8 e outros em 30. Se quiserem até falem de 3 milhões!

A UNITA não fica pungida quando falam em deserções que se consubstanciam em corrupção política. Uma coisa é certa: a UNITA é um Partido sui-géneris, tem raízes profundas, está devidamente implantado no seio do Povo e a justeza da sua razão é sinónimo de vitória.

Se o João ou Monteiro fazem parte da corrupção passiva, isto é um assunto particular. Segundo dizia o Dr. Savimbi, “o lugar de escravo não se busca, está à disposição de todo o homem fraco. Mas o lugar cimeiro de dignidade conquista-se com muito sacrifício”

Por isso, é assunto particular, não deve desviar as atenções da questão principal. A questão principal do país é a corrupção que tem de ser travada para salvarmos a Pátria. Depois de resolvermos o aspecto principal da contradição principal, salvaremos até os que se vendem para os munirmos de dignidade e cada um valorizar-se nesta Terra que o viu nascer.

A UNITA é a única força de alternativa credível ao governo que se auto-proclamou vencedora das últimas eleições de Agosto de 2012. O governo da UNITA vai combater a corrupção por ser inimiga do Estado de Direito, por estar a enfraquecer o nosso regime democrático e empobrecendo cada vez mais os Angolanos. Quando são apreendidos 4 milhões de dólares fora do País, e a Imprensa Pública não faz uma única menção ao crime, por si só significa que a corrupção está organizada, estruturada, hierarquizada e controlada.

Neste contexto, só a UNITA tem força moral e política de combater a corrupção, instituindo a Alta Autoridade contra a corrupção e dotá-la de recursos e de mais amplos poderes para o exercício das suas competências.

Termino citando o Dr. Savimbi: ˝Um homem livre é aquele que na presença do sim tem a prerrogativa de dizer, não˝

Luanda, 19 de Agosto de 2013.