Luanda – São vários os apelos que nos impelem para esta conclusão e vindos das mais variadas entidades e até religiosas, destacando primeiro o do Presidente norte Americano aquando da sua visita à África que instou os jovens africanos a se empenharem na luta pela liberdade.

Fonte: Club-k.net

O apelo do escritor moçambicano Mia Couto numa entrevista em que disse" é preciso sair a rua, é preciso revoltarmo-nos", e por fim da sua santidade papa Francisco que recentemente na jornada mundial da juventude no Brasil disse "os jovens cristãos devem ser revolucionários, lutando para a sua felicidade".

Certamente os filhos que a ditadura pariu, na campanha que levam a cabo de perseguir os que pensam diferente, encobrindo as suas malandrices, virão a publico dizer que estamos a fazer apologia a guerra.

Debalde, a insubordinação a que nos referimos enquadra-se dentro da chamada desobediência civil, que é uma ferramenta produto da democracia que serve para combater publicamente uma grande injustiça através de marchas, ou de ocupação pacífica de instalações, procurando apelar a consciência do público ou forçar a realização de negociações ou ainda ir a tribunal para questionar a inconstitucionalidade de uma lei.

Não se trata de ser anarquista defende-la, pois, líderes como Mahatma Gandhi e Martin Luther King que influenciaram o mundo inteiro usaram a desobediência civil. Gandhi mobilizou protestos ilegais pacíficos que contribuíram decisivamente para a independência da Índia, enquanto King contra o racismo usou os mesmos métodos nos EUA.

Povos inteiros no mundo usam a desobediência civil para fazer ouvir a sua voz e muito recentemente na Turquia, no Brasil e no Egipto. E falando disso há uma frase que os manifestantes brasileiros usaram e que chamou-me muita atenção pelo que vou recorda-la mais uma vez neste texto, «povo unido não precisa de partido».

Por isso, as manifestações constituem o barómetro do nível de envolvimento do povo na vida publica. Dentro do direito de participação na vida publica, é preciso acenar constantemente sobre a necessidade continua de ajustar as políticas publicas as necessidades reais do povo.

Disse recentemente o ídolo do nosso Presidente, o ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva, que "os movimentos dos jovens nas ruas, indicam a necessidade de se ampliar ainda mais a democracia e a participação cidadã. De renovar a política, aproximando-a das pessoas e de suas aspirações quotidianas".

Portanto, opor-se a esse direito constitucional não só é coibir o povo de participar na vida publica, como também é mostrar o desinteresse e desprezo total pelas inspirações do povo. É preciso que se saiba que a eleição de um partido, não é um acto de venda do País na hasta pública a um partido político durante o período de vigência do seu mandato.

O país nunca é pertença de um partido, mesmo que este tenha conquistado o poder, o país é propriedade exclusiva do povo, pois, existe uma grande diferença entre a legitimidade da conquista do poder e a legitimidade do exercício do poder.

Assim, para a nossa realidade e tomando em conta a postura e comportamento da totalidade dos órgãos públicos:
- Quando diariamente ouvimos e assistimos notícias de corrupção, branqueamento de capitais sem alguma medida concreta de pessoas ou instituições de direito;

- Quando vezes sem fim partidos políticos, organizações da sociedade civil endereçam cartas e queixas de violações constantes da constituição enquanto os tribunais não mugem nem tugem.

- Quando constantemente derrubam-se casas de populares (entulhos para os nossos governantes) sem qualquer negociação com pessoas afectadas;

- Quando filhos dos dirigentes insanos e corruptos tornam-se donos de tudo que Angola possui ao arrepio da lei;

- Quando assistimos a um enriquecimento ilícito do dia para noite enquanto os hospitais e escolas não funcionam; Não vejo outro caminho que não seja a insubordinação sim!

Insubordinando-se podemos forçar o governo para uma previa negociação antes de desalojar as populações, denunciar ou exigir que se pare com a corrupção que graça grandemente as nossas instituições, ou ainda o mais importante exigir que o presidente da republica se reforme e saia da vida publica para sempre. Basta de políticos velhos e caducos.

Em suma, sair as ruas nos tempos de hoje é um acto de puro patriotismo. É preciso e urgente refundar Angola criando uma nova geração de políticos que possam cimentar uma nova relação entre os governados e os governantes. Cada um de nós deve ser fiscal do governo.

O povo precisa exercitar a liberdade, o povo tem que ter liberdade própria, pois, como afirmara Mahatma Gandhi «o amor pela liberdade é uma constante; não existe um partido que dê liberdade a um povo incapaz de a alcançar pelos seus próprios meios».

Por isso fazendo minhas as palavras de Mia Couto, é preciso sair a rua sim, é preciso revoltarmo-nos, é preciso insubordinação sim. Podemos continuar a dirigir reclamações a este ou aquele organismo, ou denunciar actos de corrupção deste ou daquele dirigente mas se não sairmos as ruas o governo vai continuar a governar-nos a seu bel-prazer.