Lisboa - Na primeira parte desta abordagem, pudemos introduzir o amigo e estimado leitor deste prestigiado órgão de informação via Online, portanto o Club- K, aos argumentos de razão que sustentaram com base em factos, a imbatibilidade e a estabilidade da economia alemã á nível mundial. Já nesta segunda parte, vamos centrar-nos nas actividades e presença do sector empresarial privado alemão em Angola, mediante apresentação de um breve portfólio ou historial de algumas dessas empresas, não esquecendo suas componentes de responsabilidade social e do recrutamento e valorização do pessoal local, ou seja a ANGOLANIZAÇÂO da mão de obra.

Fonte: Club-k.net

Dando credibilidade as informações constantes do site oficial da Delegação/Representação da Economia Alemã em Angola, 16 é o número de companhias alemãs com sucursais ou escritórios próprios a operar nas suas mais diferenciadas âreas de intervenção no mercado angolano. Entretanto e considerando o enorme esforço do executivo angolano na recuperação das infra-estruturas, como alavancas do desenvolvimento sócio-económico do país, vamos centrar nossa atenção as empresas directamente envolvidas neste processo. Assim sendo a Bauer Angola Lda (grande gigante alemão em fundações especiais na construção), a Gauff GmbH & Co. Engineering KG (vocacionada na Fiscalização de obras e empreitadas públicas) e naturalmente o sector bancário, aqui representado pelo poderoso banco Commerzbank, merecerão atenção especial nesta segunda e penúltima consideração.

BAUER: o “gigante” em fundações


Embora fundada nos finais do século XVIII (1790) a BAUER está presente em Angola desde 2007 através da Bauer Angola Ltd, uma das mais de 110 empresas filhas que formam o Grupo BAUER. Como grupo empresarial, a BAUER emprega cerca de 10.300 funcionários estando representada em 70 países com um volume de negócios de 1,45 mil milhões de Euros/ano, dos quais mais de 73% ser rendimento de negócios realizados no estrangeiro.


Entre as grandes obras em que está presente as inovações e soluções tecnológicas da BAUER em Angola, destaca-se a torre Teatro Avenida, a ser erguida em pleno coração de Luanda. O edifício de 21 andares, dos quais 5 são garagens para estacionamento de veículos, contou com fundações da inovadora tecnologia BAUER. As fundações antigiram uma profundade de mais de 51m, o que envolve tecologia de ponta como é o caso dos BAUER GB28 e GB60, máquinas de dimensões ultra-gigantes e alta performance em perfurações.


Outro projecto de grande dimensão da empresa em Angola, são a preparação e execução de fundações para construção de mais de 7 pontes de grande dimensão, já em curso.

Só no projecto Teatro Avenida, a empresa contou com o concurso de pessoal expatriado tais como portugueses, brasileiros e alemães e mais de 44 angolanos.


Responsabilidade Social


Quanto as obrigações sociais da empresa o drama é o mesmo como noutras empresas alemães e não só em angola. O pessoal de recrutamento local, portanto angolanos, reclamam por melhores condições e privilégios. “Os expatriados aqui gozam de todos privilégios: bons salários, férias pagas, viagens regulares ao estrangeiro, tratamento em grandes hospitais e nós angolanos só estamos a ver navios”, diz um colaborador em anonimato e remata: “Trabalhamos por turnos, os que trabalham á noite deveriam receber muito mais devido as horas noturnas, mas no fim do mês são descontos em vez de bônos, isso é complicado”.


Pedro Valle é o actual Director Geral da empresa em Angola, em substituíção de Antoni Grasch Schauer que segundo informações, não só terá afundado a empresa mas também devido a sua “. . . precária, desastrosa gestão e desinteligências com o pessoal de recrutamento local”, segundo nos confidenciou um dos co-fundadores da empresa em Angola. Como se de um círculo vicioso tratasse, é este mesmo personagem que transitou para a empresa também alemã, Gauff Engineering, conforme veremos mais abaixo.


A GAUFF Engenharia, Fiscalizar para garantir qualidade


Segundo o historial da empresa publicado no seu site (www.gauff.net), a Gauff é uma empresa familiar. Entretanto, á luz de sua particularidade de Fiscalização de obras públicas, tornou-se numa das mais conhecidas empresas alemães no nosso mercado, por isso merece aqui uma abordagem mais profunda.
Tendo forte representatividade no continente africano principalmente nas décadas de 60` á 80`, a Gauff passou de empresa familiar para uma respeitada empresa de nível médio. Tendo como vertente principal a fiscalização, ítem cada vez mais valorizado quando se trata de obras públicas em Angola, o expandiu-se para o interior onde fiscaliza e financia obras em Luanda, Uíge, Kwanza Sul, Bengo, Zaire e Huíla. Há cerca de um ano, a empresa apresentou aquando da realização de um Conselho Consultivo do Ministério da Energia e Àguas, um ambicioso plano que consiste na construção de uma conducta para o transporte de água do rio Cunene para Lubango e arredores, no sentido de atenuar os sérios problemas de águas com as quais as populações locais se debatem.


Responsabilidade Social


No campo social, a empresa fundada em 1958 pelo então jovem Engenheiro Helmut Paul Gauff, hoje com mais de 82 anos de idade, tem uma forte intervenção através da Fundação Gauff contando com orfanatos em várias Províncias, doando ambulâncias do tipo todo-terreno, cooperando para o efeito com a Fundação Eduardo dos Santos. No concernente a formação e em cooperação com a EPAL, a empresa realizou nos últimos anos diferentes cursos de formação técnico-profissional, cujos formados asseguram hoje a operacionalidade da rede de abastecimento de água de Luanda.


Entretanto e fazendo fé aos dados em nossa posse recolhidos e constatados in locu, a empresa peca no aproveitamento e valorização da mão de obra local. Os trabalhadores de base são todos unânimes em reafirmar a discriminação a que estão expostos por parte da nova direcção da empresa, agora chefiada pelo austríaco Antoni Grasch Schauer. Segundo depoimentos que fomos colhendo discretamente no vasto território do Laboratório de Engenharia de Angola, onde a empresa tem seus principais escritórios, o novo director da Gauff em Angola que veio do outro gigante alemão, a Bauer Fundações especiais, terá trazido sua própria equipa, atribuíndo-lhes melhores condições laborais, privilégios e salários em detrimento, negliegência e exclusão de trabalhadores antigos. O novo representante da Gauff em Angola, é mesmo considerado por seus funcionários como sendo muito “mais racista, bruto e malcriado” do que o seu antecessor, Stefán Bolow”.. Por ser exageradamente intransigente para com os angolanos, Antoni Grasch Schauer foi mesmo apelidado de “Adolf Hitler” pelos trabalhadores insatisfeitos. “ Nenhum de nós está satisfeito com o trabalho e a presença dele aqui na Gauff, só fizemos um esforço porque não temos onde ir” diz outro trabalhador também antigo da empresa alemã am Angola. Em contrapartida e com certa nostalgia, uma ex- antiga trabalhadora da empresa, lembra-se de um antigo Director da Sucursal, Dieter Bohener que abandonou a Gauff e agora aderiu a outra empresa alemã. “O Senhor Bohener foi um grande Director, mas a mulher dele de nacionalidade brasileira é que estragou o pão dele porque ela pensava que nós angolanos ainda somos escravos”, desabafa. Outra ex-trabalhadora bem identificada por nós e que serviu a Gauff em Angola durante muitos anos adianta: “ o problema desta gente é que têm mulheres brasileiras e elas que saíram da propreza extrema no Brasil chegam aqui e pensam que são mais gente do que nós, enganam-se . Foi a mesma coisa com a mulher doutro Director o Sr. Stefán que até era uma miúda mas não tinha respeito até de nós mais velhas dela. Lembro-me que uma uma vez uma antiga Secretária de direcção foi despedida só por reclamar que a tal Ana atirou-lhe um documento na cara porque não estava bem feito”, concluíu. E para rematar, um antigo motorista que agora funciona numa empresa francesa em Angola conclui dizendo: “ O mais velho Gauff, o dono da empresa, é uma pessoa excepcional, tem um bom coração, é muito humilde apesar de ser o dono da empresa. Se estes racistas todos aqui seguissem um pouco o seu exemplo, a empresa teria muito mais éxito. É uma pena mas esta gente vai estragar a empresa, eles só pensam no dinheiro e só para eles. Olha uma coisa, quando um angolano está doente mesmo arrasca mandam para casa, mas quando é um deles vão as melhores clínicas Girassol, Meditex, Multiperfíl, Sagrada Esperança, etc.” conclui.


De resto e como disse um funcionário sénior do INEA, o Instituto de Estradas de Angola: “ A Gauff é das mais sérias empresas de Fiscalização presente em Angola, mas se isso de discriminação continuar a empresa vai sentir o peso das autoridades, ah. . . se vai, porque isso não podemos consentir de maneira alguma. Pelo que eu saiba há lá um angolano bem colocado e de confiança do dono da empresa, ele deveria ser o primeiro a denunciar tais excessos”.
NOTA: Na tentantiva de conseguirmos o contraditório contactamos a Direcção da empresa mas sem éxito. Um contacto telefónico com o Director da Sucursal foi possível mas demonstrou-se indisponível em atender-nos e sempre que ligássemos desligava o telefone.


Commerzbank: financiar para ajudar a crescer


O Commerzbank é, a semelhança do Deutsche Bank e do HBF, dos bancos alemães que mais créditos cedem á favor da recuperação de infra-estruturas nacionais. No que diz respeito a Angola, este gigante alemão destaca-se por se fazer representar com escritórios próprios. Seu representante é o germano-brasileiro Martin Herkules, que se instalou no país desde o início de 2012 e para além de Angola responde igualmente pela RDC- República Democrática do Congo. O Commerzbank AG, é simplesmente o 2o maior banco alemão e está representado em mais de 50 países com mais de 11.200 filiais ou balcões, entre eles na Etiópia, África do Sul, Nigéria, Líbia e Egípto. Em todo o mundo este colosso alemão conta com mais de 15 milhões de clientes quer privados como empresas, empregando para o efeito perto de 60.000 (sessenta mil) funcionários.


O financiamento ao sector empresarial privado de nível médio, constitui o forte do banco. Prova disso é que o Commerzbank financia mais de 100.000 (cem mil) empresas deste nível perfazendo um total de negócios de 2,5 biliões de Euros. O banco coopera igualmente com quase todos os gigantes empresariais da economia alemã e a nível mundial.

Outros segmentos fortes do Commerzbank são: clientes privados, Bancos de médio porte, Corporações e Mercados na Europa Central e do Leste. Um dos factores que mais terá atraído a Central deste banco sedeado na capital financeira europeia, Frankfurt, á Angola, são os elevados índices de crescimento da sua economia que atingiu os 2 dígitos nos últimos 3 anos, ou seja cerca de 10%.


As responsabilidades deste colosso alemão no sector da Banca em Angola são entre outras de manter contactos directos com as instituíções governamentais angolanas, principalmente Ministérios, assim como aconselhamento a empresas alemães e europeias activas no mercado angolano. Seu rendimento anual é de 12,7 mil milhões de Euros.


Na 3a e última parte desta série sobre o Crescimento sustentável da Economia alemã, falaremos de outros poderosos intervenientes alemães que de forma tímida mas firme, estão presentes em Angola. Estamos a falar da Siemens SA Angola, grupo mundialmente conhecido na produção e no fornecimento de serviços e tecnologia de alta qualidade, do Consórcio angolano-alemão de serviços de Catering – LSG Sky Chefs Taag Angola Catering, da ASGM Volkswagen – Angola, Thyssen Krupp (elevadores de alta qualidade), etc.


*Economista e Docente