Lisboa - José Eduardo dos Santos não só refuta a existência da corrupção institucionalizada em Angola segundo analistas como protege os líderes africanos em geral com a seguinte tese: “Neste processo de luta contra a corrupção, há uma confusão deliberada feita por organizações de países ocidentais para intimidar os africanos que pretendem constituir activos e ter acesso à riqueza, porque de um modo geral se cria a imagem de que o homem africano rico é corrupto ou suspeito de corrupção”.


Fonte: Club-k.net
 

Criação de uma elite empresarial não tem nada a ver com corrupção, diz PR

As palavras acima transcritas foram feitas durante a leitura da Mensagem sobre o Estado da Nação, na abertura da II Sessão Legislativa da III legislatura da Assembleia Nacional, na qual o líder do MPLA com 71 anos de idade e na liderança do país a mais de 32 anos num prisma africanista disse que “Um simples levantamento dos resultados das empresas americanas, inglesas e francesas no sector dos petróleos ou das empresas e bancos comerciais com interesses portugueses em Angola mostrará que eles levam de Angola todos os anos dezenas de biliões de dólares.”

 
Para suportar o epigrafo acima transcrito o PR disse que “Nós precisamos de empresas, empresários e grupos económicos nacionais fortes e eficientes no sector público e privado e de elites capazes em todos os domínios, para sairmos progressivamente da situação de país subdesenvolvido.”
 

Dito isto, esta claro que o propósito principal do Presidente em suportar a todo custo a elite empresarial angolana liderada primariamente pelos seus filhos, familiares e subordinados mais próximos é para estes num futuro muito próximo estarem em condições de substituírem os empresários ocidentais que segundo o presidente “levam de Angola todos os anos dezenas de biliões de dólares.” Consequentemente, o controlo financeiro continuará segregado numa família que contará com o suporte da elite política no poder.


Por outro lado, JES não só criticou o ocidente de conspirarem os líderes africanos como deixou um recado directo e polémico: “A acumulação primitiva do capital nos países ocidentais ocorreu há centenas de anos e nessa altura as suas regras de jogo eram outras. A acumulação primitiva de capital que tem lugar hoje em África deve ser adequada à nossa realidade.”
 

Com esta passagem, o presidente angolano, refuta-se uma vez mais em argumentos insólitos e populares com o pretexto de que os africanos são distintos dos europeus e com uma realidade diferente, argumentou um cientista político que enfatizou igualmente que é muita coincidência que a elite empresarial em Angola ser composta maioritariamente pelos filhos e parentes.


Portanto, não tem lógica acrescenta o analista quando o Presidente diz que “A nossa lei não descrimina ninguém. Qualquer cidadão nacional pode ter acesso à propriedade privada e desenvolver actividades económicas como empresário, sócio ou accionista e criar riqueza pessoal e património.”
 

Eduardo dos Santos defendeu a elite empresarial angolana nos seguintes termos “Por que é que eles -Ocidente- podem ter empresas privadas dessa dimensão e os angolanos não? A este respeito, críticos adiantam que esta guerra de acusações do presidente contra o ocidente indica desespero e alguma pressão que tem sido alvo nos bastidores.
 

A nível internacional a posição de Eduardo dos Santos sobre corrupção no último discurso foi igualmente conectada com a posição do PGR de Angola João Maria de Sousa quando disse que a corrupção veio de fora. E esta interligação esta também conectada a nível diplomático com o posicionamento radical do Ministro das Relações Exteriores Jorge Chicote quando discursava na cimeira áfrica e defendeu  a saída de África do Tribunal Penal Internacional.
 

O Nobel da Paz sul-africano Desmond Tutu considerou os dirigentes africanos que defendem a retirada do Tribunal Penal Internacional (TPI) procuram na realidade "uma autorização para matar, mutilar e oprimir" com total impunidade enquanto apresentam discursos relacionados a descriminação racial ou efeitos do colonialismo.  "África sofre as consequências dos atos de dirigentes irresponsáveis há demasiado tempo para se poder deixar enganar desta maneira”.
 

Caso se concretize o anseio do MPLA de José Eduardo dos Santos em persuadir os demais presidentes Africanos para assinarem a carta de petição para abandonarem o Tribunal Penal Internacional esta consumados o golpe. Ai nenhum empresário da elite angolana será condenado por prática de corrupção tendo em conta que o MPLA não acredita que em Angola exista corrupção institucionalizada.