Luanda - Um forte dispositivo policial impedia esta tarde o acesso ao centro do Largo da Independência, na cidade de Luanda, onde deveria ter lugar uma manifestação de jovens ativistas, havendo relato de várias detenções.
Fonte: Lusa
Antes O autointitulado Movimento Revolucionário, um grupo de jovens ativistas dos direitos cívicos angolanos, convocou para as 15:00 horas de hoje uma concentração seguida de manifestação, para aquele local, sob o lema "Chega de chacinas em Angola".
Contactadas pela Lusa nas últimas horas, as autoridades não confirmaram se esta manifestação tinha sido autorizada pelo Governo Provincial de Luanda.
O representante para Angola do Instituto da Comunicação Social da África Austral (MISA, da sigla inglesa) e ativista Alexandre Neto denunciou entretanto que pelo menos treze manifestantes foram detidos pela polícia quando se aproximavam do Largo da Independência, conhecido pela estátua de homenagem a Agostinho Neto, primeiro presidente angolano.
"Recebi uma mensagem dos jovens antes das 15:00 dizendo que estavam a ser detidos. Desde essa altura que tento falar com eles e têm os telemóveis desligados", disse Alexandre Neto.
A Lusa tentou confirmar esta informação e relatos que apontam para mais alguns detidos depois das 15:00 junto das autoridades policiais de Luanda mas tal ainda não foi possível.
À volta do Largo da Independência os acessos rodoviários têm estado condicionados pela polícia, fortemente armada, e os táxis utilizados pela população chegaram a ser desviados por outras artérias.
Este movimento de jovens tem protagonizado manifestações de protesto na capital angolana desde 2011, nomeadamente com críticas à atuação das forças de segurança, terminando geralmente em confrontos com a polícia.
O protesto de hoje acontece na passagem do 37.º aniversário da liquidação da ala do MPLA - partido no poder em Angola - dirigida por Nito Alves e José Van Dunem.
Sobre esta data, e segundo a convocatória colocada a circular pelo movimento, estes exigem a criação de uma "Comissão da Verdade" sobre o que aconteceu em 1977.
Reclamam ainda "Justiça" para o caso dos ativistas e ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, que desapareceram em maio de 2012. Estes tentavam na altura organizar uma manifestação de outros antigos camaradas de armas, para exigir o pagamento de subsídios alegadamente em atraso, nalguns casos há mais de 20 anos sem serem pagos.
Em 2013, igualmente a 27 de maio, uma vigília convocada pelos mesmos motivos terminou com várias detenções, entre os participantes, e uma carga policial.
A manifestação está convocada para o Largo da Independência às 19:00 horas, prevendo a concentração dos jovens quatro horas antes.