Lisboa - A sua recente nomeação como Chefe-Adjunto do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado foi internamente (aparelho de segurança do Estado) aplaudida por se tratar de um “outside” da secreta domestica e sobretudo por estar desprovido dos maus hábitos a que se reclama da conduta de muitos dos actuais directores do ex- SINFO.
Fonte: Club-k.net
José Coimbra Baptista Júnior não é um quadro estranho da comunidade de inteligência. É oriundo do Serviço de Inteligência Externa (SIE). A sua nomeação para integrar o SINSE partiu de um convite que lhe foi formulado pelo actual Chefe da Instituição, Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio. Ambos são correligionários e as suas famílias partilham afinidades. Uma irmã sua, Joana Lina Ramos Baptista, actual Vice-Presidente da Assembleia Nacional pelo MPLA, também é amiga de Eduardo Barber Octávio.
Até pouco tempo, o recém nomeado Chefe-Adjunto do SINSE, estava em comissão de serviço no Ministério das relações exteriores (MIREX) como Director do Secretariado da Comissão Nacional para os Grandes Lagos.
A ida a Luanda e a passagem pela JMPLA
Quando jovem, a sua família esteve entre Camabatela e Ndalatando (Província do Kwanza-Norte) até se terem transferido para Luanda. Em 1973, Baptista Júnior ingressou no então Liceu Paulo Dias de Novais. Ai estudou até a altura em que se procedeu a reformulação de Ensino em Angola, em 1978.
É na capital do país, que “Coy”, conforme é tratado pelos que lhe são próximos, adere ao MPLA, militando nas estruturas juvenis, no bairro Terra Nova, em finais daquela década. Não muito tarde ele acabaria por desligar-se das atividades partidárias logo após aos acontecimentos do “27 de Maio”. Aqueles que com ele privaram, associam o seu desligamento a JMPLA, a sentimentos associados a forma como alguns dos seus colegas foram afastados, na fase posterior aos massacres que ocorreram naquele ano, de 1977, no seio do partido do governo.
Baptista Júnior preferiu dedicar-se aos estudos concluindo o PUNIV, que em dois anos deu-lhe acesso a Universidade Agostinho Neto, onde terá estudado económica. Durante algum tempo, ele esteve a trabalhar numa empresa, situada no perímetro da agencia Angop, na Avenida Brasil, que tratava de questões técnicas relacionadas a manutenção de elevadores.
A entrada para os Serviços de Segurança
Naquela altura, decorria, o período do serviço militar obrigatório e muitas famílias ligadas ao regime optavam por colocar os seus próximos na Segurança de Estado para evitar que fossem nas frentes de combates como militares ao serviço das extintas FAPLA. É nesta fase que José Coimbra Baptista Júnior “Coy”, aparece ligado ao aparelho de segurança de Estado, de onde fez carreira.
Em 2003, por influencia de Fernando Garcia Miala, ele foi nomeado para o cargo de Director de Inteligência Económica do Serviço de Inteligência Externa (SIE). Ai tornou-se bastante ligado ao então director do gabinete técnico, Gilberto Veríssimo de quem foi colega de sala no antigo colégio Liceu Paulo Dias de Novais, na era colonial.
No respaldo da queda do então DG do SIE, Garcia Miala, Coimbra Júnior sobreviveu a purga e foi nomeado para chefiar o Gabinete de Estudos e Planeamento do Serviço de Inteligência Externa já com Oliveira Sango como patrão da instituição. Terá ficado conotado a uma corrente interna de apresso ao agora Tenente-general Gilberto Veríssimo. Quando Veríssimo foi afastando de DG adjunto do SIE por se incompatibilizar com o seu superior Oliveira Sango, José Coimbra Baptista Júnior foi também despedido e substituído por Filomena de Lourdes Rebelo.
A passagem pelo MIREX
Ficou por algum tempo no desemprego até ter sido reabilitado pelo antigo Ministro Assunção dos Anjos que o levou para o Ministério das relações exteriores como director do seu Gabinete. Logo após ter se apercebido que o então ministro sairia do cargo, José Coimbra Júnior teria persuadido o antigo governante para que o deixasse nomeado como cônsul angolano em Joanesburgo, em substituição de Narciso Espírito Santos. As movimentações de influencia coincidiram com a entrada de um novo Ministro, George Chicoty que deu por nulo algumas decisões do seu antecessor.
O Novo ministro Chicoty por outro lado procurou acomodar os elementos do seu antecessor. Nomeou Fernandes Quixito, ex-director adjunto do gabinete de Assunção dos Anjos, como Vice-Cônsul em Belize/Congo e para José Coimbra Júnior chegou-se aventar em despachá-lo como Cônsul no Rundo, na Namíbia em substituição Judith Costa, o que não veio a acontecer.
A sua passagem no MIREX, coincidiu com o período em que este ministério estava a observar reformas, em que os cargos de chefias deveriam estar em conformidade com as categorias da carreira diplomática. Coimbra Júnior acabaria por ser abrangido e promovido a Ministro Conselheiro, em 2011.
Desde então centrou-se ao dossier dos grandes Lagos de que foi Director do Secretariado da Comissão Nacional para os Grandes Lagos do Ministério das relações exteriores. Foi nesta condição que fez parte de delegações de alto nível que representou Angola em fóruns internacionais e ao mesmo tempo foram lhe reconhecidas habilidades para abordar o tema sobre aquela região africana.
Há dois de Maio do corrente ano, Coimbra Júnior foi convidado a falar sobre geo-política das regiões dos grandes lagos, numa conferência, em Luanda. Seis dias depois, na qualidade de coordenador nacional da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), ele seria indicado para participar de num encontro com os representantes dos Estados membros da CIRGL, em Brazzaville, para falar da situação política, socioeconómica e de segurança de Angola.
O Regresso ao aparelho de Segurança
Na primeira semana de Outubro do corrente ano, através do Decreto Presidencial n.º 283/14, o Presidente da República José Eduardo dos Santos devolvia-lhe ao activo no aparelho de segurança como numero dois do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado, com a missão de responder pelos órgãos de apoio instrumental (sector administrativo e finanças ) daquela instituição.