O debate gravitou à volta da “Ética, Verdade e o Direito de Informação em Tempo de Eleições”, “Democracia e Direitos Humanos”, “A Dimensão Democrática da Liberdade de Expressão”, “A Problemática da Informação e Eleições numa Perspectiva Africana” e “A Corrupção e Má Governação”.

Mereceu bastante atenção dos participantes o acesso à informação em Angola sobretudo por parte das populações do interior do país, facto apontado como estando na origem de um grande défice em relação ao processo eleitoral em curso.

“Os canais públicos não chegam a toda Angola. Por  isso o direito à informação não chega a toda a gente”, referências do padre Jacinto Wakussanga quando abordava a situação dos direitos humanos. Evocou  a pluralidade qualitativa da informação como sendo necessária para os cidadãos e “era bom que a rádio Ecclesia pudesse chegar a sítios como o Mungo, Luindoimbale, para captar os receios das populações no actual processo”, referiu o sacerdote à propósito da falta de esclarecimento sobre a oportunidade que constituem as eleições.

Ainda na esteira da informação “muitas das vezes os meios de comunicação social não servem os ideais mais justos, e  estão também na base de conflitos”, ressaltou o docente universitário na cadeira relações internacionais, Mário Pinto de Andrade, na abordagem da informação e eleições numa perspectiva africana. Deu exemplos do acontecido em dois países africanos. “No Rwanda o mau papel da rádio e televisão redundou em milhares de mortos. No Zimbabwe, os meios de comunicação públicos não deram espaço à oposição, e venderam uma ideia de que Mugabe  e a Zanu ganhariam as eleições com 57% dos votos. A informação pública não foi a mais isenta”, disse.

Sobre o actual quadro da informação no processo angolano, ressaltou que “a imprensa em Angola pode ajudar a haver equilíbrio, mas às vezes é difícil que a oposição tenha espaço”, 

O professor universitário em sociologia, João Baptista Lukombo, trouxe a lume, entre outros aspectos o que considerou de “carência de cultura democrática nos partidos políticos, que não realizam acções eleitorais regulares salvo um ou dois partidos. Abordou a questão na dissertação “A dimensão democrática da liberdade de expressão”. Disse a propósito que “as eleições não chegam para conseguir a democracia”. Questionou-se: “se esta não começar nos partidos como poderá ter espaço fora...?”. 

Cerca de uma centena de pessoas tomou parte da rádio-conferência da Ecclesia, à propósito do 3 de Maio, dia da liberdade de imprensa.

Fonte: Apostolado