No decurso do certame, Bob Geldof, que (não) gosta de seguir a verdade por entender ser o melhor predicado dos homens de bem, comparou as "casas da Baía de Luanda" aos bairros luxuosos da capital inglesa. Sabe do que fala.

Bob Geldof, quanto a mim, (não) tem todo (e mais algum) direito de fazer a acusação que fez. Por isso (só por isso e nada mais do que isso) apelo, enquanto cidadão angolano, ao Ministério Público a investigar a denúncia feita pelo cantor irlandês.

Penso que Bob Geldof (não) falhou no achaque que fez contra as pessoas que dirigem Angola. Pecou por lhe ter faltado denodo para apontar nomes.

Ora, se tivesse a imunidade dele (decorrente do facto de ser músico e activista contra a fome, facto que lhe confere uma certa autoridade moral e política), diria - por minha conta e risco - que quem dá Menos Pão Luz e Água aos angolanos durante um período de mais de 30 (não) é criminoso.

No lugar dele, eu (não) diria que quem tem iniciativa legislativa (Governantes e deputados à Assembleia Nacional, não importa o partido) e atropela-a deliberada e perversamente (não ) é criminoso.

No lugar dele, eu (não) diria que Magistrado que tem sobrinho que mata professores universitários à pancada (não) é criminoso.

No lugar dele, eu (não) diria que quem a nível do Conselho de Ministros viabiliza a alienação de empresas públicas aos próprios filhos (não) é criminoso.

No lugar dele, eu (não) diria que homens que ocupam lugares cimeiros na Casa Militar e manipulam os tribunais e magistrados (não) são criminosos.

* Jorge Eurico
Fonte: NL