Luanda  -     De acordo um dos grandes teóricos da gestão-administrativa, KURT LEWIN (1999), em suas pesquisas sobre o comportamento social para explicar a motivação e satisfação no trabalho, elaborou a teoria do campo, esta que se sustentava em duas suposições fundamentais: a primeira assentava no comportamento humano, que esta derivava segundo este autor, na totalidade de factos coexistentes no ambiente laboral e, a segunda tese assentava nestes factos coexistentes, que tinha ou têm carácter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo dinâmico laboral, em que cada parte do campo dinâmico dependem de uma inter-relação com as demais outras partes.

Fonte: Club-k.net

O comportamento humano é normalmente determinado por causas que constituem as necessidades e motivos, essas são as forças consciente e subconsciente ou ainda inconsciente que levam a determinadas pessoas adoptarem um determinado comportamento variando a outra. Ora, a motivação neste âmbito se refere ao comportamento que é tacitamente marcado por necessidades dentro do indivíduo e, que é dirigido em direcção aos objectivos que podem satisfazer essas necessidades que correspondem as necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização. Portanto, o ambiente psico-emocional ou comportamental vai constitui, o ambiente que é percebido e interpretado de pessoa para pessoa e o meio em que ela esta inserido. Obviamente, que nesta avaliação, os objectos, as pessoas ou determinadas situações, podem adquirir valência no ambiente psicológico, determinando assim o campo dinâmico de forças em que gravitará o estado do funcionário no seu meio laboral.

 

O aumento do número de funcionários públicos na Administração Pública angolana, a par dos muitos (trabalhadores fantasma) incluídos nas folhas de salários, tem sido uma das principais causas do baixo nível das renumerações na função pública, o que, por sua vez, tem tido um impacto fortemente negativo na motivação e no desempenho de muitos funcionários no sector do funcionalismo público. Os baixos salários na Administração Pública e a falta de motivação na execução das tarefas correlacionadas as várias áreas na Administração Pública, sobretudo nos serviços com grande contacto com a população, como a Polícia, os Serviços de Saúde e o Ensino, vai colocando estes servidores públicos na fronteira permanente entre a negação ou aceitação de suborno ou vulgo gasosa para prestarem um serviço público. Este serviço que devia ser prestada ou tratada pelos moldes ou tramitação estabelecida pela tabela da Administração Pública. Embora na perspectiva jurisdicional, haja Lei e outros mecanismos legais para sancionar e desincentivar tais práticas ou comportamentos.

 

Os baixos salários e a falta de oportunidade de crescimento em vários sectores do funcionalismo público, têm provocado uma frustração e insatisfação generalizada por parte de muitos trabalhadores no sector público. E os baixos salários e a falta de incentivos sociais no trabalho têm gerado no trabalhador, insatisfação, pessimismo, oposição aos objectivos traçados, negação das orientações do superior hierárquico, má vontade e dolo na execução das tarefas, resistência comportamental, dispersão das acções da Administração e do sector específico destes funcionários.

 

Ora, os poderes públicos devem preocupar-se mais com a formação e capacitação regular dos seus funcionários, melhorar as condições de trabalho e salarial, como também preocuparem-se mais com os incentivos sociais e a promoção interna dos funcionários. Embora durante muito tempo, Administração Pública encontra-se numa condição inflacionada. Portanto, com a solidez e a competência crescente das instituições do Estado, por conseguinte, um dos rumos fundamentais que uma sociedade como a sociedade angolana precisa, é de conquistar a sua firmação a fim de poder ser e estar em harmonia como uma Nação e Estado confiante em si próprio e no futuro, assim à altura dos seus próprios desígnios e visão do futuro que possui.

 

Certamente, todo funcionário público têm sentimentos diferentes em relação aos diversos aspectos do seu trabalho (salário e supervisão) e a natureza da actuação dos seus companheiros laborais. Mas, a necessidade de aperfeiçoamento de incentivos sociais no sector público é, sem sombra de dúvidas, uma variável que tem que ser mais apreciado pelo titular da pasta do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS), Professor ANTÓNIO PITRA NETO, na qualidade de exímio professor de Direito Administrativo, o sabe, que estes pressupostos são causas importantes para realizações dos funcionários públicos no desempenho do trabalho ou das suas funções. Porque, na medida em que a necessidade dos funcionários for mais tida em conta pela Administração Pública, eleva a moral e satisfação cada vez mais dos seus funcionários públicos.

 

Embora, haver ainda muitas tarefas e reajustes por se fazer na Administração Pública. A superação da crise dos salários e a qualificação dos funcionários na função pública constitui um dos elementos primordiais de começo. E todos nós, temos que concordar que o Estado e um Executivo Democrático e de Direito, exige sempre que haja uma Administração Pública fiel a valores que a especificam, para além de técnica e profissionalismo e competência prezada pelos seus funcionários, isto longe dos factores da desmotivação no funcionalismo público e «iceberg dos problemas», tais como a falta de uma boa liderança, falta de prioridades, falta de recursos, falta de consenso quanto à importância dos projectos que a Administração deve levar a cabo, incoerência e benefícios não percebidos, falta de prioridades, comportamentos negativos dos vários responsáveis da Administração Pública e apoio gerencial da boca para fora, falta de transparência da gestão e aplicação ao contrário “sensu” do código deontológico do funcionários públicos.     

                                                     

Nessa conformidade, o Executivo angolano deve preocupar-se a melhorar cada vez mais as condições sociais e salariais dos funcionários públicos e, concomitantemente, a construção de um modelo de Administração Pública competente e motivada que contribua de uma forma geral, coerente e eficaz para a existência de um Estado de Direitos qualificado e uma Administração Pública fluida com os objectivos traçados, num país que cimenta a ordem, tranquilidade e coerência para todos os utentes que buscam os serviços da Administração. Por esse facto, dado os pressupostos e princípios administrativos que há, deve obrigar ou seja, o Executivo deve sentir-se obrigado sempre, a actuar com maior e máxima lucidez, objectividade e dedicação. Isto com boa-fé e na prossecução sempre do interesse público e na continuação da materialização do programa de Reforma Administrativa, em especial neste ciclo e período que o país atravessa, em que se exige cada vez mais a reforma das instituições e serviços do Estado.

 

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Politólogo & Jornalista