Kuando Kubango – A UNITA acaba de confirmar a perca política e histórica do seu antigo bastião, a Jamba. O facto ficou consumado nos dias 21 e 22 deste mês, quando uma delegação de alto nível, a primeira nessa dimensão desde o fim do conflito, se deslocou não apenas a Jamba, mas também aos municípios que configuravam as míticas “Terras Livres de Angola”.

Fonte: Club-k.net
Integrada por Sapiñala Chiwale, o número um do “galo negro” no Kuando Kubango e pelo deputado Manuel Savihemba a delegação em referência não conseguiu reunir quórum suficiente para realizar um comício na Jamba, cujo cenário ocorreria no local onde Jonas Savimbi fazia as suas mais importantes comunicações, o pavilhão 3 de Agosto.

Da Jamba, ou seja da comuna da Jamba que conta actualmente com cerca de 7 mil habitantes, Savihemba e Chiwale não conseguiram reunir acima de meia centena de militantes.  Falou se  com um habitante local que se identificou como sendo Pita Posi. O nome deve ser fictício, para quem “o povo estremece de raiva porque foi abandonado nos momentos mais difíceis. A UNITA, afirmou, “só aparece quando há eleições à vista e o povo já não vai com este tipo de políticos”.

Pita Posi vai mais longe e diz “as pessoas que seguiram Savimbi acabaram esquecidas pela actual direcção da UNITA. Nunca mais se viu o seu líder aqui e hoje já não há na Jamba espaço político para traidores”, enfatizou aquele antigo militante do “galo negro”, que desafiou a UNITA a publicar as fotografias da Jamba e suas gentes, datadas de 22 e 23 de Abril de 2016.

Tentativas para ouvir um oficial da UNITA que integra a comitiva, identificado por Liuma foram mal sucedidas. Luima limitou-se em dizer em off que “fica a Jamba um museu para a história” sem avançar pormenores.

A Jamba foi fundada em finais dos anos 70 por Jonas Savimbi e chegou a desafiar Luanda. Era a capital da Resistência do “Galo Negro” que, enquanto isso, irradiava todo um pensamento revolucionário contra o poder instalado em Luanda, reconhecido internacionalmente por muitos países do mundo.

Um dia Jonas Savimbi disse à população que a Jamba era uma capital para desafiar Luanda como era Cartago para Roma no século III AC quando Cipião o Grande dizia “Delenda Cartago”. Para Savimbi, se Luanda não destruía a Jamba deixava de ser a capital de facto de Angola em luta.

É neste contexto que Savimbi chegou mesmo a reunir na Jamba uma Conferência Internacional dos povos que se opunham a União Soviética, tal era o caso do Afeganistão, Cambodja, Laos e Nicarágua que enviara Adolfo Calero.

Na época Savimbi dissera que a Jamba reflectia um centro de decisão em África. “Quando a população da Jamba não poder transmitir a partir da Jamba a sua mensagem de esperança, então o nosso combate pela democracia e pela liberdade terá falhado”, dizia Savimbi que no entanto nunca pensara que o seu sucessor, Isaías Ngola Samakuva, fosse, em tão pouco tempo (16 anos) a esbanjar todo o capital acumulado, incluindo o apoio do povo das Terras Livres, que tinha.