Luanda - O país atravessa uma situação ecónomico-financeira particularmente difícil. O governo cancelou as admissões e promoção na função pública. Nas FAA, nenhum recrutamento militar oficial é autorizado, excepto o recentemente promovido pela Força aérea que pretende enquadrar nas suas fileiras jovens de 18 a 20 anos.

Fonte: Club-k.net

Todavia, o recrutamento oficioso está a funcionar no Exército, forças terrestres, e que consiste em enquadrar pessoas com idade superior a 35 anos. O Departamento de Recursos Humanos constitui o fomento desta operação. Os cidadãos, homens e mulheres enquadram-se com patentes de sargento, sub-tenente, tenente, capitão quando se sabe que há militares que aguardam entre 5 e 10 anos pela graduação e os recém-recrutados que entram sem concurso, nem treino, mas graças ao dinheiro são automaticamente lançados a patentes de oficiais. É uma injustiça que deve ser reparada.


Para o seu ingresso, os candidatos pagam entre 300 e 450 mil kwanzas., sem o fardamento, botas e outros. Quem quer com fardamento deve acrescentar 50 mil kwanzas. Uma vez efectuado o pagamento, no dia seguinte recebe a guia de marcha devidamente assinada pelo Chefe de do Departamento de Recursos Humanos do Estado Maior do Exército, para a sua apresentação na unidade da Funda, o centro para Deficientes, que se tornou no centro de recrutamento. A rede tem uma funcionalidade mais eficiente que a função pública, pois rende. O esquema montado é sofisticado, utiliza pessoal das FAA, de obediência do chefe de Departamento de Recursos Humanos. Este pessoal opera no Bairro da Gamek e no Rocha Pinto. Cada candidato recrutado, após pago é entregue a um oficial que funciona no quartel do Grafanil BPC, também proveniente do mesmo esquema, para o ensinamento da táctica militar, do nome da sua unidade, do comportamento a ter no quartel da Funda durante a formatura.


Uma vez finda a dita formação, entra no jogo um polícia militar, que também o homem do grupo, encarregue de levar o recruta na Unidade da Funda para a sua apresentação ao Comandante da Unidade. Todavia, vê-se que esses efectivos especiais não dominam a ética militar através dos seus comportamentos e às vezes traídos pela sua linguagem: "eu nunca fui tropa, nunca fiz recruta, é o meu tio que pus aqui". É óbvio que o comandante da Unidade e, talvez, o seu adjunto, fazem parte do esquema. Lamentamos o facto de, nessa nossa terra as denúncias ficarem sempre sem efeito pelo facto de a Direcção de Inspecção geral das FAA ser sempre ludibriada e não levar devidamente a efeito um trabalho sério e aturado de investigação junto do Departamento dos Recursos Humanos do Exército (pode ser estendida a outros ramos) para denigrir estes cabritos e os seus homens de mão a fim de pôr cobro a esta sujidade que despretigia as forças armadas, em particular, o país em geral. Deve-se tomar medidas punitivas começando por identificar o novo efectivo, pois os chefes são conhecidos e cancelar os ingressos enviados na Unidade da Funda ilegalmente efectuados este ano.


É do conhecimento de todos que a taxa de desemprego no seio da juventude é tão elevada que tira o sono das autoridades, o recrutamento destes velhos que na juventude não conseguiram enquadrar-se no funcionalismo criam frustração, pois onde é que conseguem esta soma, se eles não têm emprego. Com esta prática o exército corre facilmente o risco de acolher e esconder no seu seio elementos de boko haram, pois oferecem dinheiro para ser empregados.


Francamente, esta prática, ao atingir as nossas Prestigiadas Forças Armadas, mostra que o nosso País está doente. É preciso salvá-lo e tirá-lo do cataclismo ocultado em que está a ser levado, pois as leis são pisoteadas pelos corruptos que, cada dia que passa, ganham mais espaço, mesmo no que é considerado o nosso símbolo e guardião da disciplina e legalidade?

Militares da Unidade da Funda.