Luanda - O candidato do MPLA à Presidência da República, João Lourenço, acusou hoje a CASA-CE e o seu candidato, Abel Chivukuvuku, de serem "agressivos" e defenderem ataques violentos às instituições do Estado.

Fonte: Novo Jornal

Num discurso improvisado no Palanca, no fim de uma passeata entre o Golfe II e o Golfe I, João Lourenço acusou militantes da CASA-CE de terem ameaçado e instigado "ataques às instituições do Estado e a pegar fogo a carros do Estado", com o lidar Abel Chivukuvuku "ao lado e sem acabar com aquelas ameaças, demonstrando que concorda com elas".

 

Mas o candidato do MPLA foi mais longe e acusou Abel Chivukuvuku, embora sem nomear quaisquer nomes, de ter "demonstrado com esta atitude que está de acordo com as ameaças que foram feitas em 1992", altura em que, no pós eleições, a guerra foi retomada, tendo ficado célebre a frase proferida pelo actual líder da CASA-CE, na altura dirigente da UNITA, onde ameaçava "somalizar Angola".

 

João Lourenço lamentou ainda que 15 anos depois do fim do conflito armado ainda existam pessoas que "instigam ataques às instituições do Estado", embora sempre dando pistas sobre quem estava estava a falar mas mantendo omisso o nome de Chivukuvuku e a coligação CASA-CE.

 

"O MPLA soube perdoar e vai continuar a perdoar, mas a lei tem de ser cumprida, porque se assim não for, existe o risco de Angola se transformar numa Somália", disse Lourenço, fazendo mais uma referência à célebre frase de Chivukuvuku e aos caos em que vive aquele país do Corno de África.

 

O candidato do MPLA voltou hoje a dar uma lição cívica de como votar, recorrendo a um boletim de voto simulado de grandes dimensões, alertando, tal como a UNITA e Isaías Samakuva têm vindo a fazer com insistência, para a necessidade de não colocar o "x" fora do quadrado em branco, apelando as que os eleitores não confundam a bandeira do MPLA, tal como o líder da UNITA tem feito, até porque no seu caso, a bandeira do "Galo Negro" é muito semelhante à da APN, de Quintino Moreira.

 

Acusou ainda os partidos da oposição de estarem a espalhar boatos de que após as eleições "vai haver confusão", garantindo que "o Estado não vai permitir e as autoridades estão alertados, e o primeiro que tentar será tratado devidamente pelas autoridades policiais ".

 

"Ninguém tem direito de estragar a nossa festa. Quem tentar fazer confusão, vamos mete-lo na rua, como se faz aos bêbados que vão para as festas com o objectivo de as estragar", avisou, afirmando que podem ser preparadas "as festas de comemoração antecipada para depois do voto".

 

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

 

As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

 

Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

 

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.