Luanda - O Estado angolano já pode cobrar impostos em moeda estrangeira a algumas empresas, inclusive de forma oficiosa, conforme alteração ao Código Geral Tributário angolano aprovada em maio e que entrou em vigor a 17 de agosto.

Fonte: Lusa

De acordo com o teor das alterações aprovadas pela Assembleia Nacional e promulgadas pelo Presidente da República, documento ao qual a Lusa teve hoje acesso, estas visam criar "condições para que, em determinados casos, os impostos sejam pagos em moeda estrangeira".

 

A "principal vantagem é o aumento da disponibilidade de recursos monetários em divisas a favor do Estado", lê-se.

 

Prevê, a partir de agora, que "excecionalmente, a pedido do contribuinte ou oficiosamente, nos casos em que mais de 60% do rendimento total do contribuinte tenha resultado de proveitos em moeda estrangeira no exercício a que diga respeito, o tributo pode ser liquidado e pago em moeda estrangeira".


Ou sejam, para empresas nesta circunstância, a cobrança do imposto em moeda estrangeira poderá ser da própria iniciativa da Administração Geral Tributária, não sendo conhecidos critérios para essa decisão.

 

Num período de crise económica, financeira e cambial em Angola, a medida, de acordo com o texto da nova lei, refere que passará a ser possível à Administração Tributária utilizar os "mecanismos de compensação de créditos tributários por dívidas não tributárias, após prévio reconhecimento da dívida pela Unidade de Gestão da Dívida Pública".

 

A iniciativa legislativa foi do Governo e segundo defendeu anteriormente o ministro das Finanças, Archer Mangueira, justifica-se por razões de natureza geopolítica e conjuntural, "que impõe redobrados esforços às economias emergentes".

 

"O que se pretende na realidade é permitir ao Estado angariar mais recursos através da tributação em moeda externa, reduzindo assim a pressão sobre a balança de pagamentos e a realização da despesa no estrangeiro", admitiu Archer Mangueira.

 

Angola, atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, vive desde 2014 uma profunda crise provocada precisamente pela quebra nas receitas decorrentes da exportação de crude.