Luanda - A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) vai recorrer nos tribunais dos resultados das eleições gerais de 23 de agosto, que dão vitória ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), anunciou o mandatário do partido da oposição.

Fonte: DW

Estêvão Cachiungo falava aos jornalistas após o anúncio dos resultados definitivos pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), numa cerimónia em que não participaram os comissários nacionais eleitorais representantes dos partidos da oposição.


"Temos fóruns próprios, estamos a trabalhar para que a justiça faça com que se resgate a verdade eleitoral para cumprimento daquilo que a lei estabelece", disse o mandatário da UNITA, sublinhando que a ata dos resultados nacionais definitivos não foi assinada por todos os comissários nacionais eleitorais.


"Há problemas dentro da CNE que o senhor presidente não falou", disse Cachiungo, salientando que a posição dos comissários será divulgada ainda hoje (06.09) em conferência de imprensa.O mandatário do maior partido da oposição angolana, também nestas eleições a segunda força política mais votada, tendo alcançado 26,67% dos votos, disse não perceber "por que é que a CNE faz um exercício de tanta responsabilidade e oculta o que de facto está a acontecer".


"Vamos pedir ao tribunal a impugnação, estamos dentro da lei, estamos serenos, calmos", disse o político, reiterando a necessidade de que os processos eletivos angolanos sejam feitos "de acordo com a lei, sejam transparentes".


Oposição reuniu-se no último fim de semana para fazer reclamações contra o escrutínio provicinal da CNE


"As ruas estão cheias de polícias”


O responsável reforçou que "este processo não foi transparente, não foi de acordo com a lei e não é festa, porque as ruas estão cheias de polícias". A UNITA e outras forças políticas concorrentes - a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), o Partido de Renovação Social (PRS) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) - têm vindo a apresentar várias reclamações à CNE, nomeadamente aos procedimentos para o apuramento dos resultados provinciais eleitorais, entretanto julgadas improcedentes.


Também os resultados provisórios divulgados pela CNE, que davam já vitória ao partido MPLA foram rejeitados pela UNITA, CASA-CE e PRS, alegando que a contagem paralela efetuada por si, com base nas atas sínteses das mesas de voto, apontavam para dados diferentes.


A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) já felicitou o vencedor das eleições gerais de 23 de agosto, o MPLA, com 61,07% dos votos, e apelou às forças políticas derrotadas a manterem "serenidade e respeito" pela vontade dos cidadãos.


A posição foi expressa pelo presidente da CNE, André da Silva Neto, antes do anúncio dos resultados definitivos das eleições gerais angolanas, que confirmaram João Lourenço como o novo Presidente de Angola e Bornito de Sousa como o novo vice-Presidente. Nas suas felicitações, André da Silva Neto manifestou a convicção de que o partido no poder "mereceu a confiança da maior parte dos eleitores e que fará o seu melhor para a concretização dos anseios dos angolanos".

Às restantes forças políticas concorrentes - UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e APN - o responsável do órgão eleitoral angolano felicitou igualmente "pela sua participação na festa da democracia e por enobrecerem o país com a sua participação" nas eleições gerais.


Tentativa de descredibilizar o processo


André da Silva Neto lamentou, contudo, as declarações de alguns partidos, "que, imbuídos de má-fé, procuraram confundir a comunidade nacional e internacional, na tentativa de descredibilizar todo o processo eleitoral e o empenho da Comissão Nacional Eleitoral em realizar eleições credíveis, com afirmações torpes e destituídas de elementos de prova merecedoras do mínimo de credibilidade".


"A estas forças e pessoas coletivas e singulares lembramos que Angola é um Estado democrático e de direito, e que os mesmos têm a opção de fazer valer os seus direitos através de mecanismos legalmente estabelecidos, e não por via de ameaças físicas, morais ou psicológicas e difamações ou injúrias injustificáveis", disse o presidente da CNE.


O responsável do órgão eleitoral sublinhou que, colocados à parte alguns constrangimentos ocorridos durante todo o processo eleitoral, como perdas humanas e de meios materiais, e a tentativa de criação, por algumas forças políticas, "de um ambiente de desestabilização e intranquilidade", toda a atividade da CNE "decorreu num clima de serenidade e calma exemplares.