Lisboa – O titular da pasta do Interior, Ângelo da Veigas Tavares, prevê receber cerca de 30 porcento “de propinas”, do valor que será pago a empresa de construção e imobiliária “Jefran” pelo Ministério do Interior, por ter facilitado a parceria e ao mesmo garantir a protecção de Francisco Simões da Silva, soube o Club K junto de uma fonte próxima do empresário.

*António Gonçalves
Fonte: Club-k.net


Semanas antes da afirmação do último acordo, em 2016, entre o Ministério do Interior e a empresa Jefran, Ângelo da Veigas Tavares foi visto variadíssimas vezes a frequentar o escritório do (então) presidente do conselho de administração, Francisco Silva, localizado na comuna de Benfica, município de Belas. 

O Club K sabe que, em Fevereiro de 2014, no quadro da sua política social, a Caixa de Protecção Social do Ministério do Interior e a Jefran estabeleceram um contrato para a construção de 60 moradias no Benfica.

E este acordo ainda foi cumprido na totalidade. Mesmo assim, o ministério do Interior voltou afirmar um segundo acordo com a mesma imobiliária para a construção de mil e 200 vivendas do tipo T3 e T4, na Vila Jericó, situado na comuna de Benfica, em Luanda, e que até agora foram entregues ao Ministério do Interior apenas 43 moradias.

É sobejamente sabido que a imobiliária Jefran tem a má reputação de incumprir com os contratos que assina quer com os seus clientes, quer com os seus trabalhadores e colaboradores. Recentemente, dezenas de cidadãos acusam a direcção desta empresa de incumprimento contratual e burla.

A empresa que constrói residências para venda na modalidade de renda resolúvel, assinou inúmeros contratos com cidadãos que terão pago a totalidade dos imóveis e noutros casos, 60 a 70 porcento do valor total do imóvel, mas agora furta-se de proceder a sua entrega aos candidatos.

De acordo com os visados, que acusam a Jefran de deslealdade contratual, parte das residências já concluídas foram entregues ao Ministério do Interior. Desesperados, os cidadãos receiam a perda do seu dinheiro, uma prática comum nos promotores imobiliários angolanos e lançam clamor as autoridades competentes. 

Não é a primeira vez que a empresa é acusada de burla. Recentemente, uma cidadã acusou a Jefran de ser desonesta e incumpridora dos termos estabelecidos no seu contrato promessa para a compra de residências na Vila Jericó, entregues ao Ministério do Interior, por intervenção de Ângelo de Viegas Tavares.

“Está relação amigável existente entre o ministro do Interior e o sócio maioritária da Jefran, é que da azo ao Francisco burlar as pessoas”, garantiu a nossa fonte, acrescentando que “este senhor já burlou milhões e milhões de kwanzas as pessoas e o Serviço de Investigação Criminal se recusa a detê-lo a fim de ser responsabilizado civil e criminalmente”.

Nesta quinta-feira, 23, o Presidente da República, João Lourenço, admitiu a necessidade de "moralização" da sociedade, com um "combate sério" a práticas que "lesam o interesse público" para garantir que a impunidade "tenha os dias contados". O chefe de Estado falava no palácio presidencial, em Luanda, na tomada de posse do novo Inspetor-Geral da Administração do Estado, o comissário Sebastião Domingos Gunza, que transitou do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

"No quadro da necessidade de moralização da nossa sociedade, importa que levemos a cabo um combate sério contra certas práticas, levadas a cabo quer por gestores quer por funcionários públicos. Praticas que, em princípio, lesam o interesse público, o interesse do Estado, o interesse dos cidadãos que recorrem aos serviços públicos", apontou João Lourenço.
 
“Não obstante das palavras de João Lourenço, os gestores públicos continuam a sofisticar cada vez mais os seus métodos de roubar o Estado angolano”, realçou a fonte que promete denunciar nas próximas horas um esquema semelhante existente na empresa de comercialização de diamante Sodiam, onde um dos responsáveis tem distribuído ‘somas avultadas’ a um alto funcionário da Presidência da República de forma reiterada.