Luanda - Em um debate agradável, e desapaixonado (e ainda bem) de qualquer ideologia, com alguns amigos (analistas e académicos), sobre os mais diversos assuntos, especialmente aqueles que se tem destacado nos noticiários radiofónicos, televisivos, e feito manchetes em diários e semanários da nossa urbe.

Fonte: Club-k.net

O ponto fulcral da conversa, foi efectivamente, o exercício de “colocar as pessoas certas no lugar certo”, ou seja, qual será os parâmetros e/ou critérios que foram, e são utilizados, pelo recém eleito Presidente da República na nomeação de algumas pessoas.

O Presidente da República, João Lourenço, em dois meses, nomeou +/- 250 pessoas, e fez dezenas de exonerações (trocas), entre cargos políticos, empresas públicas e chefias militares.

A realidade, tem mostrado bem mais difícil do que seria suposto, em muitos casos, nomeações a partida contra producentes, à contra - mão do alicerçado no axioma “melhorar o que está bem, e corrigir o que está mal” e no combate contra a corrupção.

As interrogações e dúvidas residem, quando esbarramos com algumas destas indicações (nomeações), e concluímos que “não estamos a corrigir o que está mal”, (na maioria dos casos) nomeando essencialmente pessoas do passado, e com passado ligado à corrupção.

As mesmíssimas, que defraudaram as expectativas do povo angolano durante anos a fio, e esvaziaram os cofres do Estado, de novo a
galardoadas com novos cargos, clara aposta na continuidade (sai-daqui e vai para-acolá) no ensaio da famigerada dança das cadeiras, muda-se o jogo, mantém-se os peões.

É consabido, que uma boa parte destes nomeados, principalmente os anciões em matéria governativa, muitos onde (o povo sabe quem são) passaram, tiveram um fraco desempenho, plantaram e fomentaram todo tipo de males, desde os conflitos de interesse, constante violação dos procedimentos administrativos que regem a função pública, perda dos padrões morais, nepotismo, falta de ética e rigor, desvio desmedido de fundos, e até apropriação descarada de bens patrimoniais do Estado, como se da quinta da mãe se tratasse.

Sem terem herdado nada, turbo-acumularam riquezas de um dia para outro, de forma verdadeiramente primitiva ( chocante), um real atropelo a Lei da Probidade Pública.

Senhor presidente, ‘’ Como quer combater a corrupção, se a tens ao teu lado’’?

Ora, perante este contexto, como é que João Lourenço, vai materializar as suas ideias, e cumprir a sua agenda para governação de Angola, se está rodeado destes políticos, profissionais e técnicos cínicos, manchados pela (des) governação cessante, onde também são responsáveis pelo descalabro das contas públicas e co-participantes do crescente nível de miséria, e do actual quadro social de extrema precariedade que vive actualmente, mais de 20 milhões de angolanos.

Como recente exemplo, e uma mancha indelével ao Executivo de João Lourenço, temos o Caso Carlos Panzo, Ex-Secretário de Estado para os Assuntos Económicos do PR, exonerado logo depois de ser nomeado por se confirmar que o mesmo estava ser alvo de um processo-crime, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurara contra o Secretário dos Assuntos Económicos da Presidência, com base em factos denunciados pelas autoridades suíças, e que poderão constituir crimes face à lei angolana e suíça, designadamente branqueamento de capitais.

No entanto, nesta história da nomeação e exoneração de Carlos Panzo, demostra que João Lourenço, já provou do veneno das cobras que o rodeiam.

Face a este caso, é legitimo aconselhar João Lourenço, a exercer, um escrutínio melhor e mais apurado, antes de cada nomeação.

Os mesmos seguidores de hoje de JLo, eram os mesmos de ontem de JES, os mesmos que entre assobios contagiantes e ovações entusiásticas lançaram foguetes de festejo no lançamento da campanha “ tolerância zero”(logo depois açambarcaram o erário público sem dó, nem piedade) de JES, são exactamente os mesmos, que vi no encerramento do Seminário realizado pelo MPLA “Sobre os Desafios de Combate Contra Corrupção” a baterem palmas freneticamente a João Lourenço.

É necessário, que João Lourenço, actual Presidente da República de Angola, se distancie destes abutres de carne fresca, e se faça rodear de consultores, assessores e toda a sorte de colaboradores, com ficha limpa, ou seja imaculados de toda espécie de maracutaia, que ponha as pessoas certas, no lugar certo, para que não se caia no erro crasso, nomear cidadãos com processos e inquéritos-crimes em curso, quer seja, na justiça domestica e/ou externa, cidadãos com carimbo da corrupção estampados na testa, ou melhor, que lutemos todos, para que esta campanha aberta de luta contra os corruptos e corruptores, não caia na

falácia do falecido rifão, que nunca nasceu, a tal dita “ tolerância zero” .

Luanda, 15 de Dezembro de 2017.

Por: Sazi Khulula