Uíge - Em causa está o facto de o governador provincial, desde que foi nomeado, em Setembro do ano passado, não ter feito uma visita oficial ao município, que dista cerca de 180 quilómetros da capital do Uíge. O governador diz que é uma questão de agenda.

Fonte: Opais
Populares do município de Cangola dizem-se irritados com a postura do governador provincial, Mpinda Simão, por este não ter feito nenhuma deslocação oficial ao município desde que foi nomeado, em Setembro do ano passado, para governar aquela zona no Norte do país. Segundo os habitantes, Mpinda Simão tem-se limitado ao “conforto” da capital da província, deixando os munícipes de Cangola a mercê da sua sorte.

Diante da situação, os populares dizem-se ignorados e abandonados pelo Executivo do actual governador. Os habitantes desabafaram ao OPAÍS à margem de uma visita do ministro da Administração Pública, Trabalho e Segura Social ao município, que contou com a presença de Mpinda Simão na caravana, o que intrigou os populares, que viram o governador vindo de “boleia”, quando devia visitar o município com mais calma. “É vergonhoso o governador esperar o ministro para vir nos ver. Quer dizer, se o ministro não viesse cá, ele também não devia pôr os pés aqui.

Estava à espera de uma boleia para ver as nossas caras. Sinceramente, que tipo de governador é esse que temos”, desabafou Lando Maria, morador da zona. Cangola tem vários problemas que os munícipes precisam reportar ao governante, mas este ainda não visitou a zona, pelo que os populares sentem-se menosprezados e não veem sequer uma luz no fundo do túnel.

O idoso Nzola Makiady, de 71 anos, disse que o município enfrenta dificuldades sociais que, no seu entender, só podem ser resovidos com a constatação e olhar atento do governador, já que a Administração local demonstra incapacidade para resolver.

“Aqui não temos nada. Precisamos de muita coisa. E sempre que vamos à Administração nos dizem que não há recursos e que tudo depende do Governo provincial. Mas o próprio governador é esse que nos ignora ou não quer saber de nós”, lamentou.

Dentre as grandes queixas da população destacam-se a falta de escolas, de hospitais e de moagens para transformar a mandioca e o milho (dois produtos fortes da agricultura local), em farinha. Pedro José, soba, disse que essas preocupações já são do conhecimento da Administração local, que não tem vindo a dar tratamento e soluções práticas.

“Se aqui na Administração não temos respostas, então a nossa solução é o governador. E nós, mais velhos, já não temos idade nem condições para chegarmos até a capital da província, ainda mais com esta distância a que nos encontramos. Logo, a solução passa pela visita do governador por cá.

Só assim poderá governar melhor. À distância não”, atestou. Juventude clama por autarquias A juventude local também está desapontada com a postura de Mpinda Simão que, no entender do morador Zeca Longueno, igualase ao do antigo governador, Paulo Pombo.

Para o jovem, Pombolo fez muito pouco em prol do município e agora o receio é que o actual siga o mesmo caminho. “Das boas coisas que se fez, até ao momento, é a estrada que liga a capital ao município. De resto, continuamos na mesma. É que os nossos governantes dificilmente saem dos seus gabinetes, o que não ajuda na boa governação. Por isso é que estamos ansiosos com as autarquias.

Se calhar será a solução dos nossos problemas”, apontou. “Não foram esquecidos” O contacto entre as populações e Mpinda Simão, que aproveitou a “boleia” do ministro na zona, tal como dizem, foi rápido.

Depois de ouvir as inquietações dos munícipes e as autoridades tradicionais, o governador disse que, até ao momento, ainda não efectuou uma visita à zona por questões de agenda.

Contudo, deu a conhecer que, apesar da ausência, tem conhecimento das dificuldades que as populações enfrentam e tem delegado, à Administração local, a prestar todo o apoio que estiver ao seu alcance.

De acordo com Mpinda Simão, as populações de Cangola, apesar dos problemas que enfrentam, não foram esquecidas e, prometeu, nos próximos tempos, efectuar uma visita oficial para poder ouvir os habitantes de forma mais aturada.