Roménia - Os estudantes angolanos que estudam no exterior com o auxílio do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo, INAGBE, se sentem abandonados devido aos longos atrasos dos pagamentos dos subsídios que cobrem os custos com alojamento, alimentação, material escolar e transporte.

Fonte: VOA

Abandonados pelo governo e há cinco  meses sem subsídio

No entanto, o que faz a situação deles tornar-se ainda mais crítica é quando ficam doentes e precisam marcar uma consulta com um médico ou ir para um hospital. É nessa hora que descobrem que estão sozinhos e sem apoio.

 

Em entrevista concedida à Voz da América, Raimundo Pedro, que é estudante do 3˚ ano de engenharia na Universidade de Petróleo e Gás de Ploiești, Roménia, disse que quando conseguiu a bolsa de estudos do INAGBE não foi informado que teria que pagar para ter seguro de saúde.

 

Ele lembra que lhe disseram que tudo estava bem, que a Roménia era um país bom, e que o INAGBE iria apoiar.

 

“O INAGBE vai lhes proteger. Vamos estar sempre ligados convosco”.


No dia 20 de Maio, Pedro ficou muito doente e foi levado para o Hospital Provincial de Urgência Boldescu. Foi diagnosticado com uma torção do córdão espermático e precisou fazer uma cirurgia naquele mesmo dia.

 

Como não tinha seguro de saúde precisou contar com a caridade de uma família romena para pagar as despesas da cirurgia de emergência e do tratamento que está tendo que fazer até a próxima cirurgia, que foi agendada para o dia 22 de Junho.

 

“A única solução era ser operado porque se eu permanecesse na mesma situação não teria mais chance. O testículo teria que ser cortado definitivamente.”

 

Sem seguro de saúde os gastos se acumulam rapidamente. A cirurgia feita em Maio e os medicamentos para o tratamento já custaram até agora 3.500 euros.

 

“Se não fosse essa família eu não poderia estar fazendo nada”.

 

Segundo o estudante, o médico que o operou ficou surpreso de saber que Pedro não tinha seguro de saúde.

 

“Os médicos quando perguntam cá, tem seguro de saúde, e tu dizes que não, ele te pergunta, como chegaste aqui sem um seguro de saúde”.

 

Pedro disse que o consulado angolano tem ajudado bastante e que um documento oficial com consultas, receitas e faturas já foi enviado directamente ao INAGBE, mas o instituto não deu ainda nenhuma resposta.

 

Pedro, que já está doente há várias semanas, aguarda ansiosamente uma resposta, juntamente com um apoio financeiro para que possa fazer a cirurgia marcada para o dia 22 de Junho, bem como poder pagar os valores emprestados para cobrir as despesas com a cirurgia feita em Maio e o tratamento.

 

Pedro explicou que está a tomar muitos medicamentos e que precisa de repouso. Neste momento, ele corre o risco de perder os exames e ser reprovado na universidade.

 

Pedro concluiu a entrevista fazendo um pedido à directora do INAGBE, Ana Paula Elias, para que entenda o caso e o apoie para que consiga melhorar. Ele sonha em se tornar um engenheiro para poder ajudar os mais necessitados, bem como a família.