Joanesburgo  – No seguimento de um pedido manifestado pela UNITA, o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço escreveu ao seu homologo sul africano, Matamela Cyril Ramaphosa solicitando a exumação e o respectivo repatriamento  do corpo do general angolano Arlindo Chenda Isaac Pena (na foto), ex-Vice-Chefe de Estado Maior das FAA, enterrado neste país, desde 1998. 

Fonte: Club-k.net

  Terá direito a honras  militares 

Cyril Ramaphosa, por sua vez indicou um conselheiro da presidência sul africana  que reuniu-se na quinta-feira (6), neste país,  com uma delegação indicada pela UNITA, liderada pelo brigadeiro na reforma Kamy Pena que deslocou-se ao cemitério de Zandfontein, na cidade de Pretória, para constatar as condições da tumba do malogrado general angolano.

 

Ficou acordado  as condições de exumação para breve, e para os meados do mês em curso, o mesmo segue para Luanda. Antes da partida lhe será rendida uma homenagem militar no aeroporto militar de Watkloof, em Pretória, conforme normas protocolares do Estado sul africano quando envolve corpo de uma alta patente militar.

 

Por morrer, aos 19 de outubro de 1998, em clima de divergência entre o governo angolano e a UNITA, as autoridades sul africanas, decidiram na altura, embalsamar o seu corpo, e lacrar  numa urna própria para que a qualquer momento a família pudesse reclamar o seu repatriamento para Angola.

 

O seu enterro em Angola estava incialmente previsto para finais do presente ano, em Lupitanga, província de Bié, no mesmo momento em que seriam sepultados os restos mortais do seu tio, Jonas Malheiro Savimbi, e de outros oficias da UNITA, mortos pelas forças governamentais em 1992, em Luanda, no desfecho as primeiras eleições gerais no país.

 

A UNITA, segundo apurou o Club-K, propõe, ao governo novas datas que seriam Fevereiro ou Março de 2019, que no seu  desejo, faria coincidir com a data do falecimento de Savimbi, ou com a da fundação do partido.

 

O assunto da transladação dos restos mortais destes oficiais da UNITA começou a ser reclamada pela direção de Isaías Samakuva, ainda na Presidência de José Eduardo dos Santos, que se mostrava desfavorável em dar desfecho ao assunto, por alegados receios de que o local do enterro fosse captar atração de cidadãos e turistas interessados pela historia de Savimbi.  

 

Arlindo Chenda Pena, que terá finalmente os seus restos mortais transladados para Angola, foi um guerrilheiro, também conhecido por “Ben Ben” em homenagem ao líder revolucionário argelino, Ahmed Ben Bella. Teve formação militar na Europa e qualificou-se como instrutor de artilharia na academia Real de Guerra Marroquina.

 

Em 1992, escapou a um atentado por parte das forças leais ao Presidente José Eduardo dos Santos quando escapava de Luanda, numa viatura com o seu irmão, Elias Salupeto Pena, que foi entretanto assassinado durante a fuga, nos arredores do município do Sambizanga.

 

No decurso de novas conversações entre Governo e UNITA, regressou a Luanda, anos depois culminando com a sua integração no exercito angolano onde ocupou o cargo de de Vice Chefe de Estado Maior das FAA. Na realidade era um chefe decorativo (não lhe era confiada missões). Acabaria por ficar mais em casa e a situação muito lhe abalava. Era apenas chamado para ser apresentado quando fossem a Luanda delegações estrangeiras.

 

A 14 de outubro de 1998, foi evacuado para África do Sul no seguimento de uma assistência no posto de saúde do exercito que lhe atribuía paludismo. Paralelamente, sectores da inteligência da África do Sul telefonaram ao então SG, da UNITA, Lukamba Paulo “Gato”, no bailundo, para que este transmitisse a Jonas Savimbi que o seu sobrinho iria morrer por ter sido infectado com bactérias de laboratórios. Apos 5 dias, o general “Ben  Ben”, não resistiu acabando por falecer numa clinica em Johanesburgo por alegada “paralisia renal e problemas pancreáticos. “

 

Na altura a direção da UNITA, a partir do bailundo rejeitava a versão do governo de Angola quanto a morte de “Bem Ben” alertando que dispunha de informações segundo a qual os especialistas  sul africanos teriam detectado, durante a autopsia substancia contaminosa no seu sangue.

 

Em Luanda, o acompanhamento da evacuação de “Ben Ben”,  para África do Sul esteve ao cuidado do general Antônio José Maria, ex- chefe da inteligência militar gerando desconfianças na veracidade da versão do alegado paludismo como causa da sua morte.

 

Há oito anos,  Demarte Dachala Pena, filho de “Ben  Ben”, lançou, na África do Sul, onde vive, um livro, intitulado “My Royal Rebel blood, (Behind theses scars)”, em, português “Por detrás das magoas do meu sangue rebelde”, em que mostrou   duvidas de que o seu  pai  tivesse  morrido de paludismo como atestava a versão do regime angolano.