Luanda - Em minha singela opinião, acho que é chegado o momento do Executivo angolano, assim como seus privados, pensarem seriamente na criação de Centros de formação profissional, Escolas ou Institutos Médios e Superiores versados ao ensino da Estatística, para uma melhor concretização do Plano de Produção Estatística à Médio e Longo prazo, sobretudo numa fase do país, em que o poder político vem mostrando vontade de mudanças para melhores práticas de gestão, do bem público.

Fonte: Club-k.net

Ora, a meu entender, o Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ) 2013-2020, deveria priorizar entre outros, especificamente, a formação de Quadros Médios- Técnicos e Superiores em Estatística. Ainda mais, quando começamos a falar de criação de Autarquias. Pois, as Administrações Autárquicas devem possuir Bases Estatísticas bem organizadas e mesmo sofisticadas, desde as suas condições materiais e físicas às condições do aspecto, “capital intelectual". E isto, implica investir na formação, e concomitantemente, na informação de dados fiáveis.

 

Por conseguinte, mesmo sem termos feito um diagnóstico sistematizado, de necessidades de Formação de especialistas em Estatística a nível do país, facilmente conseguimos perceber a existência da carência de pessoal especializado nesta área do conhecimento. Quase todos os dias lemos, ouvimos, e vemos através, sobretudo da comunicação social, especialistas de diferentes sectores ou áreas, nas suas intervenções, a abordarem determinados assuntos, mas ao mesmo tempo reclamando a quase inexistência de Dados Estatísticos, de forma, a se aprofundar a compreensão de determinados fenómenos ou situações que vão acontecendo. Porquanto, a representação e compreensão de forma numérica, dos fenómenos e factos, constitui um factor de segurança e objectividade na qualificação destes mesmos fenómenos e factos, quando estudados ou interpretados.

 

Porém, é real, que a Escola Nacional de Administração (ENAD) tem feito um grande trabalho desde a sua criação há 10 anos, com Formações de curta duração em Estatística e não só, por formas a capacitar os nossos Quadros, sobretudo da Administração Pública.

 

Por isso, acha-se que já é hora de termos mais ENADs, ao menos em todas as capitais provinciais ou organizar-se por regiões, como se fez com as Instituições Públicas do Ensino Superior. Por exemplo, isto evitaria várias situações de deslocações de indivíduos vindos de províncias como Moxico, Cuando Cubango, Cunene, ou Lundas Norte e Sul, etc., para uma formação de capacitação na capital do país, Luanda.

 

E mesmo assim, se observamos, vamos perceber que no universo das formações ministradas pela ENAD, são poucas, àquelas versadas ao Ensino da captação, organização, análise e tratamento, ou processamento de Dados Estatísticos.

Razão pela qual, defende-se a ideia de que a Rede de Instituições de Formação da Administração Pública (RIFAP), criada e aprovada pelo Decreto Presidencial no 48/17, além de ser constituída pela Escola Nacional de Administração (ENAD), pelo Instituto de Formação da Administração Local (IFAL), pelo Instituto de Formação de Finanças Públicas (INFORFIP), pelo Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), pelo Instituto Nacional de Formação de Quadros da Educação (INFQE) e pelo Instituto Nacional de Estudos Judiciários (INEJ),


já deveria ser igualmente constituída por um Instituto ou Escola Nacional de Formação em Estatística com núcleos ou sedes provinciais.

Ainda assim, se tivermos Centros de formação profissional, Escolas e Institutos Médios e Superiores especializados ao ensino de CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS, até a própria ENAD deveria beneficiar-se, através dos Formadores futuros que sairiam destes Centros, Escolas e Institutos, e consequentemente teríamos um Instituto Nacional de Estatística (INE), mais eficaz e eficiente na concepção, execução e operacionalização de seus planos, acções e tarefas, e o país reduziria significativamente a importação constante de Quadros estrangeiros, ao menos nesta área do saber. E por outro lado, as organizações, empresas e instituições, melhorariam significativamente a organização de seus Dados Estatísticos, e isto, atrairia mais investimento directo estrangeiro para o país. Porque, a qualidade e domínio das Estatísticas, associadas aos sistemas de tecnologias de informação e comunicação, podem constituir um factor de competitividade entre produtos, organizações e países.

 

No entanto, tendo em conta a competitividade a nível regional, continental e mesmo internacional, e numa altura em que a nível do sector da economia, discutimos muito sobre a questão de adesão à zonas de livre comércio, é chegado o momento de começarmos de facto, a operacionalizarmos rigorosamente, os nossos investimentos no Processo Formativo de Estatísticos, augurando, neste sentido, num horizonte temporário de Médio e Longo prazo, resultados positivos da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Estatístico (ENDE), integrando-o, obviamente, no Sistema Estatístico Nacional (SEN). Tal, traduzir-se-ia, numa melhoria significativa, das nossas projecções de crescimento e desenvolvimento.

 

Por outra, por se tratar de um aspecto estrutural e transversal, poderia se pensar mesmo a partir de agora ou das próximas reformas curriculares que o país possivelmente terá, na implementação da Estatística, enquanto disciplina, ou numa primeira fase, introduzi- la como tema de todos os programas escolares de matemática dos diferentes níveis de escolaridade. Pelo que ela, a Estatística, não deixa de ser um ramo da matemática. A este respeito, tendo em conta o défice “mais que visível” dos resultados em matemática ou em disciplinas relativas à ela, por parte dos alunos e estudantes a nível do país, poderia se propor ao Executivo angolano, uma reforma mais especializada. Isto é, preocupar-se inicialmente, em realizar-se uma reforma do ensino da matemática, a nível de todo o país.

 

Ainda, pode-se ir um pouco mais além, com os argumentos, afirmando, que “não podemos falar com bastante optimismo de uma agenda de Angola 2020, 2025, 2030 ou 2050, sem de facto, mantermos um domínio rigoroso dos nossos dados Estatísticos, porque são de grande utilidade na concepção e realização das políticas públicas, e mesmo nas tomadas de decisões.”

Docente *