Luanda - Está marcada para o dia 09 de Novembro a apresentação ao público de «A Célebre Batalha do Cuito Cuanavale – Memórias de um Soldado», de José Nkai. A cerimónia terá lugar no Museu das Forças Armadas, em Luanda. A obra testemunhal sai pela Tamoda Editora e marca a estreia do então miúdo do Soyo recrutado aos 16 anos pelas FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), exército governamental apoiado pela tropa cubana. A batalha deu-se entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. A data entretanto permanece alvo de contestação. Nesta grande-entrevista em exclusivo ao Blog Angola, Debates e Ideias (Angodebates), José Nkai, em tom descontraído, destapa o véu à obra, que considera ser o primeiro relato de subalternos do último escalão sobre uma batalha “monopolizada” por altas patentes e por vezes por quem por lá não passou. O autor rebateu a polémica do “inimigo de ontem”, UNITA, aliada do regime de apartheid sul-africano, na voz do general Kamalata Numa. Este, num artigo publicado este ano, por ocasião do 23 de Março, qualificou de “ficção” a Batalha do Cuito Cuanavale, crucial para que a Namíbia se tornasse independente.

Fonte: Angola Debates

Blog Angola, Debates e Ideias (Angodebates): Quem é o José Nkai?

José Nkai (JN): José Nkai é um cidadão que naceu no Soyo, provincia do Zaire, homem de certas convicções, acredita no destino, batalhador e empreendedor. Alguns o caracterizam de impulsivo e outros o encaram como homem de virtudes, é amigos dos seus amigos, gosta da verdade e às vezes é muito frontal. Vive em comunhão de mesa com a dona Maria Antonia Garcia e é pai de oito filhos.

Angodebates: Como se deu a sua entrada para as FAPLA? É daqueles que foram rusgados ou se entregou voluntariamente?

JN: A minha entrada às FAPLA foi de forma livre e espontânea depois de estar muito saturado em me esconder das rusgas, apesar de na altura não possuir uma idade apropriada para o serviço militar.

Angodebates: Como é que um adolescente da província do Zaire, município do Soyo, foi parar ao Cuito Cuanavale, província do Kwando Kubango?

JN: Inicialmente nem mesmo eu sei como era gerido o processo de recrutamento, mas com o tempo, fui fazendo a seguinte reflexão em torno do facto: a conclusão que a minha razão encontrou consistia talvez na integração do país. Sabe-se que depois de 11 de Novembro de 1975, o país ficou dividido ideologicamente, sendo que os do mais ao Norte de angola eram considerados como zairenses ou simplesmente os da FNLA; os de Luanda, capital do país, como sendo os mais do MPLA, enquanto os do Sul, da UNITA. Daí, acredito que dentro da estratégia do MPLA e para quebrar tal gelo, fazendo reforço da palavra de ordem que dizia “de Cabinda ao Kunene um só povo uma só nação”, acho que se alinhou ao tal pressuposto. Hoje mais do nunca, vivemos nessa integração sem limites. A prova disso é o meu exemplo: a minha esposa é da província de Benguela. [ri-se]

Angodebates: Quais foram as principais dificuldades no processo de adaptação, de rapaz da vida civil a recruta, e depois na frente de combate?

JN: Olha, a minha adaptação foi rapida, se calhar, por na altura não possuir nenhuma responsabilidade à minha volta, isso porque ainda reinava nos jovens e adolecentes aquela euforia, idependentemente das suas convições politicas na altura, a defesa da Pátria era fundamental. No meu caso, pese embora certas adversidades, no fundo queríamos ver uma Angola livre e em paz.

 

Angodebates: No livro institucional intitulado «FAPLA – Baluarte da Paz em Angola», José Nkai aparece de canhão morteiro ao ombro. Aquilo foi uma sessão na retaguarda? Em que dia, mês, ano e localidade foi feita a reportagem? Quem foram os jornalistas?


JN: [ri-se] Companheiro, a arma no meu ombro não era Morteiro – só para rectificar –. Era, sim, um míssil portátil antiaéreo. Chamava-se «Flecha C2M», possuía capacidade de derrubar qualquer tipo de avião, quer de caça-bombardeiro, quer de carga. Porque em toda a extensão da província do Kwando Kubango, com maior destaque na via que liga cidade de Menongue a Cuito Cuanavale, era recorrentemente fustigada pelos ataques aéreos da parte do exército sul-africano e seus aliados que apoiavam o outro lado beligerante no conflito armado angolano.

Aquilo não se tratava de uma simples sessão de retaguarda conforme a sua pergunta, era mesmo real e, olha, honestamente falado, eu nem sequer me lembro em que momento foram captadas aquelas imagens. Obtive-as numa das exposições fotográficas no Ministério dos Antigos Combatentes, pela parte do Focobacc – Fórum dos Combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale.

Quanto à data, se a memória não me atraiçoa, terá sido em finais de 1987. Agora lembro que nesse período havia alguns repórteres de guerra da Televisão Angolana (TPA), que iam em diferentes frentes de combate. O cameraman responsável daquilo (soube mais tarde) chamava-se Carlos Henriques. Nem sei se este senhor ainda vive... Mas se ainda vive, devo honestamente reconhecer a sua coragem em ir fazer reportagens e imagens reais em zonas de hostilidades naquele período.

 

Angodebates: Qual foi a motivação para escrever este “A Célebre Batalha do Cuito Cuanavale – Memórias de um Soldado”?

JN: A minha maior motivação consiste apenas em disseminar informações daquilo que vivemos naquela parcela como soldados. Isso o povo angolano até então só ouvia versões históricas dos comandantes e daqueles que eram os decisores daquela nefasta guerra, em nenhum momento ecoou uma voz de um soldado, a pergunta que se coloca é a seguinte: será que na referida guerra só existia ou só foi feita pelos Generais? Acho que não, daí surgiu a inspiração em manter em escrito as minhas lembranças... Mas gostaria deixar muito bem claro aqui que a descrição que consta do meu livro, foram todos os cenários que eu vivenciei enquanto militar de 1985 à 1989 naquela região do Cuando Cubango, por falo na primeira pessoa.

 

Angodebates: Para além do recurso à memória, teve outras fontes para completar o livro?

JN: Não exactamente, excepto quando me estivesse a escapar nome de um colega que seria objecto da minha citação, varias vezes recorri ao Eugénio Samety para me fazer lembrar de um ou do outro. Mas todas as memórias foram colectadas simplesmente por mim.

 

Angodebates: Tem-se dito que o pior de uma guerra é quando ela termina, na medida em que os seus protagonistas não se conseguem livrar tão facilmente dos traumas e marcas da brutalidade. Esse livro pode ser visto como uma terapia para o José Nkai, uma espécie de exorcismo, ou não sofreu assim tanto enquanto soldado?

JN: Bom, não sei exactamente o que quer dizer com essa afirmação. Mas eu tenho um ponto de vista diferente. Na vida devemos ter princípios de auto-superação, isso é como se alguém que nasce defeituoso ou que a adquire ao longo do tempo, necessariamente procura maneiras de encontrar a melhor forma de sobreviver...

Agora, quanto ao sofrimento... [ri-se] Seria possível alguém estar mergulhado num teatro de operações de guerra estando numa situação entre vida ou morte sem ter nenhuma marca? Nós não devemos ver aquele cenário como se fosse uma peça teatral... Acho que não... A vida militar, mesmo feita em tempos de paz, não deixa de ser mesmo difícil, a começar pela fase de instrução até ao cumprimento de qualquer missão. Só quem já passou nisso consegue sentir. [ri-se]

No meu caso, não se trata de nenhuma terapia nem tão pouco uma espécie de exorcismo nem trauma. [ri-se] Felizmente tenho vindo a superar aos poucos, agora resta saber dos outros, que também lá estiveram, como andam psicologicamente.


Angodebates: Concorda com a leitura segundo a qual muita gente gostaria de escrever memórias mas acaba ficando inibida pelo medo de ser mal interpretada?

JN: Cada um tem o seu ponto de vista a cerca disso e é difícil responder. No meu caso, não acho bem assim. Bem ou mal interpretado, acho que é questão de se ver como exteriorizam os contextos da sua versão histórica. Do meu ponto de vista, deve haver a coragem do contraditório, caso a informação não confira com uma certa verdade, aí sim.

Posso admitir que hoje se calhar muita gente quer escrever, sim, mas não encontra espaços certos por falta de recursos. E as pessoas superavits, em termos de dinheiros em Angola, não estão interessadas em contribuir nisso ou apoiar quem possui determinadas memórias que possam ilustrar certos fenómenos que vivemos em diferentes pontos de angola, quer da parte das FAPLA quer da parte das FALA. Dos poucos que tiveram essa sorte ou foi com a ajuda de pessoas bem próximas, ou dos familiares, ou ainda por instituições internacionais que tinham interesse em determinados aspectos que serviria como seus suportes.

 

Angodebates: Para estas pessoas, que conselho deixa?

JN: “Água mole em pedra dura, bate, bate, até furar”. Devemos escrever mais sobre esta Batalha. Reconheço que não é fácil encontrar alguém disposto a patrocinar a edição de um livro, mas devemos continuar a bater às portas... Se calhar quando menos esperarmos, podemos ter portas abertas, como foi no meu caso.

 

Angodebates: Agora, uma pergunta corriqueira: quanto tempo levou para escrever a obra?

JN: Tive a ideia de começar a escrever o livro em 2013 quando terminei a minha formação superior pela faculdade AIEC. Mas depois houve um certo abrandamento da minha parte, se calhar devido a muitos factores externos e da própria conjuntura laboral e comercial. Já em 2016, comecei novamente a rever aos poucos o que ja existia como matéria bruta de forma mais intensa e fui alinhando as ideias. De lá para cá, posso dizer que foram quase dois anos de trabalho aturado, com maior incidência em meados do mês de Novembro de 2017, numa altura que me encontrava bastante abalado em virtude de alguns negócios que havia feito e tive enormes prejuízos. Na verdade fiquei meio frustrado. Daí para afogar as mágoas, procurei refrescar a memória escrevendo. E tenho vindo a reproduzir outras memórias dia após dia. [ri-se]

 

Angodebates: Houve patrocínio ou sai com fundos próprios?

JN: [ri-se] Eu preferia não comentar acerca disso, mas vamos partir pelo pressuposto de que o José Nkai, para além de ser funcionário da SonAir, hoje é também um empreendedor. [ri-se] Logo, já pode encontrar resposta nisso, embora haja sempre ajuda de alguns amigos mais chegados. [ri-se]

 

Angodebates: Sobre o assunto, já outros protagonistas escreveram e debateram. O que é que, na sua perspectiva, o livro vem acrescentar à compreensão do leitor?

JN: Eu acho que os mais atentos têem vindo a acompanhar diferentes relatos isolados quando se avizinha o dia 23 de Março em cada ano e, dos debates até hoje vistos em algumas cadeias televisivos, em Angola, quer a estações de rádios ou mesmo na TPA, em minha opinião tem havido muito pouco espaço para os actores directos dessa Batalha. Ouvem-se mais, até, de pessoas que nem sequer passaram por lá, e isso entristece-me. Eu acho que a abordagem desse assunto devia ser mais inclusiva e mais abrangente para se colherem diferentes pontos de vistas em todo território nacional onde possui rádios ou centros de produção de TVs. Já se passaram quase 30 anos, acho que já é hora de reverter o quatro... Consegues imaginar quantos fazedores desta história se encontram espalhados por essa Angola? Ao invés de limitar o testemunho de alguns Generais, deviam também dar um espaço aos subalternos do último escalão a expressarem-se a respeito, em minha opinião. [ri-se]

 

Angodebates: A seguir a Luanda, que outros lugares constam do roteiro de lançamentos?

JN: Queremos levar essas memórias em todas as provincias do nosso país (Angola) e quiça em todos os cantos do mundo, não queremos nos limitar apenas em Luanda. [ri-se]

 

A BATALHA

Angodebates: A Batalha que dá corpo ao livro ocorreu entre 15 de novembro de 1987 e 23 de março de 1988, estando de um lado o exército de Angola FAPLA (apoiado pela tropa cubana) e do outro as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), então movimente rebelde de guerrilha apoiado pela tropa sul-africana. Sabemos que não há consenso sobre os factos históricos, mas já falaremos disso daqui a pouco. Por enquanto queremos ouvir a sua avaliação da relevância e dos ganhos que representou o acontecimento para a história de Angola.

JN: No meu ponto de vista, os ganhos são visíveis e reconhecidos em todos os países que melhor benefício tiraram ou vêm usufruindo com aquela victória das FAPLA no campo de Batalha em 23 de Março de 1988. Foi através desta batalha que o exército angolano passou a ter mais protagonismo na região da SADC e países como a Namíbia e a África-do-Sul saíram do jugo de uma política que lhes frenava. Proporcionou-se na região uma maior liberdade e a Independência, foi ainda através desta batalha que na África-do-Sul conheceram o fim de regime de Apartheid e consequentemente a libertação do Nelson Mandela. Cá entre nós permitiu abertura para um diálogo que culminou com a assinatura dos acordos de paz em 31 de maio de 1991, entre outros ganhos.

 

Angodebates: Dizíamos há bocado não haver consenso sobre os factos e protagonistas da Batalha do Kwito Kwanavale, com a UNITA e o MPLA desencontrados em alguns pontos. Num artigo publicado pelo Club-K no dia 04.03.2018, por exemplo, o general Abílio Kamalata Numa, proveniente das FALA, acusa que “A dita Batalha do Kuito Kuanavale é uma ficção porque a verdadeira Batalha de 1987/88 foi a Batalha Lomba 87, esta foi uma de entre várias batalhas que se produziram naquele teatro de guerra”. Afinal o que se passou de concreto?

JN: Olha, eu por acaso vi e li sobre essa matéria. Eh, pá! Respeito a opinião do Sr. General Numa. Em minha opinião ele fê-lo como qualquer um o podia ter feito. Aquilo era como manifestar um direito de resposta quando atacado num facto. [ri-se] Vamos só aqui analisar uma questão prática: um confronto ou um jogo, normalmente só termina quando existir um vencido e um vencedor né?... Pois bem, reconheço e vale aqui dizer que a Batalha do Cuito Cuanavale teve os seus vários cenários técnicos e tácticos... Aliás, o meu livro de memórias ilustra muito bem e mostra os seus claros e os escuros que nortearam todos os cenários que éramos envolvidos entre 1985 e 1988.

Ainda acerca disso, importa aqui salientar, quanto aos desaires que as FAPLA tiveram no rio Lomba em duas ocasiões (1985 e 1987), que não representavam um final dos confrontos, atenção! Nessas épocas as FAPLA tiveram os seus momentos menos bons, confesso... E todo o interveniente que também participou dela, pode reforçar esse meu testemunho.

O General Numa quando citava no visado o texto “A derrota das FAPLA e das tropas cubanas na Batalha Lomba 87 foi à derrota da Rússia e Cuba que tinham em Angola a trincheira firme para a expansão do comunismo na parte Austral da África. Na mesma dimensão se situa o Acordo de Bicesse entre o Governo de Angola e a UNITA, que permitiu as primeiras eleições democráticas no país em 1991 para se voltar aos Acordos de Alvor violados pelo MPLA em 1975.” [ri-se] - Muito sinceramente eu não me lembro na altura o exército angolano FAPLA querer expandir o comunismo na Região da SADC através das forças cubanas ou soviéticas na altura, salvo informações que eventualmente possam transcender o meu conhecimento…


Mas o ilustre General, se calhar, esqueceu-se que na tentativa da perseguição que a UNITA (FALA) e os seus aliados pretendiam fazer do Lomba até à pequena vila do Cuito Cuanavale, as FAPLA, para vir-lhes dar o tiro de misericórdia, depois de terem atingido a parte em era considerada pivô daquela marcante ofensiva das FAPLA, com designação «Saudemos o Outubro de 1987», cuja maior vítima foi a 47.ª brigada de Desembarque e Assalto, as FALA e o exército Sul-africano fracassaram no dia 23 de Março de 1988 nas extremidades do Chambinga e do Tumpo, diante da defesa da 25.ª brigada.

Logo, o exército Sul-africano, como era o escudo das forças da UNITA, ao sair daquela batalha de 23 de Março perdedor e em debandada, acrescido de outras acções que foram perpetrados nas localidades do Calueke onde estava concentrado o maior grosso do comando Operacional sul-africana, estes ficaram sem norte e quase sem capacidade combativa de prosseguir com os seus intentos no Cuito e ele, o General Numa, se calhar, deve estar muito bem lembrado disso... Aquilo tinham sido acções combinadas e quase em simultâneo entre defender o Cuito Cuanavale e ripostar com golpes maciço na sua retaguarda, quando eles menos esperavam. [ri-se]

Portanto nessa batalha de 23 de Março, foi onde se deu a grande egemonia e o tríunfo das FAPLA com apoio dos cubanos ao sairem vitoriasos, disso acho que não temos nenhumas dúvidas, até porque os próprios protagonistas sul-africanos, que os apoiavam, hoje reconhecem isso...

 

Angodebates: É possível haver uma verdade sobre a batalha ou considera normal que nunca se chegue a consensos?

JN: Tem que haver muitos testemunhos à semelhança do que eu fiz no meu livro. Tem que haver muitos a escrever porque se assim não for, ficará difícil.

 

Angodebates: Acha que o facto de ser militante assumido do seu partido (MPLA) atrapalha o rigor que se impõe na sua faceta de académico ou nem por isso?

JN: Não, de que maneira! [ri-se] Quem ler o meu livro de memórias irá encontrar muita coisa até então não contada. [ri-se] Convido.

 

Angodebates: «Eu vou, eu vou / morrer em Angola / com arma, com arma / de guerra na mão. Granada, granada / será o meu caixão. / Enterro, enterro, será a minha patrulha.» Você chegou a entoar este canto de marcha?

JN: [ri-se] Muitas vezes e mesmo nos dias de hoje, quando a memória me leva a viajar, canto. Por que não?... [ri-se]

 

Angodebates: Se a história se repetisse, o José Nkai faria tudo de novo ou eventualmente só metade ou então iria viver para o estrangeiro?

JN: Guerra?! Nãããão... [ri-se] Eu acho que diante disso, emigraria. [ri-se]

 

Angodebates: Considera-se um herói? Porquê?

JN: Se é assim como se diz, por que não eu admitir que sim?! Até porque já fui condecorado medalha sobre Heroismo na Batalha do Cuito Cuanavale em Abril de 1988, medalhas essas que vieram do Estado de Cuba.

 

Angodebates: O que é Angola para si?

JN: Um País belo onde todos podem ter espaço para crescer e progredir.

 

Angodebates: Para terminar, uma provocação. Sabemos que José Nkai é um persistente empreendedor de referência no município do Soyo, província do Zaire, com intervenção na Prestação de Serviços e no apoio ao sector petrolífero, sem pôr de parte a componente de responsabilidade social com causas humanitárias. Qual das experiências considera mais difícil? Ser empresário num país em contexto de crise ou ser jovem na Batalha do Cuito Cuanavale?

JN: As duas coisas, porque a primeira foi um desafio e venci-o. Agora, a segunda variante, devo confessar que está a ser muito dura. Encontro pouco espaço para ajudar os meus compatriotas angolanos, há muito conflito de interesses. Hoje empreender requer muita inteligência competitiva, mas a luta continua, porque desistir... NUNCA!

Dizer também que a minha empresa preocupa-se muito com a componente social e já cobriu os seis municípios que a província do Zaire tem, contribuindo e ajudando comunidades mais carenciadas desde 2009, apesar de princípio ventilar-se de que com aquelas acções pretendia alcançar cargos políticos ou governamentais. Esqueceram-se de que a maioria das victórias que tive na vida advieram de muita gente anónima que hoje nem sequer tenho preço para com eles e a melhor maneira que de retribuir era ir ajudando outras pessoas, à semelhança da sorte que tive destes anónimos. [ri-se]

Muito obrigado.