Luanda - Talvez meio atrasado, mas, gostaria de conceder uma opinião sobre um dos aspectos destacados pelo presidente do país, João Lourenço, no encerramento do congresso em que foi empossado como presidente do seu partido, quando destacou ipsis litteris de que “(...) não há verdades absolutas (...)”.

Fonte: Club-k.net


Acredito que devemos pensar um pouco nestes fatores, pois, esta frase que envolve uma multiplicidade de ideias, faz parte de um conluio de pensamentos que não pode ser compreendida sem levar em consideração as épocas chamadas modernidade e pós- modernidade. Portanto, com ela, praticamente ele definiu a Pós-Modernidade.


O termo Pós-Modernidade, apesar do desgaste, é recente no campo acadêmico e filosófico, porém, a eliminação das verdades absolutas surgiu na época do grande despertamento do chamado iluminismo, que se compreendia como o ato de tirar o ser humano das trevas (entenda-se as trevas como metafísica) que se encontrava e transportá-lo para luz por meio da ciência.


Na verdade, essas ideias vão encontrar a sua consistência nos escritos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche que defendia que nenhuma verdade deveria dirigir os seres humanos.


Alguns compreendem este seu ataque apenas à metafísica ou religião; porém, abrange a todos os campos inclusive a ciência, que passou a ser uma substituição da rigorosidade religiosa católica. E, é bom lembrar que Nietzsche está produzindo as suas ideias nos finais do século XVIII, morrendo no ano de 1900 exatamente.


Neste sentido, cada um pode e poderia pensar como quisesse sem ter nenhum princípio orientando a sua vida. É assim que, haja vista que estamos na época em que tais ideias estão sendo colocadas em prática, não temos como negar que cada um acaba tendo a sua verdade e esta deve ser respeitada; ou seja, o indivíduo se torna o centro de tudo, justamente para contrariar as ideias anteriores, quando a religião era o centro e, posteriormente, a ciência passou a sê-lo.


Apesar da possibilidade de continuar discutindo sobre isto, mas, para facilitar a leitura e torna-la mais palatável, quero fazer a pergunta que me motivou a escrever estas poucas palavras: Se as palavras dos presidente da República significam exatamente isto, então com que pressupostos “totais ou absolutos” o seu governo se propõe a avaliar se uma religião é

verdadeira ou não e, como exigir 62 mil assinaturas quando há possibilidade de que alguma pessoa defenda a crença de que não precisa isto?


Parece-me que pode ter havido um pequeno equívoco ou conflitos de ideias ao pronunciar um termo que pode comprometer a sua fala e o exercício do seu trabalho.


Anselmo Muanda, Mestre em Ciências da Religião e Teólogo