Luanda - O analista da CapitalEconomics que acompanha Angola estimou hoje à Lusa que o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana enfrente uma recessão de 2% este ano, antes de voltar ao crescimento, em 2019.

 

Fonte: Lusa

"A projeção oficial ainda se mantém num crescimento de 1%, mas dada a forte queda do PIB [Produto Interno Bruto] no segundo trimestre, eu apostaria numa nova contração do PIB este ano, num valor à volta de 2%", disse John Ashbourne, em declarações à Lusa, no seguimento do envio de uma análise sobre a economia angolana aos investidores.

 

No documento, enviado antes de serem conhecidos, na segunda-feira à noite, os dados do Instituto Nacional de Estatística angolano sobre o segundo trimestre, que mostram um crescimento negativo de 7,4%, a CapitalEconomics estima que a contração económica de Angola tenha sido de 4,5% em 2016 e de 3% no ano passado.

 

"A recuperação será mais fraca do que a maioria doa analistas espera", dizem os analistas, sublinhando que "os preços baixos do petróleo, por exemplo, vão deprimir o poder de compra e forçar o governo a apertar a política orçamental", o que, vincam, faz com que a CapitalEconomics "apresente uma previsão abaixo do consenso dos analistas, estimando que o crescimento será de apenas 2% em 2019".

 

Sobre a evolução da dívida pública, esta instituição de análise com sede em Londres destaca-se pela previsão negativa, admitindo achar que "a maioria dos analistas está demasiado otimista sobre a dívida" de Angola.

 

"Em junho, o FMI estimou que o rácio da dívida sobre o PIB chegaria a 73% este ano, descendo para 70% em 2019", mas já este mês, na nova edição das Perspetivas Económicas para a África subsaariana, o FMI prevê que a dívida de Angola fique nos 80,5% este ano e desça para 71,8% no próximo.

 

"Pensamos que a dívida vai subir para 80% do PIB até ao final do ano e, com base nas nossas previsões para a moeda e o crescimento do país, colocámos a previsão da dívida pública nos 82% em 2019".

 

Os números, aliás, "podem muito bem ser até piores", dizem, apontando que "as divulgações de dados pelo Governo em Angola raramente são atempadas e o país tem sido acusado de reportar os números de forma errada relativamente à Sonangol".

 

A este respeito, lembram que uma auditoria do FMI de 2011 descobriu discrepâncias de 30 mil milhões de dólares e salientam que "uma surpresa nos números é tornada mais provável pelo ímpeto reformista do Presidente João Lourenço, que trocou cargos de nomeação política por tecnocratas que brevemente tirarão à Sonangol o seu papel de regulador da indústria".

 

Apesar de ser "um movimento positivo a longo prazo, melhorar a governação na Sonangol pode revelar problemas até agora escondidos", concluem os analistas.