Luanda - Eduardo Paim Fernandes da Silva nasceu em Brazzaville, capital da República do Congo no dia 13 de Abril de 1964, filho de Abílio Fernandes da Silva e de Maria de Sousa Paim, angolanos nacionalistas ligados à luta clandestina contra o colonialismo português que para poupar suas vidas refugiaram-se no Congo Brazzaville. É nesta cidade que Eduardo Paim viveu até aos 9 anos de idade.

Fonte: Wikipédia

Em 1971, ganhou da sua mãe como presente de aniversário, uma guitarra feita em madeira e cordas metálicas, embora sendo um brinquedo Eduardo viria a extrair sonoridades que rapidamente despertaram a atenção de todos a volta. Acentua-se aí o gosto pela música.

 

Em 1974 após ao 25 de Abril, com a queda do regime ditatorial em Portugal, dá-se o regresso à terra dos angolanos que do país fugiram pelas razões já acima citadas.

 

Em setembro de 1974 inicia uma inesquecível viagem na companhia de seus pais rumo a Luanda. De Brazzaville a Dolizie ambas cidades congolesas de comboio. Em Dolizie a família permaneceu cerca de dois meses, até que se dá a viagem rumo a Angola, entrando por Cabinda por via rodoviária. Cerca de dois meses foi o tempo de permanência naquela cidade até que finalmente no dia 22 de Dezembro de 1974, Eduardo tem a felicidade de conhecer a segunda cidade de Angola e consequentemente a tão aclamada, falada e cantada Luanda capital onde termina a 4ª classe. Nessa mesma altura Eduardo toma conhecimento de uma das canções mais badaladas da época, era da autoria e interpretação de um parente seu. Trata-se de Prado Paim com a canção Bartolomeu, que o motivou muito mais ainda, a um dia vir a ser tão famoso quanto o seu primo mais velho.

 

Em 1976 Eduardo regressa a Cabinda, fruto da grande adesão escolar em Luanda não consegue vaga. Tendo um irmão mais velho que pelo mesmo motivo os pais enviaram para o lar dos estudantes em Cabinda, Eduardo sugere aos pais que o mandassem para junto do irmão mais velho com o objetivo de não perder o ano letivo.

 

É nesse lar dos Estudantes que Eduardo conhece o Arcanjo então guitarrista (viola ritmo) do conjunto Bela Negra, e famosos daquela província, tais como: Petit Louis, Timex, a poetisa Amélia da Lomba, incluindo os integrantes do Super Coba de Cabinda. Nesta época Eduardo Paim aprenderá a trautear a canção: “Eh… avante povo/ África em luta/ pela libertação…”, um tema de intervenção, dedilhado de forma apaixonada e incipiente na primeira fase de contacto com o violão acústico. Dessa aproximação Eduardo ganha a privilégio de aprender os primeiros acordes com o Arcanjo que se mostrava bastante entusiasmado pela rápida capacidade de aprendizagem demostrada por Eduardo.

 

No decurso do ano letivo Eduardo Acaba por integrar uma pequena formação escolar, vindo mais tarde a fazer a sua primeira e precoce aparição pública no Cine Chiloango, por ocasião da festa do final do ano letivo organizada pela então escola Barão Puna, sessão essa em que foi efusiva e vivamente aplaudido por ser visivelmente o menor integrante, quer em altura e idade manuseando com bastante destreza, uma guitarra que até parecia maior que o seu executante.

 

Em 1977 regressa a Luanda para junto dos pais. Era cada vez mais evidente o gosto pela música.

 

De retorno a Luanda, munido dos preciosos ensinamentos do Arcanjo, Petit Louis e Timex, cria um pequeno grupo composto por colegas de turma na escola do ciclo preparatório Nzinga Mbambi de entre quais Eduardo Paim, Bruno Lara e Levy Marcelino. Esta agremiação que normalmente dava o ar da sua graça em eventos escolares aparece com maior visibilidade e já alargado, isto é: Com mais três vozes femininas sendo elas (Balbina, São e Bitó) num programa televisivo em homenagem ao primeiro presidente da nação angolana o Dr. António Agostinho Neto pelo seu passamento a 10 de Setembro de 1979. Angola vivia um momento de grande consternação, que ainda assim, não ofuscou o encanto por parte do público a aquela agremiação musical de jovem entre os 14 e 15 anos, que se identificavam com o nome de "Os Puros", e que musicaram poemas de Agostinho Neto em gesto de homenagem.

 

Estamos em 1980 e Eduardo Paim dá forma a um percurso localizado inicialmente no lar dos estudantes de Cabinda, onde conhece o músico Arcanjo.

 

Em 1981, decidido a prosseguir os estudos tenta sem simpatia por uma opção que se tornou involuntária, o curso de siderurgia no Instituto Industrial Pedagógico “Ho Chi Min” no Huambo. É aí que conhece um outro jovem também do instituto com quem experimenta novas sonoridades musicais. Trata-se de Jomo Fortunato do qual colheu a aprendizagem da notação dissonante, uma técnica que veio a influenciar, de forma positiva e inovadora, a estética das suas futuras composições.

 

Inconformado com o curso de siderurgia para o qual foi involuntariamente encaminhado pelo ministério da educação, Paim pede transferência para Luanda.

 

Em 1980, começa a trabalhar nos arranjos da canção “Carnaval”, que é lançada em 1981, pela rádio nacional de Angola. Uma fusão do Semba com o Compa, das Caraíbas.

 

Ainda em 1981, já reencaminhado para o então "Instituto Politécnico Karl Marx Makarenko”, onde reencontra os velhos amigos e então colegas, Paim reativa o grupo admitindo a entrada de outros elementos tais como o poeta Carlos Ferreira (Cassé) e Bibi constituindo assim o fim dos "Os Puros" e a fundação do grupo musical “SOS”. Armandinha, Milú, Nelson e Ferreira foram alguns dos vários membros que pelos S.O.S passaram.

 

“SOS precisa-se”, canção que nunca chegou a ser gravada, da qual respigamos alguns versos: “A folha verde está cair/ a razão está a secar/ quem estiver para desistir é melhor se enquadrar… Eu não sou um feiticeiro/ para adivinhar toda história/ mas vamos lá então saber/se ficou ou não na memória…/ SOS chegou, SOS precisa-se (refrão)”. Esta canção acabou por ser o mote homónimo e inspirador da designação do grupo.

Carlos Ferreira (Cassé),o autor do texto com a musicalidade de Eduardo Paim.

“Chão da gente” (1981), o primeiro álbum com textos de Carlos Ferreira e Eduardo Paim, foi o primeiro LP dos SOS, editado pelo INALD, que incluía o sucesso, “Dizer adeus”, interpretado pela voz feminina de Armanda Fortes.

 

A formação mais consistente dos SOS, acabou por integrar Eduardo Paim (teclas e guitarra solo), Levi Marcelino (guitarra ritmo), Bruno Lara (contrabaixo e teclas), Chico Madne (baterista), Bibi (pecurssão), Nelson (viola baixo), Carlos Ferreira (textos) e Ferreira (guitarra solo), o último abandona o grupo por questões de saúde, sendo depois substituído pelo guitarrista Simmons Massini que assumiu as funções de solista e ritmista.

 

Eduardo Paim emigra, provisoriamente, para Portugal, em 1988, sentenciando a morte do grupo e levando consigo duas experiências: a dos SOS, enquanto grupo, e a passagem como instrumentista e produtor musical, na Rádio Nacional de Angola.

 

De volta a Luanda, com os SOS desfeito, surgem os Kanauas (1988), com Eduardo Paim (teclas e programação da caixa de ritmos), Maninho (baixo), Ruca Van-Dúnem (teclas), Moniz de Almeida (voz) e Simmons Massini (guitarra).

 

Eduardo Paim é um músico angolano que exerceu uma grande influência no circuito musical angolano na década de 80, surgindo no início da década de 90 em Portugal, como um dos mais influentes criadores do género musical conhecido como Kizomba[1].

 

Em 1990, atinge notoriedade no mercado português, com o disco “Luanda, Minha Banda”.

 

O ponto mais alto da carreira conseguiu-o com a segunda obra, “Do Kayaya”. Paim recebeu o seu primeiro “disco de Ouro”, por vendas superiores a 50 mil cópias. No terceiro disco, “Kambuengo”, com a música “Rosa Baila”, chegou ao quarto lugar do top: “estava nas rádios e na televisão. Eduardo Paim parou o trânsito em Portugal”.

 

De regresso a Angola em um espectáculo em Luanda ( Feira Popular ) o apresentador anunciou a subida de Eduardo Paim ao palco

 

Pediu “palmas para um General da música angolana”. O público gritou em coro “General General General ”

 

Assim se explica por que muitos lhe chamam também “General Kambuengo”.

 

Em 2016, celebrou um espectáculo em Luanda pelos 40 anos de carreira, onde recebeu a alcunha de "Marechal Eduardo Paim".

 

Em mais de 42 anos de carreira, Eduardo Paím Fernando da Silva editou:

1- "Carnaval" (1981)

2- "S.O.S, Chão da gente" (1981)

3- “Novembro” (1989)

4- “Luanda, Minha Banda”, (1991)

5- “Novembro” (1989)

6- “Do Kayaya” (1992)

7- “Kambuengo” (1993)

8- “Ainda a Tempo” (1995)

9- “Kanela” (1995)

10- “Ainda a Tempo” (1995)

11- “Mujimbos” (1998)

12- “Maruvo na Taça” (2006)

13- “Etu Mu Dietu” (2012)