Lisboa - Ceder à Sonangol a sua participação indirecta detida na Galp através da Amorim Energia por via da Esperanza Holding e regressar à Luanda para responder à notificação da Procuradoria-Geral da República são dois temas que , neste momento, desafiam a capacidade de resistência de Isabel dos Santos.

Fonte: Expresso

Segundo apurou o Expresso junto de uma fonte da administração da Sonangol, os advogados da empresária disseram que estariam na disposição de avançar para uma solução de venda da participação.

“Mesmo sabendo que é difícil negociar com ela, é uma oportunidade que não deveremos desperdiçar por se tratar de uma empresa do mesmo core business da Sonangol, possuidora de músculo que trará valor acrescentado à sua carteira de negócios”, disse fonte governamental.

O Expresso sabe que a administração da Sonangol admite que o assunto possa vir a ser equacionado mas exige uma condição prévia: o pagamento de 70 milhões de dólares que foram investidos pela petrolífera angolana para que Isabel dos Santos assegurasse a participação na multinacional portuguesa.


Depor em Luanda


Na qualidade de ex-presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos tem até ao final deste mês de prestar declarações na Procuradoria-Geral da República (PGR) depois desta ter instaurado um inquérito sobre a sua gestão à frente da petrolífera angolana.


O prazo foi determinado pela própria empresária em carta endereçada àquela instituição depois de se ter furtado por duas vezes a depor na sequência de um pedido de comparência remetido para a sua residência. Caso volte, desta vez, a recusar-se a comparecer na PGR, segundo apurou o Expresso, será aberto um processo-crime, que “prosseguirá, de forma inapelável, os seus trâmites”.


Reagindo à sua ausência, a 17 de Julho último, no primeiro pedido de comparência, Isabel dos Santos alegou não ter recebido qualquer notificação, mas as autoridades viriam a desmenti-la ao confirmar a recepção do documento assinado por uma das empregadas.


Naquele mesmo dia, segundo apurou o Expresso, a empresária na companhia do marido, Sindika Dokolo, foi vista a entrar em casa do pai no Bairro Miramar de onde partiria à noite para o estrangeiro sem nunca mais, até hoje, ter regressado a Angola.


“Nem sequer veio em Agosto celebrar o aniversário do pai “, comenta fonte próxima de José Eduardo dos Santos.


Na altura, para a antiga família presidencial, pesava já o espectro da interdição de saída decretada contra o irmão, José Filomeno dos Santos, antigo presidente do Fundo Soberano de Angola. Com a situação agravada agora com a prisão preventiva do irmão e a recusa das autoridades em libertá-lo depois de uma alegada diligência do presidente do Tribunal Supremo, Rui Ferreira, junto do Presidente João Lourenço , é já admitido em meios políticos que Isabel dos Santos, temendo pelo endurecimento das posições das autoridades, possa vir a condicionar a sua ida a Luanda.


João Lourenço, segundo apurou o Expresso, não lhe perdoa o facto de ter ameaçado pôr o Estado em tribunal por lhe ter sido retirada a concessão do contrato de exploração do porto do Dande.


“Isabel dos Santos alega ter sido aconselhada pelos advogados, não sabemos se sim ou não mas a verdade é que deu um passo em falso, que lhe pode vir a custar muito caro”, adverte fonte dos serviços de informação.