Luanda - Os mais eufóricos rejubilam. Não importa como? Basta-lhes as grades fecharem os “gajos” do poder e do (muito) dinheiro. Condenável? Nem sempre! Mas a sensação do está fixe é perigosa, sempre que a lei penal estiver, partidocraticamente, cafricada. É legal? Inconstitucional! Mas é meritório, urgente e oportuno o combate à corrupção, sempre que a justiça não fique, nem sub-repticiamente, debaixo da bota do detentor do poder político absoluto.

Fonte: Club-k.net

O refrão político mais badalado nos últimos tempos, para o bem e para o mal é, qual andarilho, destrambelhado, o sinónimo, corruptos, cadeia, corruptos, cadeia, corruptos, e, sozinho, no alto pedestal, o presidente do MPLA e da República, João Lourenço, coroado, como o novo implacável imperador.


Felizmente, nunca me encolhi, contra este cancro social, pois, ainda no tempo de partido único, onde só se falava a uma voz (depois de ter passado o calvário do 27 de Maio de 1977), ousei ser a voz dissonante, num programa televisivo, de periodicidade quinzenal, emitido na Televisão Popular de Angola, denominado “Panorama Económico”, onde eu já criticava, abertamente, a má gestão, os desvios e crimes económicos e a corrupção.
Os arquivos estão aí, a história não mente e a verdade não prescreve.


Hoje, o meu problema não é continuar a falar-se de corrupção ou prender-se meia dúzia de senhores do poder, com a pirotecnia de alguns magistrados “camaleões”, sempre em cima do muro à espera das benesses dos novos senhores, para termos a convicção de que, com estes senhores, tudo se processará a contendo.


A seriedade no combate à corrupção passa pela elaboração e, ou alteração da Lei dos Crimes Contra a Corrupção, como forma de se estancar esta gangrena, que, desde 1975, corrói de forma mortal os alicerces do país. É um dever e obrigação republicana despir-se da arrogância de pseudo-maioria, para em paridade, todos os legisladores e intelectuais, credibilizarem uma nova norma jurídica, para um acérrimo combate à corrupção e aos crimes de peculato.


Para muitos opinadores, saídos, agora, do armário (embora não tendo fechado), a decisão de João Lourenço, não pode ser rebatida, nem criticada, mesmo que os críticos, imbuídos de boa-fé, apontem o caminho da correcção. Ninguém, numa cruzada tão hercúlea pode avocar a si, o protagonismo de um assunto colectivo, por mais quadros que possa dizer ter. Sem pretender contrariar a claque comprometida, muitos com a mão estendida às mordomias, defendo a crítica apurada, pela forma partidária como está a decorrer o combate, depois do anúncio desta “cruzada prisional”, pelo presidente do MPLA, aos 8 de Setembro de 2018. Acreditando na intenção, é preciso criticar a forma, para analisada, com ponderação, se construa o mérito de uma lei importante para a moralização, principalmente, dos agentes e servidores públicos

Isso é importante, pois torna-se necessário avaliar, como vai lidar o presidente João Lourenço com o facto do MPLA, pese alguns dirigentes presos, não há outros, ser o partido que continua a praticar a corrupção em larga escala. Como classificar a sua participação em empresas públicas, como a GEFI, que trafega milhões de dólares, sem justa causa, pois todos os investimentos são públicos, mas o beneficiário é apenas um partido, o do poder.


Foi essa engenharia que levou, sem concurso público, o grupo francês a ter o monopólio na indústria cervejeira, em parceria, como é óbvio, com o MPLA. Igualmente na Coca Cola e nas centralidades, todos projectos públicos, colocados de bandeja no MPLA. Se politicamente não é, do ponto de vista legal, outro nome não existe que não seja corrupção institucional, capaz de levar a uma impugnação presidencial.


E quando assim é, ninguém no seu juízo perfeito. pode condenar uma cruzada contra a corrupção, mas pode-o fazer, se sendo ela, sistémica e superiormente, alojada no seio de um partido, tenta o diversionismo e paliativos, apenas para garantir a perpetuação no poder...