Durante os finais da década dos 80 nos corredores do Instituto Médio de Economia era apelidado como o Kota do CRM. Um sorriso mesmo fabricado na sua presença era sempre necessário. Era uma ponte de esquema para conseguir o valioso adiamento militar por pelo menos mais ano lectivo. “Terei que falar com o kota carrasco urgentemente porque próxima semana terei que renovar os meus “caducos”. Frase comum na ceita juvenil durante aquela aterrorizada época.

Falar de Isidro Sanhanga recorda-me aqueles colegas e amigos de longa e eternal data que por transtornos das erradas políticas executadas em Angola levou-me por outras bandas, alheias a minha vontade. São quase vinte anos mais vivamente lembra-me Ana Lemos (Nany), Carlos Freitas, Paulo Cassoma, Michinge, Pandi, Josefina, Kimba Veronica, Jojo, kota Jose Maria, São Matos, Afonso Quintas, Renato (Discoteca Tartaruga) e tantos outros.

Paralelamente ao grupo de estudantes estavam os professores de destaque: Gabriela Antunes (falecida), Luís Manuel (Português), famoso Wadijimbe (agência de notícias) e o carrasco “Zé Piolho” Bulgaro (Matemática). Os professores Nene e Africano Neto eram os novatos na altura.

Isidro Sanhanga, foi sempre um homem com atitudes militares. Reservado e sempre com trinco no rosto figura distinta de homens ligados a secreta. Foi durante os anos 90 que por “recomendações” obscuras aparece na TPA. Como, e quem o recomendou não se sabe exactamente.

Nesta mesma época, segundo ele durante o período da unificação das tropas (FAPLA & FALA passaria para a reserva. Algo que para os mais atentos era previsível. Transferência clandestina para os serviços secretos do estado.

Isidro Sanhanga, abarca todos os atributos necessários para singrar na monarquia angolana. “Obediente e sem visão analítica contemporânea”. Militar das FAPLA por acumulados anos. Um dos responsáveis máximos do departamento de recrutamento militar em nome do MPLA em Luanda. Membro da segurança de estado em detrimento do mesmo partido.

Isidro Sanhanga, como Subdirector de Programas Informativos, significa, unir o útil ao agradável. Melhor: Ser a ponte magistral em defesa de um sistema que ele sempre comungou. MPLA e MPLA para sempre. Não constitui surpresa para ninguém ver banidas e atrofiadas todas aquelas informações atinentes aos partidos da oposição.

Como é de conhecimento geral, os muatas angolanos com responsabilidades acrescidas infelizmente são analfabetos agudizados em democracia. Pluralidade de ideia atormenta consideravelmente estas figuras que em si têm entranhado os calhamaços marxistas. Ditadura em linguagem miúda.

Em fim: Os directores dos órgãos públicos angolanos (RNA, JA, Angop) são todos “clone” da personalidade de Isidro Sanhanga. Um honesto e admirador da democracia já mais chefiará um desses departamentos. Para tal terás que ser: bofia, membro do MPLA e um excelente bajulador. Nestes órgãos não existe jornalismo contemporâneo, mais sim doutrinam com grande zelo o “catolicismo MPLA”.

* Paulo Alves
Fonte: Club-k