Luanda - Passam pouco mais de três semanas desde que a MFM promoveu um debate que se debruçou sobre o papel das Universidades Privadas em Angola. Alguns convidados nesse debate são membros de proa do partido no poder, com funções relevantes na estrutura do partido (EX- Deputado).

Fonte: Club-k.net

Não está em jogo o posicionamento de cada um na sociedade. São sim preocupantes os pronunciamentos eivados de má-fé de alguém que se diz ser professor universitário, ao longo do debate. O académico é uma referência obrigatória para positiva noutras paragens, não é o nosso caso, infelizmente.

O objetivo deste artigo é analisar com uma certa responsabilidade sobre as conclusões erradas porque derivam de premissas erradas na minha opinião, que muitos analistas chegam sobre o papel das universidades privadas em Angola. O mesmo aconteceu no debate da MFM, quando um dos convidados (LUIS DOMINGOS) concluiu que “ o papel de todas universidades privadas em Angola é irrelevante/medíocre”, deixando claro nas entrelinhas que estas deviam desaparecer simplesmente.

Ó Santo Deus..., nos acuda.

Que fique claro que o autor deste artigo não é socio de coisa nenhuma, muito menos das universidades privadas, nem faço papel de advogado de quem quer que seja, simplesmente sou um cidadão comum e apartidário com preocupação de participar nalguns temas que acho relevantes para o país.

O aparecimento de Universidades privadas é um mal necessário no momento e as razões da sua existência são bem patentes, senão vejamos:

Inexistência de vagas na única universidade pública. Anualmente a Universidade Agostinho Neto disponibiliza aproximadamente 4000 a 5000 vagas para um universo de 40.000 a 60.000 candidatos inscritos em Luanda

Insuficiente acompanhamento de quem de direito do crescimento exponencial da população que necessitam de ingressar no ensino superior

Falta de política coerente e de planos estratégicos para a massificação do ensino superior em todo pais

Presença de numerosos colégios privados de formação média

Na função pública os critérios de promoção baseiam-se em habitações literárias, deixando de parte importantes critérios que tem a ver com desempenho, antiguidade entre outros.

Portanto, o papel das universidades privadas não deve ser analisado de ânimo leve. Uma análise responsável não deve deixar de parte o ensino primário e o ensino médio . Não se pode reduzir a análise no desempenho académico do estudante do ensino superior. Alias, esta tem sido a tónica que a nova vaga de analistas faz questão de destacar. Analisar as universidades pressupõe; instalações, bibliotecas, meios informáticos, internet, transportes, energia elétrica, água, laboratórios, professores, decanos, reitores, salários, segurança, vias de acesso, pessoal administrativo para apoio académico, em fim, um rol interminável de condições que concorrem para o sucesso do estudante.

 

Deve ficar claro que os estudantes passam por algumas vicissitudes, alguns quadros formados nessas instituições são tão valiosos como os outros. Alias uma noção básica que o Senhor Luís Domingos esqueceu de que a formação se compara com a salvação se quisermos. Portanto um Professor Universitário não deve inferir as suas conclusões com base em análises generalistas e sem critérios científicos. Por acaso, o senhor tem algum estudo com todos pressupostos para um estudo de caso? Amostra de estudantes de universidades privadas inquiridas de acordo o universo de universidades, delimitação, entre outros, numa só palavra, pressupostos metodológicos. Portanto, as pessoas com um senso crítico digno fazem avaliações criteriosas, guiando-se em instrumentos científicos e não com propagandas baratas como no tempo da nação coragem. As publicidades enganosas e baratas do tempo passado em que o senhor fazia parte prejudicaram muitos angolanos. A atual governação não pactua com essas insinuações perigosas. Muitos angolanos que optam por ensino privado, não encontram outras alternativas, alias, as vagas existentes na universidade estatal ainda são conseguidas por alguns mecanismos menos transparentes.

 

A análise do funcionamento e desempenho das universidades privadas não pode ser dissociada das dificuldades de outras instituições do país. Não é preciso pintarmos a universidade estatal com cores de arco-íris, quando esta não consta na lista das universidades famosas do mundo. Acho que prestou mau serviço a nação ao publicitar de forma tão negativo o papel de universidades privadas. É minha total convicção que todas universidades privadas não foram criadas com objetivo de fazer fortunas, tal é no fundo a mensagem que o senhor quis passar aos ouvintes da MFM. Alias, em todo mundo existem este tipo de instituições. Mas, entendo este posicionamento do SR. LUIS DOMINGOS. São muitos da linha do Senhor Luís Domingos impreparados de conviver na diferença, pois, de acordo com pensamento destes, o país devia continuar com a única universidade estatal que não consegue responder as exigências do momento, isto é, a pressão da população universitária. Habituados em beneficiar sozinhos os dividendos da independência, vejam na abertura de várias universidades uma ameaça. Publicitam a universidade estatal com pompas por lhes acolher com todas facilidades do mundo, transformando esta importante instituição científica em viveiro da maioria dos bajuladores e saqueadores do erário publico. O que é errado. Alias até pouco tempo os critérios para ingresso nessa instituição era de tal forma que deixou muita gente fora do ensino universitário. Falo na primeira pessoa, quando me foi negado o ingresso na universidade por não ter o parecer do partido do meu local de trabalho, aquando do famoso processo de encaminhamento, isto é nos anos 80 para ingressar na faculdade de economia. Isto afetou de que maneira a minha vida. Não deve ser o único, são milhares de angolanos que foram impedidos de progredir por motivo partidário, infelizmente. Por outro lado, os docentes que lecionam nas universidades privadas não são estrangeiros, são os mesmos que garimpam em todas sem exceção, daí condenar veementemente o demérito que se atribui as universidades privadas de Angola.

Conclusões:

Três conclusões podem se extrair nesta nota:

Desde de 1975 até aos nossos dias, o pais nunca foi governado por gentes que vieram das universidades privadas de Angola, ou seja, os que incompetentemente geram empresas e outras instituições publicas, causando sofrimento das populações devido a práticas indecorosas, como a delapidação do erário público e outros males, não são provenientes das instituições privadas, até prova em contrário, são todos da Universidade Agostinho Neto e outras instituições estrangeiras.

Enquanto não existir capacidades e estratégias de quem de direito para disponibilizar vagas para toda população universitária, a situação permanecerá inalterável.

Para o bom desempenho de todas as universidades, a solução passa para fiscalizar todas instituições, incluindo a universidade estatal para formar quadros verdadeiros e não bajuladores e ativistas políticos.

Tenho dito
Luanda, aos 06 de Novembro de 2018.-

DISIMUA KIAVEWA

Psicólogo Clínico