MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

Este é o livro!


Que poderia perfeitamente, nas nossas estantes de casa, juntar-se ao livro contendo as memórias da morte de Hoji Ya Henda em Karipande…mas que ninguém se lembrou de escrever; Que poderia juntar-se ao livro contendo as memórias da morte de Vuna Vioka, o temível comandante do ELNA que em Janeiro de 1976 terminou os seus dias nos arredores do Negage…mas que ninguém se lembrou de escrever;


Que poderia juntar-se ao livro contendo as memórias da Batalha de Kifangondo, com os insubstituíveis depoimentos de heróis como Ndozi e António França Ndalu…mas que ninguém se lembrou de escrever;

 

Que poderia juntar-se ao livro contendo as memórias certamente fascinantes do que se viveu nas reuniões da CCPM, em 1992, antes de eclodir a explosiva guerra de rua na cidade de Luanda, para que se saiba o que diziam lá dentro Arlindo Chenda Pena “Ben-Ben”, Fernando da Piedade Dias dos Santos (ao tempo, Nandó), Margareth Anstee, António Monteiro e todos os outros negociadores que confluíam na Cabral Moncada…que ninguém se lembrou de escrever!

 

Que poderia juntar-se ao livro contendo o essencial da carreira dessa mulher de talento e coragem, a piloto-Comandante Alexandra Lima …mas que ninguém ousou escrever!


Que poderia, enfim, juntar-se aos livros contendo histórias belas e imortais dos nossos craques da bola, Dinis, Inguila, Ndunguidi, Vicy, Maluca, Nsuka, Alves, Napoleão Brandão, Ângelo Silva, Salviano, Eduardo André, João Machado…mas que ninguém se lembrou de escrever!

 

Livros como o que nos junta hoje neste lugar, servem para este dever a que nos obrigamos todos os que testemunhamos os factos da História. Temos de os escrever. É a nós que a missão incumbe. Jornalistas, escritores, intelectuais, cidadãos que amam o seu país, a sua pátria.


Importa pouco que tragamos ao presente a discussão dos sábios de Bizâncio. O sexo dos anjos não escreve livros.


Tenho dito! (...)"