Luanda - Terminado o encontro do Dr. Jonas Savimbi com os quadros na base Kwame Nkrumah, começariam os movimentos, com base nas orientações deixadas.

Fonte: Club-k.net

Nas horas seguintes, a base do Kwame Krumah viria a tornar-se num alvo da força aérea governamental. As informações do pessoal da UNITA, incluindo alguns oficiais generais que se passaram para o outro lado da barricada, facilitaram a localização da base, que no dia 15 de Novembro de 1999 recebeu a primeira “visita” de aviões bombardeiros.


Os bombardeiros utilizaram bombas anti-guerrilha e de perfuração. Lançadas do ar, as bombas zuniam, como enxame de abelhas. Foi nisso que eu pensei, quando ouvi tal zumbido, até que Juliano Tchaly empurrou-me para um abrigo ao lado, graças ao qual não fui despedaçado por aqueles engenhos mortíferos.
Tchapalama!


Não imaginam como aumentou meu pânico ao ver gravemente atingida e a verter seiva a árvor em que estava encostado alguns instantes antes.


Uma das várias vítimas foi o Companheiro e meu antigo colega do Centro de Estudos Comandante Kapesi Kafundanga -CECKK, Joaquim Somakesenje. Era talentoso na organização das massas do povo. Depois de aprovar no CECKK, o Dr Savimbi nomeou-lhe Coordenador do Comité Coordenador da Jamba e permaneceu no cargo durante vários anos.


Com base no “know How” de que era detentor foi enviado pelo Presidente Savimbi, para se juntar ao então Secretário-geral, Lukamba Paulo Gato, para assumir um cargo político que se impunha e daptável àquelas circunstâncias. Tinha chegado a base Kwame Nkrumah, ao amanhecer de 15 de Novembro e estava alojado na zona que foi atingida pelas bombas, enquanto aguardava encontrar-se com o responsável pela máquina organizativa do Partido. A Dra Joia Kamutali tentou, ainda prestar algum socorro, mas a hemorragia era tanta que o Companheiro não resistiu, tombou no campo de honra.


Joaquim Somakessenje tinha sido indicado, em 1998 pelo Dr. Jonas Savimbi, para o cargo de vice-governador da província do Bié, no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional-GURN. A sua investidura no cargo não ocorreu, porque o ambiente político já estava complicado. Tinha-se introduzido um novo elemento no xadrez político e na correlação de forças políticas. O regime tinha criado a UNITA Renovada e preferia esta organização para tratar dos dossiers que tinham a ver com a paz e reconciliação nacional. O surgimento dessa força apoiada em alguns dos dirigentes da UNITA que se encontravam em missão de serviço em Luanda, ocorreu em Setembro/Outubro de 1998. Joaquim Somakessenje fora sondado a integrar o Comité Renovador da UNITA, e negou a proposta, tendo a atitude lhe valido cadeia, de onde foi liberto na manhã de dia 14 de Outubro daquele ano. Voltou ao conforto do Hotel Trópico, onde vivia com outros quadros que se encontravam na sua condição de candidatos a membros do GURN, tais como Gaspar Chipembele, Domingos Oliveira, Job Sassando, indicados para vice-governadores da Huila, Lunda Sul e Benguela, respectivamente, cuja tomada de posse estava condicionada à renúncia da liderança da UNITA liderada por Jonas Malheiro Savimbi. Perante essa situação e o risco de morrer, a mando dos queriam, a todo o custo conseguir a aceitação forçada dos quadros ao “novo projecto político”, com envolvimento dos serviços de informações do regime que convocavam quadros visados para chamadas entrevistas de clarificação, no edifício da segurança junto à Cidadela, Joaquim Somakessenje decidiu abandonar Luanda.


Com ele partiram os companheiros de causa Domingos Oliveira e Job Sassando. Os mais velhos Sakutala, Manuel Savihemba e Lena, que dias antes tinham mobilizado alguns recursos financeiros para apoio a Somakesenje, ficaram surpreendidos, não sabiam do seu plano. Guerrilheiro não facilita.


Somakesenje foi sepultado mesmo ao lado da base Kwame Nkrumah. O elogio fúnebre esteve a cargo do mais velho Celestino Chitombi. Somakesenje fugiu da morte em Luanda. Andou durante meses à pé, até chegar ao Andulo. Teimosa e matreira, a morte perseguiu Joaquim Somakesenje até ao Kwame Nkrumah, onde repousam os seus restos mortais.

Paz eterna ao Filho da Katabola.