Lisboa – O Governo e a UNITA,  terão divergido quanto a localização e recuperação das ossadas do general António Sebastião Dembo, que a data da sua morte, no leste de Angola, exercias as funções de vice-Presidente do partido.

Fonte: Club-k.net

Divergência:  UNITA exige partilha  das coordenadas  do local 

A divergência terá ocorrido a margem de contactos estabelecidos para conclusão do processo de recuperação de corpos de dirigentes falecidos durante o conflito armado. Dembo morreu, no dia 25 de Fevereiro, dois dias de Jonas Savimbi ter sido emboscado pelas FAA a 22 de Fevereiro de 2002, no leste de Angola.

 

O governo admite ter em sua posse apenas três corpos que se presumem ser do antigo vice-Presidente Jeremias Chitunda, do líder Jonas Savimbi, e de um sobrinho deste Elias Salupeto Pena. Sobre Dembo, o governo remete o assunto para a própria UNITA, uma vez que quando ele faleceu encontrava-se com uma coluna de guerrilheiros na margem direita do rio Lamai, a pouco menos de 20 km da comuna do Luvuei. E, segundo o governo, foram estes que o enterraram.

 

A UNITA por sua vez, alega que  é responsabilidade e competência do Estado o acto de exumação de cadáveres. Os “Maninhos” avançam com uma novo dado. As FAA tem as coordenadas geográficas do local onde Dembo foi enterrado. Os dados foram facultados pela própria guerrilha, antes da assinatura dos acordos de paz, pelo que recomendam a realização de diligencias necessárias para a respetiva exumação do corpo para de seguida se realizar o funeral, em local indicado pela família que está em coordenação com o partido.

 

O governo, na altura, precisava de ter uma confirmação sobre o paradeiro de António Dembo visto que depois da morte de Savimbi, o mesmo enviou uma mensagem aos comandantes militares da guerrilha conforta-os de que morte (do líder) não era fim da UNITA e que se iriam prosseguir com a causa.

 

Semanas depois, o Estado Maior-General das Forças Armadas Angolanas anunciou, em comunicado datado de 4 de Março daquele ano, a criação de uma comissão para investigar a veracidade da informação que dava conta da morte do general António Dembo.

 

Reunidos no Luena, as FAA haviam abordado o grupo que integrava a coluna de Dembo, onde estaria um guia, identificado por “Saissassu”, na altura com 78 anos de idade, a quem Jonas Savimbi, em vida, deu instruções para direcionar a coluna do seu vice-Presidente nas matas do leste. Para além, do “Velho Saissassu”, segundo apurou o Club-K, faziam parte de coluna do numero dois da UNITA, o general Samy, a coronel Alda Sachiambo, Catarina Ululi, o tenente coronel Fitó, e outros de identificação imprecisa.

 

Nascido no Moxico, o velho “Saissassu”, era uma espécie de GPS, em forma de vida humana e conhecedor das matas da região leste do país. Convencido pelas FAA, o mesmo se predispôs a ir mostrar o local onde enterram  António Dembo, facultando as coordenadas geográficas ao exercito governamental.

 

Neste dia, segundo contam, o “ velho Saissassu”, foi levado de helicóptero do Luena até ao local do enterro e segundo testemunhas nunca mais foi visto. O seu desaparecimento - pelas mãos das FAA - deu lugar a versões nunca esclarecidas de que depois de mostrar onde estavam os restos mortais de Dembo, foi jogado para fora do helicóptero. Uma segunda versão alega que o mesmo foi colocado numa aldeia mas acabaria por contrair cegueira. Saissassu contaria, neste momento, com 95 anos de idade.

 

Depois de a comissão das FAA, ter a certeza que Dembo estava morto  viraram as baterias para localização do então numero tres  da guerrilha, Lukamba Paulo “Gato”, para conversações de paz.

 

É com base nas informações dadas as FAA por “Saissassu”, que a UNITA entende que o governo deve cooperar dando-lhes as coordenadas geográficas onde se encontram as ossadas do seu falecido vice-Presidente. A família de Dembo, segundo apurou o Club-K, é de opinião de que se haver boa vontade, as autoridades podem efectuar uma investigação na área para a localização das ossadas. Sabe-se que a referencia do local da localização do seu corpo era uma arvore.

 

Os restantes integrantes da coluna, contactos pelo partido, alegam desconhecer o local, uma vez que desconheciam a área e estavam a ser todos guiados por “Saissassu”, cujo paradeiro é incerto. Para a UNITA, a solução para esta busca esta na boa disposição da então comissão das FAA que por via de “Saissassu” teve o contacto com o cadáver do seu falecido Vice-Presidente, general António Sebastião Dembo.