Luanda - Um dos mais poderosos conglomerados empresariais de capitais angolanos, o Grupo Gema, está a ser desmantelado por uma parte dos accionistas. O Jornal de Angola apurou que os activos estão a ser alojados numa sociedade designada Suntau Comércio Geral e Representações Limitada.

Fonte: JA

De acordo com uma denúncia obtida pelo Jornal de Angola, o accionista Pedro Januário Macamba que, depois de 2012, viu os tribunais decidirem a seu favor em três processos contra o Grupo Gema, representado nessas contendas pelo presidente do Conselho de Administração, José Leitão, revelou que a Suntau está constituída por dois sócios, sendo o maioritário, com 60 por cento das quotas, o motorista do grupo Victor Neves.


A operação, denunciou Pedro Januário Macamba, está projectada para iludir a Justiça quanto a uma sentença da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda, em 2012, e reconfirmada pela Câmara do Cível do Tribunal Supremo, em que é reconhecido como sócio do Grupo Gema e detentor de uma participação de 12,5, com direito que lhe sejam prestadas contas.


A primeira evidência daquilo que a fonte considera ser uma “manobra” para iludir a Justiça encontra-se nas declarações de uma entrevista no fim de Agosto último concedida por José Leitão ao jornal “Valor”, para afirmar que o Grupo Gema encontra-se em “quase falência técnica devido à situação económica e financeira que persiste no país”.


O presidente do Conselho de Administração disse nessa entrevista que a actividade estava a retroceder “em quase todas as áreas de intervenção do grupo, com destaque para o segmento da construção civil, distribuição automóvel, logística e energia” e com ganhos substanciais na área das bebidas, através da Ucerba, uma unidade do grupo.


Outra evidência do curso de artifícios para encobrir a prosperidade do Grupo Gema, apontou, está nas alegações levadas a uma audiência judicial realizada em 26 de Novembro último, com as que se pretendia provar que a empresa de construção civil Edifer, com sólida implantação e uma elevada carteira de negócios, já não faz parte do grupo desde 2017.
Pedro Macamba referiu também números publicamente avançados por José Leitão, atribuindo ao grupo uma carteira de negócios de dois mil milhões de dólares em 2008, com previsões de que passasse para cinco mil milhões ao longo dos cinco anos seguintes.


O accionista considerou que essas alegações representam manobras para iludir a Justiça e para defraudar as expectativas públicas quanto à continuidade e viabilidade do Grupo Gema que, pela diversidade, volume de negócios e quantidade de trabalhadores, pode ser considerado “grande demais para falhar”.


O Jornal de Angola contactou por telefone o presidente do Conselho de Administração, bem como o director de Finanças do Grupo Gema, Rui Caiate, que negaram comentar estes factos.