Luanda - O economista e docente universitário, Yuri Kixina, é de opinião que o banco central não deve promover falências de bancos por que o mercado trata de o fazer. O economista fez estas pronunciações no espaço de análise da Rádio Mais à luz da retirada das licenças ao Banco Mais e ao Banco Postal que ainda domina o panorama económico nacional.

Fonte: O País

Segundo o analista, a medida do BNA deveu-se à várias razões, o cenário de crise é uma destas, onde achou melhor exigir aos bancos comerciais o aumento do seu capital e fundos, para que os bancos não entrassem em colapso. O segundo objectivo era a promoção de fusões de bancos no sistema financeiro angolano, na medida em que se os bancos não tivessem essa capacidade financeira, o caminho seria a fusão.

 

No entanto, para Yuri Kixina com as medidas afloradas acima o objectivo do BNA é promover a falência de alguns dos muitos bancos no país. “Já defendi aqui que temos muitos bancos, mas não se financia a economia”, disse.

 

“O BNA sabe que” diz ainda o economista “em período de recessão é muito difícil conseguir recapitalizar um banco. Aumentar o capital inicial em período de crise é muito difícil.”

 

“Esses bancos são pequenos, nos Estados Unidos, quando houve a crise, o FED, que é o banco central, americano, o tratamento que deu aos bancos grandes não foi o mesmo que aos bancos pequenos, porque os pequenos têm um nicho de mercados que são as localidades que os grandes não conseguem ir.”


Yuri Kixina diz que o Órgão Regulador fez questão de colocar todos os bancos na mesma cesta. Ante a medida do BNA, o economista diz que foi excessiva “revogar a licença de um banco é a última medida, é difícil encontrar-se em sistemas financeiros, bancos centrais a revogarem licenças aos bancos comercias.”

 

Diante de situações de incumprimento, o economista defende que existem vários mecanismos como “penalização em partições de leilões do mercado de divisas, para que o banco adeqúe o seu capital ao exigido, mas acho que aqui houve uma ligeira pressa do banco central em resolver o caso com a última medida.”

 

“Os bancos centrais não nascem para promover falências de bancos. O próprio mercado pode promover a falência de um banco”, alude o economista.

 

Questionado o facto de o aviso do BNA ter sido feito há quase um ano, Yuri Kixina vê a questão numa outra perspectiva “é que o sistema financeiro está sem liquidez, o sistema tem um crédito malparado enorme, a economia está em recessão.”


“Reformar o sistema financeiros” prossegue “não é promover falência, não é função do banco central promover falência de bancos, quem faz falir bancos é o próprio mercado com base na competição.”

 

Para reformarmos o sistema financeiro angolano, primeiro temos que reformar o próprio BNA. Se chegamos até aqui, quer dizer que o banco central falhou. O BNA deve ter estatuto próprio e mais autonomia e as suas lideranças devem emergir do sistema financeiro, devem ser carreiristas.

 

Quanto o efeito do risco sistémico Yuri Kixina diz que “está na economia real”. “O crescimento económico e o petróleo criaram o sistema financeiro de Angola e não o contrário, que o sistema financeiro criou o crescimento económico”, remata o analista