Luanda - Íntegra do discurso do Presidente da República, João Lourenço, pronunciado nesta quarta-feira, durante um almoço oficial oferecido ao homólogo italiano, Sergio Mattarella.

Fonte: Angop

Recebo hoje Vossa Excelência com grande satisfação, pelo facto de se tratar da primeira visita a Angola de um Chefe de Estado da República da Itália, uma grande nação europeia com a qual Angola tem desenvolvido boas relações desde os primeiros momentos da nossa Independência Nacional.

 

A visita de Vossa Excelência a Angola permite-nos rememorar a importância da história e da cultura do Vosso país, apreciadas e admiradas pela contribuição que deu à construção do mundo moderno em que todos nós vivemos nos tempos actuais.

 

Quero realçar, Senhor Presidente, que a República da Itália desempenhou, na altura da proclamação da Independência Nacional angolana, um importante papel na afirmação do nosso país como nação soberana, ao ter sido o primeiro a nível da Europa a reconhecer, sem hesitação, o surgimento de um novo Estado em África.

 

Por isso, agradeço esse apoio do governo e do povo italiano ao povo angolano, num dos momentos mais difíceis da sua história. Devo reconhecer e exaltar esta demonstração de amizade e de solidariedade que pretendemos que se vá tornando cada vez mais sólida, como aliás se vem verificando com as sucessivas visitas nos dois sentidos realizadas pelos Chefes de Governo de Angola e da Itália.

 

Essa intensa actividade diplomática resultou na assinatura de vários instrumentos jurídicos que reflectem, em nossa opinião, a vontade dos nossos dois governos em promover o relançamento e a dinamização da cooperação económica e o intercâmbio empresarial com base no respeito mútuo, na igualdade e na reciprocidade de vantagens.

 

Cabe referir que, no quadro desses esforços, em finais de 2017, durante a visita efectuada a Angola pelo então Primeiro Ministro Italiano, concordámos em acelerar os mecanismos necessários ao reforço da cooperação em domínios prioritários relativos à diversificação da economia angolana, particularmente nos sectores da agricultura, energia e águas, indústria transformadora, turismo, transporte e infra-estruturas.

 

Embora nosso enfoque seja a cooperação económica que garante o desenvolvimento económico e social de nossos países, permita-me destacar a cooperação na área da Defesa, com o fornecimento a tempo dos helicópteros AGUSTA pela empresa italiana contratada e o equipamento dos Centros de Coordenação Marítima, estes ainda por executar, como parte do mais amplo Projecto Kalunga de vigilância marítima e protecção da nossa costa e águas territoriais.

 

Em face do que acabei de mencionar, considero que a visita de Vossa Excelência representa uma grande oportunidade para que abordemos, com a franqueza que é habitual entre nós, a melhor forma de impulsionarmos com sentido prático todas as iniciativas que visam tornar a cooperação cada vez mais ampla e diversificada.

Senhor Presidente,

Sei que Vossa Excelência tem um vasto conhecimento da realidade angolana, e por isso, está a par do potencial de que a República de Angola dispõe em termos de recursos de vária ordem.

 

Apreciamos os investimentos e a participação significativa da empresa italiana ENI no sector petrolífero e com boas perspectivas para a exploração do gás natural, encorajando outras empresas do vosso país a investir em diversos domínios, onde ainda não é expressiva a presença de investidores italianos.

 

Gostaria assim de pedir a Vossa Excelência que usasse o seu prestígio e influência para sensibilizar os investidores italianos no sentido de encararem sem hesitação as inúmeras oportunidades que o mercado angolano oferece, e das quais podem colher benefícios.

 

Creio que o memorando de entendimento entre o Ministério das Finanças da República de Angola e a Caixa de Depósito e Empréstimos da República Italiana que será hoje assinado, constitui um instrumento que vai promover e apoiar as empresas italianas na realização de negócios e investimentos em Angola e de angolanas na Itália, abrindo assim novas perspectivas para o estabelecimento de parcerias em sectores de interesse comum.

 

É importante que actualmente se olhe para Angola numa óptica positiva, visto que foram tomadas um conjunto de medidas que tornam mais atractivo o investimento externo e os negócios em geral, no país.

 

Neste contexto, destaco a colaboração que tem vindo a ser reforçada entre o governo angolano e o Fundo Monetário Internacional, no âmbito da qual está a ser implementado um programa de reformas económicas, que tem permitido melhorar gradualmente os principais indicadores macroeconómicos e tornar mais sólidas as bases da economia nacional.

 

Na arena internacional, acompanhamos com atenção o desenrolar do conflito israelo-palestino, cuja solução de dois Estados vizinhos a viver pacificamente, é conhecida e recomendada pela esmagadora maioria da comunidade internacional como sendo a mais sábia, aquela que melhor garante uma paz duradoura porque assente na justiça, para aquela região conturbada do planeta.

 

Lamentavelmente, quando ainda temos outros focos de tensão por debelar, caso da Síria, do Afeganistão, do Iémen, do Sahel africano e do Corno de África, eis que parece estar a incubar mais um conflito na América Latina, mais concretamente na Venezuela, onde o bom senso deve prevalecer deixando que os actores políticos e o povo venezuelano encontre ele próprio os melhores caminhos para a paz, a estabilidade e o regresso à normalidade democrática, únicas garantias para o desenvolvimento económico e social do país.

Senhor Presidente,

Desejo-lhe boas vindas a Angola e faço votos que a Sua estadia no nosso país seja produtiva e benéfica para as relações entre a Itália e Angola.

Muito obrigado!