Luanda - Médicos das províncias de Luanda, Benguela e Huíla, entre empregados e desempregados, marcharam, neste sábado, para protestar contra os resultados do último concurso público para o sector da Saúde.

Fonte: Angop
A maioria dos candidatos reprovou no referido concurso, avaliado através de um aplicativo informático, mas o Sindicato dos Médicos, que ainda não está completamente legalizado, alega a necessidade de "maior transparência". Uma das suas queixas é a componente de cultura geral constante do teste de admissão, que considera "exagerada".

A propósito, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, afirmou em Luanda que o concurso público foi realizado na base de pressupostos legais estabelecidos no Decreto Presidencial 102/11, de 23 de Maio. No decreto, consta a orientação da inclusão, nas provas de admissão, da avaliação de cultura geral, deontologia médica e conhecimentos específicos de cada especialidade.

"É neste contexto que foi realizada a prova, com avaliação de 20 porcento de cultura geral, 20 de ética e deontologia e 60 de conhecimentos específicos médicos", reforçou a ministra, que anunciou, para a próxima semana, a divulgação dos resultados definitivos do concurso, depois de avaliadas as reclamações.

Quanto ao modelo de correcção das provas (americano), afirmou não ter sido unicamente usado no sector, sublinhando que é um sistema bastante fiável. "Este sistema já é usado há mais de sete anos na Universidade Agostinho Neto e está a ser expandido para outras universidades com bons resultados. Provámos que não há razão para ser posto em causa", rematou.

Sabe-se, por outro lado, que alguns dos médicos conseguiram ser aprovados no recente concurso devido, precisamente, ao facto de terem respondido correctamente às questões de cultura geral.

A marcha promovida pelo Sindicato dos Médicos contou com pouco mais de 60 participantes em Luanda, enquanto que, em Benguela, foram cerca de uma centena. Na Huíla, os números apontam para uma mobilização mínima de 25 profissionais.

Segundo os seus organizadores, a marcha dos médicos visou chamar a atenção das autoridades para o elevado índice de mortalidade nos hospitais, para a falta de medicamentos e para o reduzido número de médicos na periferia.

Outro objectivo foi exigir que as autoridades privilegiem a contratação de médicos e outros técnicos nacionais, em detrimento de estrangeiros, para suprirem vagas disponíveis nos hospitais ou para lecionarem medicina nas universidades públicas.

A marcha promovida pelo Sindicato dos Médicos foi realizada numa altura em que o Executivo está a apostar visivelmente na melhoria dos serviços de saúde, que reconhece ser um dos principais problemas da população.

Assim, e apesar da crise, que faz reduzir as receitas do país, desde 2014, o Executivo aumentou a verba do sector da saúde no Orçamento Geral do Estado (OGE 2019), passando de 3.6 porcento, em 2018, para 6.6 porcento, este ano.

No quadro desse aumento, o sector vai construir e reconstruir este ano vários centros de referência, em todo o país, para melhorar a assistência médica. Os organizadores da marcha prometeram avançar para uma greve geral a partir do próximo dia 2 de Março.