Luanda - Os independentistas da FLEC-FAC denunciaram hoje a detenção "arbitrária e abusiva" de líderes religiosos no enclave angolano de Cabinda, exigindo a sua libertação "imediata e sem condições" e criticando a "incontrolável vaga repressiva" que se regista na região.

Fonte: Lusa


Num comunicado, assinado por Jean Claude Nzita, porta-voz da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), o movimento independentista indica que entre os detidos figuram membros do Ministério Profético Cristão de Angola em Cabinda (Igreja MPCA).

 

As detenções, lê-se no documento, aconteceram no sábado, com a prisão do profeta João Paulo e dos pastores Pambo Peso, Asião Luís, Cândido Luís Temo, Luís André, Gilberto Lubota e Pedro, entre outros fiéis, que, acrescenta a FLEC-FAC, "foram violentamente reprimidos e enviados para a cadeia civil da Polícia de Investigação Criminal de Cabinda".

 

"A população revoltou-se e tentou impedir as detenções injustificadas do profeta João Paulo e dos seus oito membros, levando a polícia a disparar três vezes para dispersar os fiéis", acrescenta-se no comunicado.

 

Segundo a FLEC-FAC, o profeta João Paulo é um pastor de Cabinda que durante os seus sermões na Igreja MPCA "defende abertamente a justa luta pela autodeterminação do povo" daquele enclave.

 

"As detenções dos líderes e membros da Igreja MPCA aconteceram três semanas depois do início das detenções dos nossos compatriotas do MIC (Movimento Independentista de Cabinda)", refere a FLEC-FAC, aludindo aos 77 elementos que estão também detidos, desde o início de fevereiro.

 

"Face à incontrolável vaga repressiva angolana em Cabinda, a direção política da FLEC solicita a urgente intervenção de Coly Seck, presidente do Conselho dos Direitos Humanos e dos Estados Membros do Conselho dos Direitos Humanos, que participará na 40.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, a 25 de fevereiro, em Genebra", refere-se no documento.

 

A FLEC-FAC apela também à Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que "condene claramente e aja urgentemente" para que as autoridades angolanas cessem com a "política e ações ultra repressivas" contra a população cabindesa.

 

A 07 deste mês, em declarações então à Lusa, Sebastião Macaia Bungo, secretário para Informação e Comunicação do MIC, referiu que as detenções de elementos daquele movimento foram sendo feitas desde 28 de janeiro, à medida que se aproximava o dia em que o movimento se preparava para celebrar com uma marcha, a 01 de fevereiro, o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de Simulambuco.

 

A marcha, que acabaria impedida pelas autoridades policiais angolanas, visava, além de comemorar os 134 anos do tratado assinado em 1885 entre Portugal e os príncipes, chefes e oficiais dos reinos de Cabinda (Makongo, Mangoyo e Maloango), colocando o enclave sob protetorado português, exigir também a independência.

 

Desde esse dia que a Lusa tem contatado a polícia nacional angolana, que, no entanto, não tem avançado qualquer informação, limitando-se a indicar que "terão havido alguns distúrbios na ordem pública", mas sem explicar pormenores.

 

Por seu lado, Sebastião Macaia tem estado incontactável.