Luanda – Henrique Sebastião, de 38 anos, que espancou e esfaqueou a ex-esposa enquanto esta dormia, em Janeiro deste ano, no bairro Luanda Sul, no município de Viana, não foi detido e continua a exercer a sua função como efectivo do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.

Fonte: NJ

No entanto, segundo fonte do SIC-Geral, o acusado, na data dos factos, esteve foragido e apresentou-se um mês depois do crime.

Foi ouvido na semana passada pelo magistrado do Ministério Público (MP) que o constituiu arguido e lhe aplicou a medida de coacção de responder ao processo em liberdade por não haver razão de manter o homem em cárcere privado.


"A acusação foi formulada fora do flagrante delito, o magistrado do Ministério Público ouviu a vítima e o suspeito e entendeu que deve manter o presumível agressor em liberdade provisória", disse o SIC, acrescentando que o individuo vai ficar em liberdade até o processo tramitar em julgado.


"O MP está à espera do resultado de alguns exames médicos que a vítima fez no Laboratório Central de Criminalística (LCC) para anexar ao processo e depois encaminhar ao tribunal", afirmou, sublinhando que o processo está a correr os seus procedimentos legais.

 

O caso remonta a 30 de Janeiro deste ano, quando Henrique Sebastião atacou a ex-esposa porque esta recusou que o ex-companheiro pernoitasse na sua residência. A vítima foi golpeada varias vezes, sendo que as facadas atingiram principalmente o rosto, os braços e as pernas.

 

Henrique Sebastião, que incorre no crime de tentativa de homicídio qualificado, concorrido com agressões físicas, foi futebolista do Kabuscorp do Palanca, e também já fez parte da Selecção Angolana de Futebol, antes de ingressar nas fileiras da corporação.

 

Contactada, Celeste Salvador Boa revelou que foi atacada pelo ex-marido porque recusou que o ex-companheiro pernoitasse na sua residência.

 

"Estamos separados desde Dezembro do ano passado, o meu ex-esposo ligou-me dizendo que vinha dormir na minha casa. Eu não permiti que ele viesse dormir comigo porque nos encontramos separados", contou Celeste Salvador Boa.

 

A vítima acrescentou que deixou o marido devido às constantes agressões de que foi vítima durante os sete anos de vivência comum. "Durante as agressões de que fui vítima sempre fiz participação nas esquadras policiais e no Comando Municipal de Viana, nenhuma dela teve êxito, isso porque ele é polícia", declarou.

 

"Só quero que seja feita a justiça, ele (Henrique Sebastião), por fazer parte do Ministério do Interior está a ser acobertado pelos efectivos do SIC", afirmou.
Celeste disse ainda que na data dos factos fez queixa ao piquete do Serviço de Investigação Criminal de Viana mas não surtiu êxito.

 

"Esta situação só está assim porque ele usa farda, se fosse um cívil creio que o meu caso já teria solução", lamenta, acrescentando que teve de ir ao SIC-Geral para abrir outro processo porque no SIC-Viana estavam a dar muitas voltas para dar resposta a este caso.

 

"Tive de sair de um ponto ao outro para abrir outra queixa. Mesmo antes de ser esfaqueada, fiz várias participações no Comando Municipal de Viana, mas nenhuma delas teve êxito. Este homem é um monstro, me separei dele devido às constantes agressões de que fui vitima durante os sete anos que vivemos juntos", desabafou.