Lisboa - A inspeção do Ministério da Defesa Nacional quer ver esclarecida o “paradeiro” de 5 milhões de dólares que o ex-Presidente José Eduardo dos Santos (JES) havia disponibilizado a então direção do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) a pretexto de ser usado para uma “cover action”, contra o líder da UNITA, Isaías Samakuva.


Fonte: Club-k.net

Dinheiro usado para travar suposto 'golpe de Estado'

A saída dos fundos deu-se em Setembro de 2013, quando o antigo patrão do SISM, general António José Maria levou a mesa do antigo Chefe de Estado, um falso relatório alegando a existência de uma planificação do Presidente da UNITA, Isaías Samakuva para reiniciar a guerrilha com um grupo de ex-soldados que partiriam do município do Cazenga rumo as matas.


Para dar credibilidade ao falso relatório, a antiga direção do SISM (general José Maria, Filomeno Peres, José Filomeno Peres Afonso “Filó” e etc) convenceu JES de que a sua fonte de informação junto a UNITA, seria um antigo desertor da guerrilha de Jonas Savimbi, general Jacinto Ricardo Bândua.


Receando que fosse a vir a ser derrubado, o então Presidente José Eduardo dos Santos, não vacilou e ordenou a disponibilidade de cerca de 5 milhões de dólares para que o SISM (e uma grupo de melícia do gabinete técnico do MPLA, ao tempo do governador Bento Bento) travassem o suposto regresso de Isaías Samakuva às matas.


JES chegou a ser alertado pelo Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) de que estava a ser enganado pelas chefias da “secreta militar” mas preferiu ignorar as alertas ouvindo o general José Maria.


Com a entrada do Presidente João Lourenço e com a nomeação de uma nova direção do SISM verificou-se irregularidades tidas como graves no exercício do mandato do general Zé Maria. Entre as irregularidades terão detectado a saída de fundos com facturas falsas, em favor de uma empresa detida por um ex-assessor da Casa Militar, general Humberto Gonçalves Freitas, muito ligado ao general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, mas também apresentado como seu sócio.


Outra irregularidade foi o dispêndio de sete milhões de dólares investidos na compra de 300 viaturas que seriam para os operativos do SISM, mas que nunca foram distribuídas para os mesmos. Desta aquisição terão sobrado apenas 12 viaturas.


Não desejando assumir responsabilidades por este passivo, a nova direção do SISM, encabeçada pelo general Apolinário José Pereira decidiu acionar as autoridades competentes sobre a situação. Em condições normais, teria de ser a inspeção do SISM, a tomar conta deste assunto, o que não aconteceu porque desde o afastamento do então inspector João Pereira Massano, o general Zé Maria desmantelou este organismo inspeção da secreta militar observando um vazio.


Para preencher o vazio, o ministra da Defesa, general Salviano Serqueira “Kienda”, orientou que os trabalhos de investigação fossem levados a cabo pela inspeção do Ministério da Defesa, na pessoa do general Marques Correia “Banza”. Findo os trabalhos de inspeção, o relatório, segundo soube o Club-K, foi enviado para a Procuradoria Militar que já ouviu duas vezes o general José Maria, inicialmente pela acusação de usurpação de documentos confidencias na qual alega que os levou porque continham segredos do antigo Presidente José Eduardo dos Santos.


Esta semana, o semanário Expresso de Portugal, revelou que o ex-PR aconselhou o seu colaborar a entregar os documentos que este havia escondido da sede da FESA, em Luanda.