Luanda - O ministro das Finanças angolano admitiu hoje, em Luanda, que Angola, à semelhança das maiores economias da África Subsaariana, também enfrenta no curto prazo "perspetivas anémicas do crescimento real", apesar de a economia do país estar a recuperar.

Fonte: Lusa

Archer Mangueira discursava na sessão de encerramento de uma conferência organizada conjuntamente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre as perspetivas económicas na África Subsaariana.

 

"À semelhança das maiores economias da África Subsaariana e produtoras de recursos minerais e energéticos, Angola também enfrenta no curto prazo perspetivas anémicas de crescimento real, sendo certo, porém, que a nossa economia se encontra em processo de recuperação", afirmou.

 

O governante angolano comentava, desta forma, as perspetivas de crescimento económico para 2019, previstas no relatório para aquela região, que dão conta de valores em torno dos 3,5% e que, a médio prazo, se estima para o intervalo entre os 3% e 4%, excluindo as duas maiores economias da África Subsaariana, Nigéria e África do Sul.

 

"É muito encorajadora a perspetiva otimista de recuperação do crescimento da África Subsaariana para 2019, pesem embora os constantes desafios que a região vem enfrentando. Um dos desafios mais importantes é o ritmo desigual a que crescem as economias dos diferentes países (africanos)", sublinhou

 

Segundo Archer Mangueira, um dos exemplos das dificuldades, no caso de Angola, pode ser tido em conta com a necessidade de o Governo ter revisto, em baixa, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, justificada pelo "choque do petróleo", bem como pela "provável propagação significativa dos efeitos negativos sobre os remanescentes setores da economia".

 

"Ainda assim, mesmo com a revisão em baixa do crescimento, não podemos ignorar que o país permanece exposto a riscos que poderão deteriorar a taxa de crescimento real da economia, face à persistência da contínua volatilidade do preço do petróleo e dos baixos níveis de produção petrolífera, da redução do espaço fiscal e da depreciação cambial acelerada", sustentou.

 

Para Archer Mangueira, exemplos de outros riscos passam pela ineficiente gestão da logística institucional face aos desembolsos externos e condições de liquidez mais apertadas no mercado interno.

 

O ministro angolano salientou, porém, que o Governo está "ciente da importância crucial da sustentabilidade das finanças públicas como condição obrigatória para alavancar a economia e promover o crescimento sustentável", razão pela qual aderiu em 2018 ao Programa de Financiamento Ampliado do FMI.

 

"Esta parceria com o FMI veio impulsionar a aplicação das medidas de consolidação das finanças públicas e das reformas do setor real da Economia, de modo a melhorar o ambiente de negócios e dinamizar o setor privado, através da mobilização de receitas não petrolíferas e de maior racionalização das despesas correntes", afirmou.

 

Archer Mangueira garantiu que, além de dar novo impulso ao investimento público, que deverá continuar a exercer um contributo importante na composição e expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, o Executivo continuará a adotar uma estratégia para aliviar as pressões de liquidez das empresas, através da continuação da regularização dos atrasados internos.

 

"Não obstante Angola estar a enfrentar um momento económico adverso, em resultado da contração da atividade económica que se verifica desde 2015, o Executivo acredita que o processo de integração do nosso continente deve ser impulsionado, principalmente na sua vertente comercial, independentemente das circunstâncias económicas vividas por cada um dos países membros", referiu.

 

"A participação de Angola neste processo acarretará custos que não devem ser ignorados, mas que não podem em momento algum impedir que o nosso país deixe de partilhar, em consonância com os seus parceiros africanos, a maior oportunidade de desenvolvimento que o continente africano pode oferecer", sublinhou, dando como exemplo as vantagens da criação da Zona de Livre Comércio em África.

 

Essa "zona", prosseguiu, irá ampliar o potencial de transformação económica na região, impulsionar o comércio intrarregional, atrair investimento direto estrangeiro e facilitar o desenvolvimento de cadeias de abastecimento regionais, "que têm assumido uma preponderância fundamental na transformação económica de outras regiões".