Luanda  - A administradora do município angolano de Ombadja, um dos afetados pela seca no sul de Angola, defendeu hoje a alocação de verbas "em função da realidade" de cada município, afirmando que a província do Cunene precisa de "salvar vidas".

Fonte: Lusa

"Sabemos que estamos numa fase economicamente crítica, mas o que temos de ver e o que nos alegrará é encontrarmos mecanismos, mais flexíveis, para a execução dos programas de combate à pobreza", disse hoje, em Luanda, Albertina Teresa José.

 

Segundo a administradora de Ombadja, que atravessa um prolongado período de seca desde finais de 2018, a "metodologia de alocar verbas a determinados projetos às vezes tem dificultado a execução dos mesmos".

 

"O país é único, mas a realidade de cada município é diferente, daí que a alocação deve ser de acordo com a realidade de cada município", explicou.

 

Falando aos jornalistas à margem de um encontro sobre a avaliação do nível de implementação do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP), Albertina Teresa José assumiu que a verba atribuída ao município "não satisfaz as reais necessidades" das populações.

 

"O programado e o disponibilizado tem uma diferença muito grande, mas temos fé que isso algum dia poderá vir e surtir efeitos positivos", apontou.

 

Numa nota da Casa Civil da Presidência angolana, divulgada segunda-feira, o chefe de Estado angolano, João Lourenço, que visitou recentemente as duas províncias mais afetadas, garantiu que vai enviar, nos próximos dias e semanas, um "visível reforço dos meios de socorro" para combater os efeitos da grave seca que está a assolar as províncias do Namibe e do Cunene e que afeta quase 300 mil famílias.

 

"Prevê-se que, nos próximos dias e semanas, aconteça um visível reforço dos meios de socorro em operação nos territórios atingidos, concretamente que se eleve ao número de dezenas as empresas dedicadas ao trabalho de captação de água a partir do solo, e desembarquem no território consideráveis quantidades de cereais como milho, massango, massambala, sal, soja, óleo alimentar, fuba de milho e sabão, entre outros bens", lê-se na nota.

 

João Lourenço, que visitou as duas províncias entre sexta-feira e sábado para se inteirar da falta de chuva e que se segue a um período de estiagem de quase quatro anos, defendeu a necessidade de transformar o Namibe e o Cunene "num vasto campo de atuação".

 

Para a administradora de Ombadja, município também visitado por João Lourenço, a localidade precisa de verbas para salvar vidas, colocando em segundo plano a construção de escolas e postos de saúde.

 

"Se falarmos de valores para construção de escolas e postos de saúde isso, para nós, neste momento, está em segundo lugar. O que queremos são verbas para salvar vidas, o abastecimento de água, a perfuração de furos para se encontrar água para as nossas comunidades", frisou.

 

"Precisamos de verbas para construção de canais para distribuir água à nossa província, isso para nós é fundamental e são questões colocadas ao Presidente da República para que o problema da seca e estiagem tenham soluções definitivas", concluiu.