Luanda - O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, considerou hoje o preço dos combustíveis como um "peso insustentável para a balança cambial do país", afirmando que os subsídios atingiram níveis insustentáveis.

Fonte: Lusa


"O subsídio atingiu nível que não nos permitem ter boa saúde, não nos permitem ter melhor educação, e vamos ter que entender que o reajustamento do preço dos combustíveis não nos permite pensar de outra forma", disse hoje José Severino, em Luanda.

Aludindo à escassez de combustível que se registou em Angola nas últimas semanas, e que deu origem à exoneração do conselho de administração da petrolífera Sonangol, referiu que tal situação "gerou quebras à economia angolana".

"Se nós continuarmos nesse ritmo de subsídios não vamos ter dinheiro para comprar combustíveis", referiu.

Em declarações aos jornalistas a margem do Fórum de Apoio à Reconversão da Economia Angola, organizado na capital angolana pela AIA, o responsável defendeu um "uso racional do combustível" ante ao possível ajuste dos preços.

"Agora, como é que o acerto do preço vai ser feito, uma questão é a medida de racionalidade, como é que se gasta o combustível. Temos de ser racionais no gasto dos combustíveis, temos que combater o contrabando que atinge cerca de 350 milhões de dólares/ano", apontou.

O novo presidente do conselho de administração da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, falou na última semana sobre a possibilidade do reajuste do preço dos combustíveis, referindo que os subsídios continuam a ser um "grande peso" nas contas da petrolífera estatal.

Para José Severino, a Agência Nacional de Petróleo e Gás deve licenciar todos os operadores do setor "para que depois haja retorno cambial e paguem impostos, portanto há quem faça fortuna".

Em relação à temática da reconversão da economia angolana, o também economista frisou que o país vive uma "economia de crise que se arrasta há alguns anos" e no seu entender todos devem participar ativamente no sentido de ajudarem o país a sair desta situação.

"Não é mais confortável ficar a dizer que há crise e não nos mexermos para sairmos dessa situação, o Governo com que temos feito concertação social pede-nos a máxima contribuição", afirmou.

"Porque realmente é possível [...] temos que olhar o tempo que o país cresceu a dois dígitos e temos que ver que naquele tempo não havia petróleo e nem havia as novas tecnologias", acrescentou.