Lisboa - A exposição "Restos, Retalhos, Atalhos Poéticos" da artista plástica angolana Isabel Ferreira, inserida nas comemorações do 25 de Maio, Dia de África, foi inaugurada hoje, sábado, em Lisboa.

Fonte: Angop

A amostra de poemas, pensamentos, adágios, jinongonongos e missosos emoldurados, em tecido africano, compõe vários autores africanos.

 

Em declarações à Angop à margem da inauguração da exposição, Isabel Ferreira afirmou que esta representa a consciência do ser africana.

 

Enquanto cidadã do mundo, Isabel Ferreira referiu que se apercebe das lacunas existentes numa sociedade europeia onde o produto africano artístico é consumido de modo quase leviano, na expressão “olhem não sou racista”.

 

“Decidi fazer esta espécie de exposição como activista cultural que pretende mostrar a beleza e a riqueza do pensamento do homem africano, que se instrui através de parábolas, imagens, adágios ou provérbios”, referiu.

 

Isabel Ferreira disse que há alguns anos tem preparado este trabalho com intuito de dar a conhecer a beleza da escrita dos pensadores africanos, independentemente das suas assumpções partidárias ou políticas.

 

“Havia em mim uma espécie de inquietação intelectual e foi essa inquietação que me obrigou a procurar, pesquisar, estudar ou seja fazer coisas diferentes do que é a norma, daquilo que parece estar instituído em nós mesmos ou por outrem”, salientou.

 

De acordo com a fonte, o público encontra uma exposição onde se procura reinventar África, levando a questionamentos, despertando nas pessoas a questão se serão os africanos restos retalhos ou traços poéticos que se vai colorindo as passerelles europeias.

 

Acrescentou existir um esforço tremendo do artista angolano que vive no exterior do país de mostrar o seu trabalho. “Não há incentivos nenhuns, muitos, senão mesmo a maioria, não conseguem viver do suor do seu trabalho, alguns são ostracizados, pela forma como usam da liberalidade artística”, referiu.

 

Por sua vez, o adido cultural da embaixada de Angola em Portugal, Luandino Carvalho, disse que a africanidade está fortemente espelhada na amostra.

 

Na exposição que estará patente até ao dia 03 de Junho, Isabel Ferreira reutiliza vários materiais tais como: a samacaca- tecido angolano, considerado, o pano da Cultura, serapilheira, papel cortiça.

 

Durante 15 dias, vários artistas africanos vão apresentar-se, com os seus produtos artísticos, e performances, entre os quais Braima Galissa, Bela Lemos, Chalo Correia, Dilia Fraguito, Filipa Campos, Erica Jamece, Dino George, Edy Shine, Kissamá, Paulo Pacas, Sónia Gomes, e outros.

 

Isabel Ferreira nasceu em Luanda , a 24 de Maio de 1958

 

No encontro estiveram presentes artistas plásticos, músicos, escritores jornalistas angolanos e portugueses e comunidade angolana residente em Portugal.